domingo, 17 de fevereiro de 2013

Apagão causa medo e prejuízo


Rompimento de cabo deixou moradores do Lago Norte às escuras por quase quatro horas na sexta-feira. Diante da situação, muitos comerciantes fecharam as portas e os motoristas passaram sufoco em meio ao breu nas ruas do bairro nobre da capital

"A sorte é que tinha alguns vendedores homens aqui, porque a área ficou perigosa. A padaria, o pet shop, tudo aqui na quadra fechou. Ficamos funcionando sozinhos até encerrar o expediente" Flávia Sabino, 20 anos, subgerente de uma farmácia localizada na QI 9

Após quase quatro horas sem energia na noite de sexta-feira, moradores e comerciantes do Lago Norte contabilizaram ontem os prejuízos com o apagão. A área ficou às escuras às 19h49 e só teve o serviço restabelecido às 23h42. De acordo com a Companhia Energética de Brasília (CEB), o desabastecimento foi provocado pelo rompimento do cabo subterrâneo que transmite eletricidade para toda a região. Cerca de 10,8 mil consumidores ficaram sem luz.

O Lago Norte é abastecido pela Estação Brasília Norte da CEB, instalada no Setor de Oficinas Norte (SOF Norte). A transmissão é feita por meio de cabos aéreos até a Ponte do
Braguetto, onde começa o sistema subterrâneo. Essas estruturas vão até uma estação de redistribuição, que leva a eletricidade para todas as residências e comércios da região. ...

Apesar de ter gerador, uma drogaria localizada na QI 09 acumulou perdas. Sem luz nas pistas que cortam a cidade, os clientes não apareceram. “Normalmente, a gente recebe mais de 200 clientes no período noturno. O movimento é mais forte por volta das 20h, exatamente quando começou a faltar energia. Ontem (sexta), essa quantidade caiu para menos da metade”, comenta a subgerente, Flávia Sabino, 20 anos, que fechou a loja por volta das 23h, quando a região ainda estava às escuras. “A sorte é que tinha alguns vendedores homens aqui, porque a área ficou perigosa. A padaria, o pet shop, tudo aqui na quadra fechou. Ficamos funcionando sozinhos até encerrar o expediente”, completa.

Além de não poder vender nada, o frentista de um posto do Lago Norte Evandeilson Rodrigues, 28 anos, temia que criminosos aproveitassem a escuridão para agir. “Sem eletricidade, nada funciona, nem as câmeras de segurança. Se algum assaltante chegasse aqui, não iríamos ver ele se aproximando e nada ficaria registrado”, disse. Colega de trabalho de Evandeilson, Dyhoney Márcio Costa, 31, tentou calcular o prejuízo. “Geralmente, vendemos cerca de 3 mil litros de gasolina. Estamos parados há mais de três horas. É muito dinheiro que deixa de entrar no caixa”, ressaltou, em meio à escuridão de sexta.

Pedido de ajuda
Sem gasolina no carro, a vendedora Aline Soares, 23 anos, teve que pedir ajuda à família para conseguir chegar em casa. “Deixei para abastecer quando saísse do trabalho. Não imaginava que a energia iria acabar e o tanque está vazio. Não dá para ir a lugar algum”, relatou, também na noite de sexta-feira. Aline pediu socorro para o pai que, de moto, foi a um posto no Paranoá e levou gasolina para a filha. “Não espero passar por outro sufoco assim tão cedo. Fiquei sozinha no carro com tudo escuro em volta”, contou.

A queda de energia causou transtornos para o médico Wanderley Ricardo de Paula, 45 anos. Morador do Lago, ele não pôde dormir enquanto o apagão atingia a área, já que precisa do auxílio de um aparelho elétrico durante o sono. “Eu sofro de apneia. Não posso dormir sem um equipamento que me mantém respirando. Então, tive que esperar até meia-noite para me deitar”, reclama. “Isso sem falar no calor, no desconforto. E nem adianta ligar para a CEB, porque eles só dizem que estão cientes do problema e não resolvem a questão”, completa.

Colaborou Kelly Almeida


Memória

4 de outubro de 2012
Um incêndio no cerrado provocou o aquecimento de cabos de transmissão de energia e 70% do Distrito Federal ficaram sem energia por seis horas. De acordo com a Companhia Energética de Brasília (CEB), foi constatada a interrupção das linhas de transmissão entre as subestações de Samambaia e de Brasília Sul, que também fica em Samambaia. A partir daí, começou o desligamento automático de três das quatro subestações do corredor de alta-tensão que abastecem o DF. Assim, sucessivamente, 616 mil do total de 880 mil estabelecimentos atendidos pela CEB ficaram sem energia.

19 de outubro de 2012
Cerca de 400 mil pessoas ficaram sem energia. As regiões atingidas inicialmente foram Águas Claras, Riacho Fundo 2, Santa Maria e Recanto das Emas. Asa Norte, lagos Sul e Norte, Sobradinho e Planaltina também enfrentaram o problema. O apagão atingiu as linhas do metrô, que foi fechado das 14h30 às 15h, e das 15h45 às 16h45. Passageiros foram obrigados a descer e a percorrer os trilhos a pé até a estação mais próxima.

Por Gabriella Furquim, Bárbara Vasconcelos
Fonte: Correio Braziliense - 17/02/2013