O deputado
federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi visto na quinta-feira (17), durante
sessão da CPI do Cachoeira, enviando uma mensagem para o governador do Rio,
Sérgio Cabral (PMDB). A mensagem foi registrada por um cinegrafista do SBT.
Nela, Vaccarezza escreve: "A relação com o
PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe você é nosso e nós somos teu (sic)".
PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe você é nosso e nós somos teu (sic)".
Nesta
quinta, a maioria dos integrantes da Comissão Parlamentar de Mista de Inquérito
decidiu suspender a sessão sem votar requerimentos para convocar Cabral e os
governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo
Queiroz (PT). Procurado pelo G1, Vacarezza diz que não há
tentativa de "blindar" Cabral (leia mais abaixo).
Sérgio Cabral não aparece nem foi citado em
gravações da investigação da Polícia Federalque
motivou a criação da CPI. Nessas gravações, aparecem conversas do bicheiro Carlinhos
Cachoeira e de
pessoas de seu grupo com políticos e agentes públicos.
Mesmo
sem apatrecer nos grampos da PF, havia a possibilidade de Cabral ser chamado
para depor em razão de fotos divulgadas que mostram a proximidade do governador
com Fernando Cavendish, ex-dono da Delta, empreiteira com diversos contratos
com o governo federal e com o governo do Rio e que é suspeita de ter desviado
verbas para favorecer o grupo do bicheiro. Cabral disse que tem amizade pessoal
com o empresário e que não favoreceu a Delta em contratos.
Na
sessão de quinta-feira, a CPI aprovou ainda a quebra dos sigilos bancário,
fiscal e telefônico da construtora Delta, mas apenas em filiais do Centro-Oeste
e do Norte, e não na matriz, no Rio de Janeiro (veja ao lado reportagem do
Jornal Nacional).
O que diz Vaccarezza
O deputado petista afirmou que não houve tentativa de "blindagem" ao governador Cabral. Vaccarezza destacou ainda que Cabral não é alvo de investigação da CPI.
O deputado petista afirmou que não houve tentativa de "blindagem" ao governador Cabral. Vaccarezza destacou ainda que Cabral não é alvo de investigação da CPI.
"Não
houve tentativa de blindagem. [...] Eu sou contra qualquer blindagem. Mas também
sou contra fazer da CPI uma câmara de inquisição que faz devassa sobre a vida
das pessoas. A CPI foi montada para investigar denúncias da Operação Vegas,
centrada na organização criminosa de Carlinhos Cachoeira. Se tiver outras
denúncias, que não tenham nenhuma relação com CPI, nao estejam no escopo da
CPI, serão investigadas por outras instâncias. [...] Nossa função na CPI é
desmantelar a quadrilha do Cachoeira."
Segundo
Vaccarezza, o SMS foi "uma comunicação privada entre um deputado federal e
um governador". Ele disse não ter ficado chateado com a situação. "Eu
respeito o trabalho dos jornalistas."
O
deputado defendeu o governador do Rio e disparou críticas contra o governador
de Goiás. "Não tem investigação. O Cabral não foi nem sequer citado nas gravações,
como explicou o delegado. Quando ele [delegado] leu a lista de todos os nomes
que teriam sido citados e não estavam envolvidos, o Cabral não foi nem citado.
É totalmente diferente da situação do Perillo, que o Cachoeira morava na casa
dele, tinha cota do governo estadual indicado pela organização."
Ao
jornal "O Globo", a assessoria do governador Sérgio Cabral afirmou que ele
não quis comentar as informações. Perillo
e Agnelo
Marconi Perillo não foi flagrado nas gravações da PF
conversando com pessoas do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, mas é citado
em diálogos de integrantes do grupo. Em uma das gravações, auxiliares do
contraventor falam sobre uma quantia que deveria ser entregue em uma caixa de
computador e que, segundo a PF, seria entregue no Palácio do Governo de Goiás.
Perilo
admitiu ter vendido uma casa a um sobrinho do contraventor, Leonardo Almeida
Ramos, e ter encontrado o bicheiro em eventos sociais, mas negou envolvimento
em irregularidades.
Agnelo
Queiroz também não aparece em nenhuma gravação, mas é citado por integrantes do
grupo em áudios, segundo a PF. Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de
Agnelo, é suspeito de ter recebido propina para favorecer a construtora Delta
em contratos com o governo do DF.
Agnelo
negou qualquer envolvimento com o grupo do bicheiro.