segunda-feira, 21 de maio de 2012

Agnelo manda suspender aditivo que ampliaria serviços da Delta ao GDF


O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, afirmou nesta quinta-feira (17) que mandou suspender o termo aditivo do contrato entre o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e a Delta Construções. O aditivo, que foi publicado nesta quinta no Diário Oficial do Distrito Federal, pemitiria à empresa ampliar os serviços que presta ao GDF. 
A Delta é suspeita de ter ligações com o contraventor Carlos Augusto Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Segundo o porta-voz do GDF, Ugo Braga, a decisão do governador foi tomada logo após ele tomar conhecimento da mudança no contrato com a empresa. “Ele soube pela equipe de reportagem do G1 e imediatamente mandou revogar o termo aditivo. A revogação vai ser publicada amanhã”, disse Braga.

A Delta informou ao G1 que não se pronunciaria a respeito de contratos feitos pela empresa antes da mudança de direção.
"A J&F assumiu a gestão da Delta Construções na segunda-feira (14/05) e já iniciou um rígido processo de auditoria, conduzido pela KPMG, na companhia. A J&F não irá comentar os contratos feitos pela gestão passada antes da conclusão dessa diligência e reitera que irá se esforçar para manter os 30 mil empregos da construtora", indica a nota da empreiteira.
Ele soube pela equipe de reportagem do G1 e imediatamente mandou revogar o termo aditivo"
Porta-voz do GDF, Ugo Braga
O aditivo publicado nesta quinta-feira não traria custos imediatos à administração pública, segundo o SLU, mas permitiria que a Delta e a Valor Ambiental – outra empresa que presta serviço de coleta de lixo no DF – fizessem o recolhimento de rejeitos deixados por catadores em centros de triagem. O serviço seria cobrado pelas empresas quando entrasse em operação.
O G1 entrou em contato com a assessoria do Serviço de Limpeza Urbana para saber o motivo da ampliação do contrato com a Delta, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

“Esse serviço não está previsto no contrato original. O governo vai buscar outra solução para recolher o rejeito”, afirmou o porta-voz. Atualmente, a Delta tem dois contratos na área de limpeza pública do DF, no valor total de R$ 470 milhões. Os contratos foram fechados antes de Agnelo Queiroz assumir o governo.
A Delta é investigada pela Polícia Federal e pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Cachoeira, por suspeita de envolvimento com o bicheiro. AControladoria-Geral da União também apura supostas irregularidades cometidas pela Delta, que pode ser declarada inidônea e impedida de firmar contratos com o governo federal.

Preso desde o dia 29 de fevereiro, Cachoeira é suspeito de ser o chefe de uma quadrilha de jogo ilegal em Goiás e responsável pela montagem de uma rede de corrupção que envolveria governantes, parlamentares e empresários, que atuaria em fraudes em licitações públicas.
 

 Gravações
Gravações feitas pela Polícia Federal com autorização judicial em abril do ano passado indicam que o grupo do contraventor Carlos Cachoeira tinha interesse que a Delta firmasse contratos com o SLU.

Nas gravações, pessoas ligadas a Cachoeira discutem a indicação de um nome para integrar a direção do SLU. Na gravação, o então chefe de gabinete de Agnelo, Claudio Monteiro tem o nome citado como beneficiário de um pagamento de R$ 20 mil e de uma mesada de R$ 5 mil mensais para aprovar a indicação.

Monteiro negou envolvimento com o caso, embora tenha admitido ter recebido um diretor da empresa em 2011. Ele deixou o governo e disse que processaria a Polícia Federal. Nesta quinta, a CPI do Cachoeira aprovou a convocação dele para depor.
Cancelamentos
Em 20 de abril, a Delta anunciou a saída consórcio Maracanã 2014, responsável pela reforma para a Copa do Mundo do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. A empresa alegou falta de condições financeiras para continuar integrando o consórcio responsável pela obra, orçada em R$ 859 milhões.