segunda-feira, 28 de maio de 2012

Reguffe constrói o caminho para o Buriti em 2014 com os tucanos


Deputado tem mantido reuniões reservadas com direção do PSDB

Estudantes protestam. Mas são aqueles que comparecem ao campus da UnB em carros zero km abastecidos pelos pais das classes média e alta. Estudantes que não protestam são aqueles que andam em ônibus sucateados para ir ao trabalho e com o escasso salário pagar seus estudos em estabelecimentos noturnos privados. Assim caminha a humanidade no Distrito Federal.

O deputado Reguffe, aquele mesmo que brotou do Minhocão, convenceu

seus pares (e os familiares de seus pares) que ele é um bom nome para ocupar um espaço no legislativo. Fez isso no local como deputado distrital e chegou ao plenário federal, também como deputado representando Brasília. Isso mesmo, ele representa a parte nobre do nosso território e já é candidato ao Buriti. ...

O novo desafio já conta com a simpatia e a engenharia de encontros sigilosos com o PSDB. O legado do PT prova que em política tudo é possível. Reguffe vem com o conhecido discurso que ainda convence grande parte dos seus eleitores, que são muitos, capaz de atrair o interesse de partidos nunca antes admitidos: a probidade.

Ao longo de seus mandatos e de sua exclusiva dedicação em sempre dizer não, conforme ele próprio propaga, fez a opção pelo “não fazer”. Não faz acordos, não concorda, não aceita facilidades, não oferece nada em troca de nada. Assim foi reeleito, sempre dizendo não.

Agora, às vésperas das eleições majoritárias, tem dois anos para dizer sim. Aguarda a confirmação dos noivos e ao que tudo indica o PSDB já está quase dizendo sim também. Outras legendas poderão compor com o seu PDT, desde que encontrem um nome que possa alargar o eleitorado na condição de vice.

Reguffe está procurando um candidato para a dupla cabeça de chapa, ele no papel principal arrastando a juventude abastada e um candidato a vice que seja popular, com penetração nas regiões mais pobres. Rollemberg divide com ele quase o mesmo eleitorado e talvez não seja uma composição eleitoralmente vantajosa.

Mas existem outros nomes e até 2014 novas lideranças serão consolidadas no cenário político brasiliense. Outras estratégias poderão ser estudadas, entre elas, o PDT lançar Cristovam Buarque como candidato ao Buriti mesmo que seja uma opção sem resultado positivo provável e assim conduzir Reguffe ao Senado onde seu partido passaria a contar com duas cadeiras pelo DF.

Cristovam teria ainda mais quatro anos de mandato a partir das eleições, mesmo que derrotado. Ganharia grande exposição na campanha, sem correr nenhum risco. Essa manobra levaria outros pretendentes ao Senado a ficar sem mandato, porque a eleição de Reguffe como senador pelas mãos de Cristovam como candidato ao GDF, teria muitas chances de vitória.

Mas Reguffe não recusa sua indicação para o Buriti em substituição a Agnelo Queiroz. O PDT está atualmente olhando de longe o PT e o deputado jovem está olhando de perto a residência de Águas Claras. Seu vocabulário terá que extinguir a palavra “não” e deverá comparecer às regiões periféricas onde estão os estudantes das classes menos favorecidas e que dificilmente sabem fazer contas com os valores economizados com 13º e 14º salários ou com o enxugamento das verbas de gabinete, suas principais âncoras eleitorais. Deverá atender eleitores doentes em busca de apoio e dizer a eles como será a saúde a partir de 2014. Tem que dizer sim a uma dúzia de partidos que vão querer ocupar cargos na administração do DF. E como vai dizer não aos contribuintes de campanha?

Reguffe 2014 é o que vamos ler em faixas nas avenidas, mas é improvável vencer as majoritárias fora do Plano Piloto com a mesma ferramenta. Ele será um problema para outros pretendentes que devem levar em consideração, em um eventual segundo turno, caso não seja Reguffe um dos finalistas, que ele poderá dizer “não” a um pedido de apoio. Quem sabe?

Reguffe 2014 será a supremacia do bem, como acreditam seus pares, contra o mal, que são todos aqueles que também dizem não a tudo. A falta de experiência executiva e a sua passagem pelo gabinete do Arruda não maculam sua imagem de mocinho honesto, que continua a todo momento afirmando que está prestes a deixar a política, indignado com o comportamento dos seus colegas de casa. Isso deu certo mais de uma vez.

A receita ao que parece é a mesma, mas a aclamação para chegar ao Buriti, como quer, deverá vir também dos grotões e localidades onde ele dificilmente já pisou, sem gramados nem flores. Sem poesia, sem conforto. Para um governante, visitar os perímetros complicados do nosso território deve ser uma rotina, longe dos jardins da UnB. O mais agravante é que nessas regiões muitos estudantes não tem pai nem mãe e as famílias vivem desestruturadas.

Reguffe 2014 tem a marca dos novos tempos e da escassez de líderes com o perfil que o eleitor deseja: além de honesto, querem que seja trabalhador, competente, realizador, capaz de traduzir em benefícios o bilionário orçamento do Distrito Federal. Uma condição que um executivo público só consolida se souber dizer muitos “sim” e poucos “não”.

Reguffe 2014, em retorno triunfal após quase desistir de sua carreira política. Sim ou não?

Por Fhored Uerba


Fonte: Notibras - 28/05/2012