Eduardo Campos
tem se comportado como aspirante ao Planalto. Criou até um núcleo para costurar
os palanques regionais. Ao mesmo tempo, não confirma a candidatura
Nas últimas semanas ganharam substância as conversações sobre a inevitável
candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência. Os
clamores pelo nome do socialista têm origem dentro do próprio PSB, de grande
parte do empresariado e até de alguns setores do PT, incomodados com o tamanho
do espaço ocupado pelo PMDB no Legislativo e Executivo. Ciente do papel que é
chamado a desempenhar no novo cenário político do País, Campos pela primeira
vez quebra o silêncio sobre suas verdadeiras ambições. À ISTOÉ, ele disse que
seu prazo para decidir sobre concorrer ou não à sucessão da presidenta Dilma
Rousseff é janeiro de ![]() |
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Obedecendo
a essa lógica, todos os passos de Campos pelos próximos dez meses estão sendo
pensados e repensados, milimetricamente. Em encontros com aliados e
empresários, ele age como se fosse candidato, mas jamais se anuncia como tal. Foi
o que ocorreu em reunião em dezembro do ano passado, em Brasília, na sede do
PSB. “Entendemos que ele é candidato”, disse um dos participantes do encontro.
Para cuidar da montagem de palanques regionais até uma espécie de estado-maior
da candidatura foi criado dentro da sigla. Integram esse núcleo o senador
Rodrigo Rollemberg, o vice-presidente do partido, o ex-ministro Roberto Amaral,
assim como os deputados Márcio França (SP), Beto Albuquerque (RS), o governador
do Espírito Santo, Renato Casagrande, e o chefe de gabinete de Pernambuco,
Renato Thièbaut. Foi Beto, aliás, quem aqueceu o debate sobre a candidatura de
Campos. Na visão dele e de outros socialistas, a disputa de 2014 depende apenas
da conjunção de três fatores. “Se a economia ficar estagnada, o PSDB não se
firmar e a Marina Silva lançar candidatura, abre-se uma avenida enorme para o
Eduardo”, diz um cacique socialista. Empresas de comunicação também foram
contratadas para projetar nacionalmente a imagem do político pernambucano. Nos
próximos dias, serão realizadas as primeiras sondagens de popularidade fora do
Nordeste. Nos bastidores, o partido vem desenhando uma agenda nacional com
participação de Eduardo Campos em fóruns e eventos para discutir os rumos da
economia. Em suma, se o governador pernambucano ainda não é candidato, ele está
candidato.
Mantendo a linha do jogo duplo, Campos diz que é preciso atender as bases, mas não pode deixar que “a torcida comande o time”. “A comissão técnica tem que saber fazer a mediação e colocar cada coisa em seu devido lugar.” No capítulo “colocando fim aos boatos”, Campos garante que não marcou nenhuma conversa com o ex-presidente Lula para tratar de eleições. Eles se falaram pela última vez por telefone no Natal. Emissários do ex-presidente comentaram com ele sobre a intenção de Lula marcar um encontro, nada além disso. O governador de Pernambuco tampouco conversou com Dilma sobre candidatura. “Ela foi muito elegante. Falou da necessidade de cuidarmos da relação do PSB com o governo e o PT. Disse que encara a política com muita naturalidade e não deixará nada arranhar nossa amizade”, afirma. “Precisamos ganhar 2013 e ver o que acontece depois.” Questionado sobre algum atrito que possa ter tido com Dilma, Campos silencia. Mas é fato que, após a eleição de 2012, uma ala do PT liderada por Zé Dirceu tentou convencer a presidenta a buscar um diálogo alternativo com o PSB. Ou seja, que excluísse o presidente da sigla. Obviamente, não deu certo.
Mantendo a linha do jogo duplo, Campos diz que é preciso atender as bases, mas não pode deixar que “a torcida comande o time”. “A comissão técnica tem que saber fazer a mediação e colocar cada coisa em seu devido lugar.” No capítulo “colocando fim aos boatos”, Campos garante que não marcou nenhuma conversa com o ex-presidente Lula para tratar de eleições. Eles se falaram pela última vez por telefone no Natal. Emissários do ex-presidente comentaram com ele sobre a intenção de Lula marcar um encontro, nada além disso. O governador de Pernambuco tampouco conversou com Dilma sobre candidatura. “Ela foi muito elegante. Falou da necessidade de cuidarmos da relação do PSB com o governo e o PT. Disse que encara a política com muita naturalidade e não deixará nada arranhar nossa amizade”, afirma. “Precisamos ganhar 2013 e ver o que acontece depois.” Questionado sobre algum atrito que possa ter tido com Dilma, Campos silencia. Mas é fato que, após a eleição de 2012, uma ala do PT liderada por Zé Dirceu tentou convencer a presidenta a buscar um diálogo alternativo com o PSB. Ou seja, que excluísse o presidente da sigla. Obviamente, não deu certo.
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O que assusta alguns petistas é a capacidade de articulação de Eduardo Campos, que dialoga com toda a base aliada do governo, mas também com a oposição. Recentemente, foi recebido pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, de quem é amigo. Conversa frequentemente com Sérgio Guerra, presidente do PSDB, que lhe passa as impressões sobre os rumos da oposição. Da mesma maneira tem a simpatia do DEM de Agripino Maia e do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab. Ao mesmo tempo, atrai para si o PDT de Carlos Lupi e está de olho no PR e no PTB. Essa habilidade, associada aos bons resultados de sua gestão na economia de Pernambuco, atrai a curiosidade de empresários. Campos tem recebido visitas frequentes de empreiteiros e banqueiros, inclusive “amigos de Lula e do PT”. Todos o questionam sobre suas pretensões políticas e alguns, mais animados, pedem que ele se lance candidato. Estrategicamente, o governador desconversa.
Por
Claudio Dantas Sequeira
Fonte:
Revista ISTOÉ - N° Edição: 2257 - 17/02/2013