
Ele também vai trabalhar na
campanha do senador petista Lindbergh Farias ao governo do estado, caso ela se
confirme. A partir de 1º de março, Abreu o acompanhará nas visitas feitas aos
municípios na chamada "Caravana da Cidadania". O projeto é
inspirado
nas viagens de Lula pelo Brasil entre 1993 e
Em entrevista ao GLOBO, José
de Abreu revela que a ideia de ingressar no PT partiu do próprio Lindbergh.
Amigo de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil do governo Lula, critica o
julgamento do mensalão. No Congresso, o ator diz que vai lutar por bandeiras
polêmicas, como a legalização da maconha e do aborto, e a desigualdade social.
O
GLOBO: Você vai largar a
carreira de ator para ser candidato a deputado federal?
JOSÉ
DE ABREU: Não
há contradição entre as duas carreiras. Tenho uma reunião com a direção da TV
Globo no dia 18 (de fevereiro) para a gente ver o que pode fazer. Não é uma
questão de abandonar a carreira (de ator). Jamais vou abandonar. Meu contrato
vai até o fim de 2014.
O
GLOBO: Mas, para você ser
candidato, terá de se licenciar...
JOSÉ
DE ABREU: Seria uma suspensão
do contrato. Mas não é só isso. Minha família é contra.
O
GLOBO: Por que a sua
família é contra?
JOSÉ
DE ABREU: Eles
acham que eu vou me expor demais, que eu terei de mudar para Brasília ou ficar
pelo menos quatro dias por semana lá.
O
GLOBO: E por que a decisão
de ser candidato?
JOSÉ
DE ABREU: Não
foi uma decisão minha. Foi um pedido do partido (PT). O primeiro contato foi do
Lindbergh. Eu disse: "Deixa eu falar com o (ex-presidente) Lula". Fui
para São Paulo e falei com o Lula.
O
GLOBO: Qual será o seu
papel na campanha do Lindbergh?
JOSÉ
DE ABREU: Vou
ser o puxador de votos (do PT para deputado federal). Vou acompanhá-lo nas
caravanas, independentemente se eu for ou não candidato.
O
GLOBO: Qual será a sua bandeira
no Congresso?
JOSÉ
DE ABREU: Basicamente,
a mesma do Lula. Acabar com a miséria, a desigualdade social. Ainda existe,
infelizmente, muita miséria no Estado do Rio. Na Baixada Fluminense, ainda
existe muita desigualdade social. Muita coisa tem que ser feita. Houve um
investimento enorme no Rio, mas o interior não foi privilegiado. Terei também
bandeiras mais específicas. A liberação da maconha. Tantos presos lotando os
presídios só porque fumou ou vendeu um baseado. Casamento com pessoas do mesmo
sexo: sou totalmente a favor. Tem também a liberação do aborto. Vou lutar para
que a Lei Maria da Penha seja cada vez mais aplicada. Tem a questão da
pedofilia. Essas coisas que nos agride diariamente quando a gente lê jornal.
O
GLOBO: O que você achou da
postura do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão?
JOSÉ
DE ABREU: Há
muita coisa para se discutir. O mensalão tucano (processo ocorrido em 1998, na campanha à
reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas, que envolve
personagens e características semelhantes ao caso julgado no STF com réus
petistas) é muito anterior e não foi julgado.
Por que o José Dirceu é julgado em última instância sem ter uma instância
intermediária? Ele não tem foro especial.
O
GLOBO: Mas você acredita que
houve o mensalão?
JOSÉ
DE ABREU: Mensalão é uma
palavra idiota. Mensalão é o quê? Sabatina mensal? Mensalão significa que (os
deputados) ganhavam dinheiro para votar (a favor de projetos do ex-presidente
Lula no Congresso)? Quais foram essas leis votadas? Quantas vezes por mês foram
dado dinheiro aos deputados? Qual é a relação do dinheiro teoricamente dado e a
lei e votada a favor do PT? Nenhuma. E se tivesse teria de anular a lei. Se
você ouvir a ministra Carmem Lúcia: "não tenho provas contra José Dirceu,
mas a literatura jurídica me permite condená-lo". O que é isso? Num juízo
penal? É um absurdo! Na entrevista para o jornal "Folha de S. Paulo",
o procurador procurador-geral (da República) Roberto Gurgel assumiu que não
havia provas.
Fonte: O Globo