quarta-feira, 9 de maio de 2012

Polícia do DF identifica araponga que quebrou sigilo de Agnelo


Um araponga já identificado pela Polícia Civil do Distrito Federal acessou, durante cinco meses, a relação das ligações telefônicas do governador Agnelo Queiroz (PT)
e de pelo menos 300 servidores do governo local.
Ele conseguiu identificar cada ligação, com horário e duração, a partir de dados de uma companhia telefônica.
O crime foi descoberto no dia marcado para a instalação da CPI da Arapongagem, que vai investigar supostas escutas clandestinas feitas pelo governo de Agnelo e por empresas privadas na capital federal.
A Câmara Legislativa tem 10 dias de prazo para eleger o presidente e o relator da comissão parlamentar de inquérito.
As investigações começaram quando o blog Quid Novi, do jornalista Mino Pedrosa, divulgou, em 24 de fevereiro, uma ligação do chefe da Casa Militar, tenente-coronel Rogério Leão, para o líder do PT na Câmara Legislativa.
Com o título "Os Segredos do Guardião", o blog informava o horário e a duração da ligação.
A polícia descobriu que o araponga acessou detalhes das ligações depois de conseguir uma senha com a empresa telefônica que presta serviços ao governo do DF.
Ele fez contato pelo serviço de call center e se apresentou como administrador da conta. As conversas que levaram à senha ficaram gravadas. Mas o araponga não teve acesso ao conteúdo das ligações feitas pelo governador e por servidores.
A informação foi divulgada em primeira mão pelo "Jornal de Brasília". Mino Pedrosa disse à Folha hoje pela manhã que recebeu de "uma fonte" as informações sobre as ligações.
"A minha fonte disse que tinha o horário de uma ligação entre o coronel Leão e o deputado Chico Vigilante."
Sobre o araponga agora identificado, disse: "Não sei quem é essa pessoa".
Leão afirma que Brasília estaria tomada por uma "criminalidade organizada", mas defende uma ação policial para resolver o problema. "Não é caso para CPI. Tem que prender essa quadrilha", disse.
Numa ação para esvaziar a CPI, Agnelo criou um grupo de delegados especiais, especializados em informática, para investigar paralelamente a arapongagem no Distrito Federal.

Fonte: Folha