Levantamento do próprio Supremo em 14
tribunais foi atualizado em janeiro. Na próxima quarta (20), STF analisa 2
processos com 'repercussão geral'.
Levantamento realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) mostra que mais de 425 mil
processos judiciais estão parados em 14 tribunais do país à espera de
decisões
da Suprema Corte. Os dados foram atualizados em janeiro deste ano e fazem parte
das estatísticas sobre ações que tiveram repercussão geral reconhecida.
AÇÕES
PARALISADAS À ESPERA DO STF
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Tribunal
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Processos
parados
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Tribunal Regional Federal da
1ª Região
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8.657
|
Tribunal Regional Federal da
2ª Região (considerando somente Juizado Especial Federal)
|
8.683
|
Tribunal Regional Federal da
3ª Região (considerando somente Juizado Especial Federal)
|
33.325
|
Tribunal Regional Federal da
4ª Região (considerando os dados do Juizado Especial Federal)
|
63.929
|
Tribunal Regional Federal da
5ª Região (considerando somente Juizado Especial Federal)
|
15.775
|
Superior Tribunal de Justiça
|
2.016
|
Tribunal Superior do Trabalho
|
26.054
|
Tribunal de Justiça de Minas
Gerais
|
16.015
|
Tribunal de Justiça de
Pernambuco
|
1.104
|
Tribunal de Justiça de Santa
Catarina
|
2.858
|
Tribunal de Justiça de São
Paulo
|
192.310
|
Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro
|
6.554
|
Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Norte
|
834
|
Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul
|
47.085
|
Fonte:
STF
|
Quando um
tema alvo de muitos questionamentos judiciais chega ao Supremo, a Corte pode
definir que há repercussão geral, ou seja, que a decisão tomada pelo plenário
deve ser seguida nas instâncias inferiores. Com isso, os processos sobre o
assunto ficam sobrestados (paralisados) até que o STF decida.
Na próxima
quarta-feira (20), o Supremo volta a analisar processos com repercussão geral e
que influenciam a vida de milhares de brasileiros. Durante todo o segundo
semestre de 2012, o tribunal esteve dedicado ao processo do mensalão, que terminou
com 25 condenados.
Estão na
pauta da próxima quarta processo que pede a validade da revisão da
aposentadoria e outro que definirá de quem é a competência para julgar
processos sobre previdência privada.
Segundo o
ministro Marco Aurélio Mello, a definição de processos desse tipo é uma
preocupação para o tribunal.
"Nos
preocupamos muito com isso porque processos versando sobre a mesma matéria nos
tribunais do país estão sobrestados, e as partes aguardando decisão do
Supremo", destacou Marco Aurélio.
Dos 425.199
processos parados nos 14 tribunais conforme a última atualização do Supremo,
cerca de 500 se referem à revisão de aposentadoria.
Em um recurso
que será julgado, uma mulher pediu o direito de mudar a data de início do
benefício, uma vez que isso aumentaria o valor de seu vencimento. Ela esperou
para se aposentar com mais idade, em 1980, e percebeu que a aposentadoria foi
menor do que se tivesse pedido antes, em 1979, quando já havia atingido os
requisitos mínimos para pleitear o benefício. Ela pede ainda o direito a receber
a diferença nos mais de 30 anos que se passaram.
Ao analisar o
caso, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) afirmou que não há
previsão legal para revisar a aposentadoria sem que haja irregularidade na
concessão. A aposentada disse que a decisão fere o artigo 5º da Constituição,
que estabelece que "a lei não prejudicará o direito adquirido".
O processo
foi discutido pelo plenário do Supremo em fevereiro do ano passado, mas a
decisão acabou sendo adiada por um pedido de vista (mais tempo para analisar o
processo) do ministro Dias Toffoli.
O Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) argumentou que, caso o Supremo conceda o
pedido, isso poderá aumentar ainda mais o déficit nas contas da Previdência
Social.
Na ocasião, a
ministra relatora do processo, Ellen Gracie, chegou a conceder o direito da
revisão, mas negou o pagamento retroativo. Como Ellen Gracie já votou, a
ministra Rosa Weber, que entrou no lugar dela, não votará sobre o tema, segundo
a assessoria do Supremo.
Outras 9,7
mil ações paralisadas nos tribunais abordam a competência de tribunais sobre a
previdência privada. Nesta semana, o Supremo pode julgar um recurso da Fundação
Petrobras de Seguridade Social (Petros) que questiona a competência do Tribunal
Superior do Trabalho (TST) para decidir sobre a previdência privada decorrente
de contratos de trabalho. Para a Petros, a Constituição atribui à Justiça comum
esse papel.
O pedido da
Petros está na pauta da corte e caberá ao presidente do Supremo, Joaquim
Barbosa, decidir se levará o processo a discussão.
Planos econômicos
O maior número de processos paralisados nos 14 tribunais sobre os quais o Supremo tem informações se refere ao julgamento de ações que contestam os índices de correção monetária decorrentes dos planos econômicos Bresser, Verão, Collor I e II.
O maior número de processos paralisados nos 14 tribunais sobre os quais o Supremo tem informações se refere ao julgamento de ações que contestam os índices de correção monetária decorrentes dos planos econômicos Bresser, Verão, Collor I e II.
Dos 425 mil
processos parados, 226.137 mil são referentes aos planos econômicos. Não há
previsão para que as ações referentes ao tema sejam incluídas na pauta do
plenário, mas a expectativa é de que isso ocorra ainda neste ano.
Fonte: G1