O Estado,
segundo o padre Márcio dos Reis, deverá levar a terceira maior delegação do
País
À
frente da Pastoral da Juventude, da Arquidiocese de Campo Grande, há quatro
anos, o padre Márcio dos Reis, 37, comanda os preparativos para a participação
dos jovens de MS na Jornada Mundial da Juventude, que se realizará no Rio de
Janeiro, de 23 a
28 de julho, provavelmente com a presença do novo papa. O Estado, segundo
Márcio, deverá levar a terceira maior delegação do País à Jornada.
CORREIO PERGUNTA Correio do Estado: Padre Márcio, qual o significado para a igreja católica no Brasil, o país sediar a 29° Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro?
PADRE MÁRCIO DOS REIS: Muito bonito e muito importante para a igreja e para o Brasil todo, trazer essa edição da jornada da juventude. Nós passamos assim por situações muito difíceis, a violência com a nossa juventude e as dificuldades que o jovem sofre a cada dia, seus anseios e os seus projetos de vida. A jornada mundial da juventude quer traduzir no coração dos jovens a importância que eles têm para a igreja. O jovem está em
evidência, o jovem está
percebendo que ele está sendo amado e que ele é querido pela igreja, e que seu
espaço não é negado mas é favorecido, e que ele pode encontrar o seu sonho, os
seus ideais, realizar-se como pessoa, a partir de uma proposta que a igreja tem
para ele. Então, para a igreja no Brasil, é uma riqueza muito grande o que a
jornada mundial da juventude traz, proporcionar ao coração do jovem, algo novo,
e não só para ele, mas também para a igreja, que é chamada para renovar. E a
igreja busca, a partir desse acontecimento, se questionar. Está na hora de nós
abrirmos mais espaço, favorecer mais os jovens na igreja. ...CORREIO PERGUNTA Correio do Estado: Padre Márcio, qual o significado para a igreja católica no Brasil, o país sediar a 29° Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro?
PADRE MÁRCIO DOS REIS: Muito bonito e muito importante para a igreja e para o Brasil todo, trazer essa edição da jornada da juventude. Nós passamos assim por situações muito difíceis, a violência com a nossa juventude e as dificuldades que o jovem sofre a cada dia, seus anseios e os seus projetos de vida. A jornada mundial da juventude quer traduzir no coração dos jovens a importância que eles têm para a igreja. O jovem está em
Qual seria o espaço reservado para o jovem na igreja?
Em primeiro lugar, deixar claro que nós não podemos fazer as coisas para ele, mas com ele; que o jovem fale e manifeste o seu desejo: o que eu gostaria que a igreja me favorecesse como espaço para que eu possa realizar os meus sonhos, meus projetos, e me encontrar com Deus, fazer uma experiência com Jesus Cristo?
Nós sabemos que o espaço que o jovem pode ocupar aqui, e que eles já ocupam no mundo, são nos meios de comunicação, que são a internet, o facebook, o twiter. Toda essa área de navegação da internet é dominada pela juventude, então, são espaços que a igreja poderia confiar aos jovens. A gente percebe que muitas igrejas têm dificuldades, uma precariedade quanto à comunicação, quanto à realidade de lidar mesmo com os meios de comunicação. É uma situação que os jovens se dão muito bem, se identificam, e que a igreja poderia confiar. Então, as igrejas particulares das comunidades, das paróquias, são chamadas também a dar esse espaço para esses jovens. E que aquilo que o jovem assumir, ele deve assumir para valer.
A igreja, a partir de agora, vai usar as novas tecnologias de informação e comunicação, ou seja as novas mídias?
Exatamente, as igrejas já estão nesse projeto, usando no Brasil jovens conectados. Nós temos na CNBB um grupo de jovens que se utiliza dessa cultura midiática, e procura evangelizar outros jovens, atrair outros jovens para esse mecanismo de comunicação.
Padre, além da Jornada Mundial da Juventude, o tema da Campanha da Fraternidade esse ano é “Fraternidade e Juventude”. A que se deve essa preocupação especial da Igreja com os jovens ?
A igreja, sempre num período com antecedência, se preocupa com a temática da campanha da fraternidade. Nesse momento em que a igreja fala em fraternidade e juventude, que não é a primeira vez, já é a segunda vez que acontece (a primeira foi em 1992), a igreja novamente chama a atenção para essa grande realidade, que não é de hoje. Nós temos acompanhado essa situação dos jovens envolvidos com as drogas, violência, com prostituição, com os acidentes. Então, é preciso olhar de uma forma muito cautelosa e prudente e também carinhosa para esses jovens que estão caminhando e precisando da igreja, e a igreja quer ajudar os seus fiéis a refletir sobre a vida dos jovens dentro dela, mas também levar a sociedade a ter postura e mecanismos para o jovem acontecer quanto aos seus ideais, seus sonhos, seus projetos. Temos de garantir lugares para esses jovens.
