Ex-diretor de Infraestrutura de Transportes do Dnit tentou se
transmutar de vítima, mas a mentira não foi longe: na gestão dele a Delta
multiplicou seus negócios
Em julho do ano passado,
uma reportagem de VEJA revelou que no Ministério dos Transportes funcionava uma
organizada estrutura de corrupção. Em troca de contratos e liberação de
faturas, empreiteiras eram instadas a recolher propina ao caixa do Partido da República,
o PR, que comanda a pasta. Dias depois da revelação, a presidente Dilma
Rousseff demitiu toda a cúpula do ministério, incluindo Luiz Antonio Pagot, o
então diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),
o órgão responsável pela construção e manutenção das estradas federais. Pois
esse mesmo Pagot, recentemente, tentou se transmutar em vítima, atribuindo sua
demissão a um complô tramado pelo grupo de Carlos Cachoeira. Em sua versão, o
defenestrado perdeu o cargo não por seus defeitos, mas por suas qualidades. Ele
teria contrariado interesses da construtora Delta, empreiteira que, se sabe
agora, tinha Cachoeira como lobista. Pagot chegou a insinuar que a reportagem
teve origem em informações da quadrilha de Cachoeira. ...
O contorcionismo retórico de Pagot, como a mentira, tinha perna curta. Não foi longe. Já se sabia que na gestão dele a Delta multiplicou seus negócios, transformando-se na maior prestadora de serviços do governo, com faturamento superior a 3 bilhões de reais em contratos de rodovias, muitos deles eivados de irregularidades. Pagot foi um Papai Noel para a empreiteira. Na semana passada, foram reveladas novas gravações telefônicas captadas pela Polícia Federal que desmontam a tese do ex-diretor do Dnit. Os diálogos mostram que a quadrilha de Cachoeira estava muito preocupada com a demissão de Pagot, que após a divulgação das irregularidades foi convocado para depor perante uma comissão do Senado e ameaçava fazer revelações sobre o esquema de propina no ministério. Em um dos diálogos, Cachoeira fala com o representante da construtora no Centro-Oeste que, se Pagot dissesse qualquer coisa sobre o esquema, estaria dando "um tiro no próprio pé". Ele, de fato, se calou diante da comissão do Senado. O ex-diretor do Dnit, segundo a Polícia Federal, participou de um jantar com o senador Demóstenes, Cachoeira e o dono da Delta, Fernando Cavendish, para tratar dos negócios da empreiteira. Essa relação explicaria em parte o sucesso da Delta, que tinha em seu rol de "consultores" o ex-ministro José Dirceu, apontado pelo Ministério Público como o "chefe da quadrilha do mensalão". A oposição quer convocar Pagot para depor. Boa chance para ele, desta vez, contar tudo o que sabe.
O contorcionismo retórico de Pagot, como a mentira, tinha perna curta. Não foi longe. Já se sabia que na gestão dele a Delta multiplicou seus negócios, transformando-se na maior prestadora de serviços do governo, com faturamento superior a 3 bilhões de reais em contratos de rodovias, muitos deles eivados de irregularidades. Pagot foi um Papai Noel para a empreiteira. Na semana passada, foram reveladas novas gravações telefônicas captadas pela Polícia Federal que desmontam a tese do ex-diretor do Dnit. Os diálogos mostram que a quadrilha de Cachoeira estava muito preocupada com a demissão de Pagot, que após a divulgação das irregularidades foi convocado para depor perante uma comissão do Senado e ameaçava fazer revelações sobre o esquema de propina no ministério. Em um dos diálogos, Cachoeira fala com o representante da construtora no Centro-Oeste que, se Pagot dissesse qualquer coisa sobre o esquema, estaria dando "um tiro no próprio pé". Ele, de fato, se calou diante da comissão do Senado. O ex-diretor do Dnit, segundo a Polícia Federal, participou de um jantar com o senador Demóstenes, Cachoeira e o dono da Delta, Fernando Cavendish, para tratar dos negócios da empreiteira. Essa relação explicaria em parte o sucesso da Delta, que tinha em seu rol de "consultores" o ex-ministro José Dirceu, apontado pelo Ministério Público como o "chefe da quadrilha do mensalão". A oposição quer convocar Pagot para depor. Boa chance para ele, desta vez, contar tudo o que sabe.
Por Daniel Pereira, Otávio Cabral e Rodrigo Rangel
Fonte:
Veja.com - 07/05/2012