segunda-feira, 21 de maio de 2012

Estratégia para salvar Agnelo deu errado



Deputada distrital Celina Leão (PSD), atacando Agnelo Queiroz por tê-la denunciado na Polícia Civil
Deputada distrital Eliana Pedrosa (PSD) denunciando o “aparelho policial montado por Agnelo”
A estratégia dos ideólogos do PT para tirar a crise do colo do governo Agnelo Queiroz parece que está dando errado. Ao contrário da euforia que tomou conta do Palácio do Buriti e cercanias na semana passada, o clima esquentou novamente na quinta-feira, 10, por causa do comovente e inflamado discurso da deputada Eliana Pedrosa (PSD) refutando acusações feitas por Agnelo numa emissora de TV. Na referida fala, Agnelo acusou Eliana e a colega dela de partido Celina Leão de terem
“comprado o testemunho do lobista Daniel Almeida Tavares”, ex-funcionário do laboratório União Química para denunciá-lo.
A turma de Agnelo imaginava que essa jogada política tiraria de seus ombros mais uma crise por causa de denúncias oferecidas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e enviadas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na ação, a PGR pede abertura de inquérito para processar o governador por “supostas irregularidades cometidas nas gestões do Ministério do Esporte (2003-2006) e na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)” entre 2007 e 2010. Como este processo, nesta altura dos acontecimentos não interessa aos petistas, pois Agnelo já tem problemas até a tampa devido à CPMI da Operação Monte Carlo e Vegas, portanto seria bom jogar esta bola quadrada no campo da Câmara Legislativa, onde as duas deputadas de oposição estão azucrinando a vida e administração de Agnelo. Só que não está dando certo devido à reação das duas parlamentares.
Ao defender sua honra e a família “contra o estado policialesco em que foi transformado o DF”, Eliana manobra as peças do xadrez alertando os colegas para não “criar uma comissão para impor medo a essa bancada de mulheres que faz oposição e a jornalistas do DF”, referência clara às ameaças de Agnelo sobre a CPI da Arapongagem. Do outro lado, o escudeiro do governador, deputado Chico Vigilante, rebate as desconfiança de Eliana: “A comissão de delegados é uma prova efetiva de que o governo não tem medo de investigações e estou muito satisfeito com essa iniciativa, pois mostra que o governador pensa a Polícia Civil como polícia de Estado e não de governo”.
Eliana denunciou que há quase dois anos sua vida vem sendo bisbilhotada pelos arapongas do Buriti. E alertou os colegas que eles podem ser os próximos. “Hoje é conosco, amanhã pode ser com seus filhos. Hoje sou a Polônia e prefiro ser presa a ficar calada”, referindo sobre a invasão da Polônia pelos nazistas. Tanto Eliana quanto Celina Leão sabem que o PT não vai deixá-las livres para atacá-lo sem uma reação. A declaração de Agnelo de que elas teriam comprado o depoimento do lobista Daniel Almeida Tavares não foi um movimento de mestre como apregoam alguns petistas. Ao fazê-lo, talvez num momento de fera ferida, trouxe novamente para o debate e reavivou a memória das pessoas a história do vídeo onde Tavares acusa Agnelo de cobrar R$ 50 mil de propina de um laboratório quando Agnelo ocupava o cargo de diretor-presidente da Anvisa. Esta história ainda vai render muitos debates se depender da disposição das duas parlamentares pessedistas. “O governo não respeita o Estado Democrático de Direito. Vou até o final, por isso pedi instauração de investigações contra Agnelo em todas as instâncias”, frisou Celina Leão. Até o deputado Agaciel Maia (PTC) saiu em defesa das colegas dizendo que “esmagar a oposição não é uma estratégia inteligente”, referindo às manobras de petistas mais afoitos. “Existe muita gente se esforçando para que o governo dê errado.” O delegado aposentado e deputado distrital Dr. Michel (PSL) saiu em defesa da Polícia Civil dizendo que “a diretoria da PCDF não faria atos baixos como esses e que se houve alguma ilegalidade, ela virá à tona”. Recomendou muita calma às duas parlamentares.
O fato concreto é que ao pedir investigação contra as deputadas Celina Leão e Eliana por terem “comprado o depoimento de Da­niel Tavares”, Agnelo não imaginava que os desembargadores do Conselho Especial do Tribunal de Justiça (TJDF) iriam enviar o processo para o  Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Estou feliz por que esta história vai ser passada a limpo com a investigação da Polícia Federal”, desabafa Celina Leão. Como bem lembrou o jornalista Edson Sombra em seu blog: “Pode ser que os estrategistas que rodeiam o governador tenham comemorado toda essa confusão, mas agora eles começam a perceber o tal risco da operação, uma vez que a investigação sai dos controles governamentais da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e passa para a competência da Polícia Federal. E com um detalhe: sob a batuta do Superior Tribunal de Justiça”.
Até mesmo o homem que foi guindado para salvar o “Governo de Agnelo Queiroz do caos administrativo”, chefe da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, sumiu do noticiário e das badalações. Co­menta-se no serpentário do Buriti que ele já sinalizou aos companheiros que o convenceram de ir para o GDF “de que a situação está fugindo ao controle político”. Intrigas ou não, mesmo que Swedenberger tente pôr ordem na casa, sem uma ambiência política harmônica, fica difícil tocar qualquer projeto de poder para 2014.  (O discurso de Eliana pode ser acessado no endereçohttp://bit.ly/JHh32s)
Fonte: Jornal Opção