O descrédito
dos políticos brasileiros nas duas últimas décadas tem afastado o cidadão dos
debates partidários, provocando uma quase invisível ruptura entre o eleito e
seus verdadeiros patrões: o povo. Não raro encontrar entre os variados
segmentos da sociedade alguém disposto a falar bem de nossos representantes,
tanto no Executivo quanto no Legislativo. Não importa se municipal, estadual
ou federal. Soma-se a essa descrença o fim melancólico da esperança que muitos
depositavam no PT, principalmente a classe média urbanizada e simpatizante do
“Lula Lá”. Todos recolheram os argumentos e estão tocando a vida, alheios às
mazelas
de suas excelências. Os donos do poder, por sua vez, ao contrário de melhorar a imagem na fotografia do eleitor, insistem em piorar ainda mais esta moldura. ...
Sempre que são pegos em flagrantes ou com a mão na botija do erário, buscam culpados na imprensa, ou na oposição que “não tem espírito republicano”. Se o caso mobiliza a opinião pública, logo vem a ideia de uma CPI, onde se discute tudo e não se apura nada. A não ser que esta comissão seja para defenestrar a oposição, aí os donos do poder estimulam e cavam espaços generosos na mídia. Mas, quando a investigação é contra o governante da hora, a coisa muda de figura e então esvaziam ou abortam a ideia no nascedouro
Nenhuma CPI séria, que investiga a fundo todas as denúncias, obteve êxito em sua conclusão. Basta puxar um pouco pela memória para constatar esta triste estatística. O Congresso, então, não raro passa um semestre sem uma proposta de CPI. O resultado todos conhecem na ponta da língua: pizza.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal é um parlamento que até hoje ainda não justificou a luta de muitos para que os brasilienses tivessem o direito de votar em seus representantes. Vive sob um manto de escândalos a cada legislatura. Sempre que algo dá errado, logo alguém se apresenta com um bloco oficial garimpando assinaturas para uma CPI. Não sai do papel, quando muito, caminha até o Executivo pedindo a bênção. Se for do interesse do dono do poder da vez, pode ser que dê alguns passos, notadamente se for no rumo da oposição, caso contrário, morre antes de o Sol nascer. Quando surge um fato realmente sério para ser investigado e a oposição, sempre em minoria, aproveita de um descuido ou até da rebeldia de aliados do governo e colhe assinaturas suficientes para investigar a sério, o dono do poder aborta a operação.
Este é o caso da CPI da Arapongagem, que tem como princípio básico investigar supostas bisbilhotagens do Gabinete Militar do governador Agnelo Queiroz (PT) contra opositores e até aliados como o vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB). No calor da batalha e aproveitando um cochilo da base de Agnelo, a oposição conseguiu instalar a CPI. No início, contava com o apoio de 23 parlamentares, mas depois de um encontro com o governador, estranhamente o leque de apoio caiu. Mesmo assim, deputados preocupados com o estado policialesco que se instalou no DF conseguiram com que ela fosse criada. Como não tem a simpatia do Buriti, o desafio da oposição é fazer com que ela ande. No entanto, o líder do PT, deputado Chico Vigilante, já avisou que a “CLDF não tem instrumentos para fazer a investigação”. Fazendo coro com Vigilante, o líder do governo, deputado Wasny de Roure, assumiu que o governador pediu para não ter CPI. “Fica claro para toda sociedade que não há interesse de se investigar possíveis grampos ilegais em telefones de políticos e jornalistas. Isso enfraquece o Poder Legislativo, que tem a grande prerrogativa de fiscalizar justamente as ações do Poder Executivo”, reclama um assessor parlamentar da oposição.
A mais aguerrida defensora da CPI da Arapongagem, deputa Eliana Pedrosa, desabafa num tom de frustração: “Eu estou tendo minha vida vasculhada desde o início de 2011. Em três oportunidades falei em plenário sobre essas investidas. Em nenhum momento, o governo se preocupou em criar uma comissão de delegados para investigar este caso. Mas, recentemente, criou uma comissão para tratar de uma tentativa de grampo no celular de um parlamentar da base. Por que não o fez antes? Essa comissão vai servir para clarear o que ocorre no DF ou será mais um instrumento de repressão contra a minguada oposição?”
É claro que tanto o Poder Legislativo quanto o Executivo precisam passar a limpo essa história de arapongagem. Agora, os áulicos do governo dizerem que o Legislativo não precisa fazer uma CPI pois o Executivo criou uma comissão para tratar do assunto é, no mínimo, abrir mão do que foi dado ao parlamentar por meio das urnas. “É vergonhoso ter um Poder Legislativo submisso ao Poder Executivo”, reclama Eliana.
