Passada a tormenta na
escolha dos presidentes do Senado e da Câmara Federal, o senador Gim Argello
(PTB) agora canaliza suas energias para construir a sua reeleição ao Senado.
Ele sabe que a tarefa não será fácil e, para isso, busca entendimento dentro da
base do governador Agnelo Queiroz (PT). Aliados é o que não faltam no governo
federal para torcer e ajudar o sorridente senador a permanecer mais oitos anos
na casa. Articulado e habilidoso, Gim tenta arrebanhar ao máximo aliados da
base de Agnelo para o seu projeto. Ele sabe que o PT já bateu o martelo sobre a
reeleição no Distrito Federal. O primeiro nome
é o de Agnelo e só um terremoto
poderá tirá-lo deste projeto. Mesmo que isso aconteça, o PT já fechou questão
que a cabeça de chapa será petista. Diante deste quadro, Gim trabalha para ser
o candidato único ao Senado na base do governador. ...Enquadrado o “rebelde de pequenas causas”, deputado distrital Cristiano Araújo, o PTB é só alegria com as benesses do poder local, portanto sem do que reclamar. Gim não só enquadrou Cristiano, mas também botou ordem na casa evitando atritos desnecessários e pouco producentes. “Vamos somar forças e trabalhar em prol da unidade da base”, tem dito a seus aliados. Paralelamente, ele elabora uma agenda de reuniões e consultas aos seus apoiadores em diversas regiões administrativas: “Ouvindo os amigos que sempre acreditaram em meu trabalho”, esclarece. Gim não revela, mas seu objetivo é mostrar ao PT e aliados que se não houver consenso, pode acontecer uma debandada e ai, reeleger Agnelo fica complicado.
O Jornal Opção conversou com uma fonte que conhece os passos do senador e obteve a seguinte análise: “Se o PT que já tem a vaga de governador insistir em lançar um senador, aí a oposição tem chances de sair vitoriosa e todos perdem. O deputado federal Geraldo Magela insinua que é candidato ao Senado, se realmente ocorrer — projeto que duvido muito que aconteça -, pois isso atrapalha os planos do PMDB em eleger pelo menos dois deputados federais. Magela puxaria votos para o PT e novamente o PMDB correria risco em só eleger um deputado. O mapa da cisão estaria desenhado, pois ninguém vai querer ficar sob o tapete do PT com a escrita ‘Seja bem-vindo’. Todos os agentes políticos sabem que o PMDB tem um projeto ambicioso para 2018 que passa pelo fortalecimento de 2014. Só no caso do DF que o partido — se for mantida a atual coligação — não lançará candidato a governador”, conclui a fonte. Gim Argello está no meio desse jogo. Tanto Agnelo, Filippelli e integrantes de outros partidos da base sabem que não basta ser governo para ter credenciais a uma vitória, também é preciso ter aliados. E “Gim é um bom e leal aliado”, lembra a fonte.
O senador conhece como ninguém os labirintos político do Congresso, e anda com desenvoltura nesse emaranhado de interesses. Ele percebeu que a força do PMDB comandando o Congresso e, de quebra, tendo o vice-presidente da República, vai querer muito mais do que o mero papel de figurante do PT. Isso não existe em política. O PMDB precisa chegar em 2014 com uma bancada maior do que tem hoje, senão o sonho de poder novamente ficar na vice-Presidência da República em 2018 vira nuvens. Agora adivinhe quem é o mais confiável aliado do PMDB no Senado? Ele mesmo.
Gim Argello. Imagine, só por um momento, o vice-governador Tadeu Filippelli sendo candidato ao governo tendo a vaga do Senado com Gim e a de vice para um partido da base de Agnelo? Impossível? Não existe impossível em política.
Portanto é bom prestar atenção nas declarações do escudeiro-mor do governador, Roberto Wagner, quando admite que “em reunião do conselho político do governo, [Roberto] Policarpo já concordou em que o candidato ao Senado virá de outro partido da base”. Por essas e outras articulações que Gim continua sorrindo. Preocupação mesmo para Agnelo e o PT é se ele começar a fazer careta.
Por
Wilson Silvestre
Fonte:
Jornal Opção - 17/02/2013