Que proposta a jornada irá oferecer aos jovens, na busca de soluções para esses problemas, como a violência, que o senhor destacou?
Nós já temos vários projetos, como as fazendas da esperança, que são lugares de recuperação para os dependentes químicos. Então, vamos acentuar um pouco mais essa realidade, e ajudar que outras arquidioceses venham a instalar fazendas da esperança em outros lugares, que favoreçam o tratamento para esses jovens que estão aí no mundo das drogas e violência, sempre com esse critério e com essa dinâmica de apresentar Jesus Cristo, que é o senhor, que vai dar luz, vai dar a vida e vai ajudar esses jovens a saírem do caminho do mal e encontrar-se com Deus, e encontrar-se consigo mesmo.
Em linhas gerais, como será essa jornada?
A jornada da juventude propriamente dita, já vem acontecendo desde o Bote-fé, que acorreu no ano passado aqui.Agora nós vamos ter em julho (de16 a 21), a semana missionária. Ela será um espaço onde o jovem é chamado a ser missionário, conforme mandou Nosso Senhor Jesus Cristo: “ide por todos os lugares, todos os cantos da face da Terra, evangelizando”. Então, essa semana missionária, quer fomentar no coração dos jovens, que esse é o momento dele, que a igreja está preocupada com essa juventude. Lá no Rio de Janeiro, nós teremos então esse grande momento da juventude com o papa, claro que não mais com Papa Bento XVI, mas com o sucessor dele. Teremos a semana da catequese, os encontros com o papa, fórum e exposições. Será uma semana de muitas coisas boas que vão acontecer no Rio de Janeiro.
O senhor falou com grande certeza que o novo papa, a ser escolhido no conclave em março, participará da jornada, é isso mesmo?
Com certeza, nada vai mudar por causa da renúncia de Bento XVI. Assim como João Paulo II preparou a jornada mundial da juventude, se eu não me engano, em Sidney, agora vai acontecer com o papa que vai suceder Bento XVI. Ele tem que assumir o compromisso que o outro até então já tinha assumido, então a agenda vai se manter.
Como estão os preparativos aqui em Mato Grosso do Sul, para a jornada?
Nós temos nos organizado bastante, junto com as paróquias, animando os nossos grupos de jovens para que participem da jornada no Rio.
Quantos jovens daqui deverão se dirigir para o Rio de Janeiro?
Ficamos sabendo esses dias que MS já é a terceira maior delegação do Brasil para a Jornada Mundial da Juventude. Mais de mil jovens sul-mato-grossenses deverão estar na jornada. Isso é muito legal e importante, porque depois desse encontro com o papa no Rio de Janeiro, esses jovens voltarão com desejo muito grande de transformação para suas vidas e para o seio da igreja; que eles querem fazer parte da igreja. É um momento oportuno de nós termos eles conosco e de não deixarmos que se afastem e procurem caminhos errados.
Mato Gosso do Sul vai levar alguma proposta específica para a jornada?
Nossa proposta é a intensificação do trabalho com o nosso grupo de jovens. Hoje, os jovens precisam de uma animação maior para que os grupos de jovens possam acontecer. Nós queremos intensificar, daqui até a jornada, a criação de vários grupos de jovens em Campo Grande e no Estado. Nós vamos ter agora, entre março e abril, uma vigília em prol da jornada, na Praça do Rádio, chamando toda a juventude e a sociedade para que olhem para os jovens, debatendo temas como aborto, a violência, as drogas.
O senhor é um religioso jovem. Que perfil o senhor traçaria ou imagina do novo papa a ser escolhido? Terá que ser um papa mais jovem, mais conectado com a comunicação virtual?
Nós acreditamos que o novo papa será da era digital e da era da comunicação, alguém que olhe para essa realidade com mais carinho. Nós achamos que esse novo papa será quem vai consegui dar uma grande guinada nessa realidade da comunicação, que é uma realidade que pega todos nós dentro da igreja.
Padre, ao se preocupar com a juventude, a igreja está preocupada com o afastamento desses jovens da religião?
Com certeza, a igreja se preocupa com o porquê desses jovens estarem se afastado da igreja, por que eles faltam e por que não estão aqui no seio da igreja. E a igreja também está preocupada com os jovens que vivem dentro dela, não só no sentido da igreja cledencial para o mundo onde ele vive. Esses jovens têm de responder, nos seus estudos, na relação com a família, com seus amigos, na relação com o próprio compromisso político e social. Esses jovens são chamados a transformar o mundo em que vivemos, em um mundo mais justo, mais fraterno, mais igual, sonhado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Os jovens são chamados assim, a ser discípulos no mundo.
Por
Walter Gonçaves
Fonte:
Correio do Estado - 18/02/2013