Como tudo indica, esta CPI vai para as calendas, soterrada nos arquivos da Câmara Legislativa como mais uma tentativa fracassada de oposição para investigar os governantes. Enquanto os cidadãos não tomarem consciência de que só eles podem mudar a vida política brasileira, vamos continuar vendo toda iniciativa de CPI de oposição, morrer antecipadamente antes dos primeiros passos. Os movimentos da base de Agnelo, capitaneados por Chico Vigilante e Wasny de Roure, indicam que o esforço da oposição, liderados pelas aguerridas deputadas do PSD, Eliana Pedrosa e Celina Leão, são águas passadas na Câmara Legislativa. Agnelo venceu mais esta.
de suas excelências. Os donos do poder, por sua vez, ao contrário de melhorar a imagem na fotografia do eleitor, insistem em piorar ainda mais esta moldura. ...
Sempre que são pegos em flagrantes ou com a mão na botija do erário, buscam culpados na imprensa, ou na oposição que “não tem espírito republicano”. Se o caso mobiliza a opinião pública, logo vem a ideia de uma CPI, onde se discute tudo e não se apura nada. A não ser que esta comissão seja para defenestrar a oposição, aí os donos do poder estimulam e cavam espaços generosos na mídia. Mas, quando a investigação é contra o governante da hora, a coisa muda de figura e então esvaziam ou abortam a ideia no nascedouro
Nenhuma CPI séria, que investiga a fundo todas as denúncias, obteve êxito em sua conclusão. Basta puxar um pouco pela memória para constatar esta triste estatística. O Congresso, então, não raro passa um semestre sem uma proposta de CPI. O resultado todos conhecem na ponta da língua: pizza.
A Câmara Legislativa do Distrito Federal é um parlamento que até hoje ainda não justificou a luta de muitos para que os brasilienses tivessem o direito de votar em seus representantes. Vive sob um manto de escândalos a cada legislatura. Sempre que algo dá errado, logo alguém se apresenta com um bloco oficial garimpando assinaturas para uma CPI. Não sai do papel, quando muito, caminha até o Executivo pedindo a bênção. Se for do interesse do dono do poder da vez, pode ser que dê alguns passos, notadamente se for no rumo da oposição, caso contrário, morre antes de o Sol nascer. Quando surge um fato realmente sério para ser investigado e a oposição, sempre em minoria, aproveita de um descuido ou até da rebeldia de aliados do governo e colhe assinaturas suficientes para investigar a sério, o dono do poder aborta a operação.
Este é o caso da CPI da Arapongagem, que tem como princípio básico investigar supostas bisbilhotagens do Gabinete Militar do governador Agnelo Queiroz (PT) contra opositores e até aliados como o vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB). No calor da batalha e aproveitando um cochilo da base de Agnelo, a oposição conseguiu instalar a CPI. No início, contava com o apoio de 23 parlamentares, mas depois de um encontro com o governador, estranhamente o leque de apoio caiu. Mesmo assim, deputados preocupados com o estado policialesco que se instalou no DF conseguiram com que ela fosse criada. Como não tem a simpatia do Buriti, o desafio da oposição é fazer com que ela ande. No entanto, o líder do PT, deputado Chico Vigilante, já avisou que a “CLDF não tem instrumentos para fazer a investigação”. Fazendo coro com Vigilante, o líder do governo, deputado Wasny de Roure, assumiu que o governador pediu para não ter CPI. “Fica claro para toda sociedade que não há interesse de se investigar possíveis grampos ilegais em telefones de políticos e jornalistas. Isso enfraquece o Poder Legislativo, que tem a grande prerrogativa de fiscalizar justamente as ações do Poder Executivo”, reclama um assessor parlamentar da oposição.
A mais aguerrida defensora da CPI da Arapongagem, deputa Eliana Pedrosa, desabafa num tom de frustração: “Eu estou tendo minha vida vasculhada desde o início de 2011. Em três oportunidades falei em plenário sobre essas investidas. Em nenhum momento, o governo se preocupou em criar uma comissão de delegados para investigar este caso. Mas, recentemente, criou uma comissão para tratar de uma tentativa de grampo no celular de um parlamentar da base. Por que não o fez antes? Essa comissão vai servir para clarear o que ocorre no DF ou será mais um instrumento de repressão contra a minguada oposição?”
É claro que tanto o Poder Legislativo quanto o Executivo precisam passar a limpo essa história de arapongagem. Agora, os áulicos do governo dizerem que o Legislativo não precisa fazer uma CPI pois o Executivo criou uma comissão para tratar do assunto é, no mínimo, abrir mão do que foi dado ao parlamentar por meio das urnas. “É vergonhoso ter um Poder Legislativo submisso ao Poder Executivo”, reclama Eliana.
Como tudo indica, esta CPI vai para as calendas, soterrada nos arquivos da Câmara Legislativa como mais uma tentativa fracassada de oposição para investigar os governantes. Enquanto os cidadãos não tomarem consciência de que só eles podem mudar a vida política brasileira, vamos continuar vendo toda iniciativa de CPI de oposição, morrer antecipadamente antes dos primeiros passos. Os movimentos da base de Agnelo, capitaneados por Chico Vigilante e Wasny de Roure, indicam que o esforço da oposição, liderados pelas aguerridas deputadas do PSD, Eliana Pedrosa e Celina Leão, são águas passadas na Câmara Legislativa. Agnelo venceu mais esta.
Por Wilson Silvestre
Fonte: Jornal Opção - 21/05/2012