Em artigo publicado
hoje no GLOBO, Carlos Alberto Di Franco argumenta que a postura do
ex-presidente Lula causa grande estrago em nossa democracia.
Em tempos em que o “Volta, Lula” conquista até
empresários, cansados, com razão,
da incompetência e arrogância da presidente Dilma, é bom lembrar do que Lula
representa em termos de imoralidade, pois creio que seu impacto
negativo seja
ainda maior a longo prazo.
Di Franco escreve:
Irrita-se Lula porque a imprensa não se cala diante
do seu exibicionismo de contradições e desfaçatez. Em recente entrevista à TV
portuguesa, chegou ao ponto de interromper a entrevistadora que queria saber o
grau de suas relações
com José
Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. “Não se trata de gente de minha
confiança”. Fantástico!
As denúncias da imprensa sobre os desmandos na
Petrobras, consistentes e sólidas como uma rocha, não provocam no ex-presidente a autocrítica que se espera de um
estadista. Ao contrário. Sua ordem é “ir para cima”
de quem represente um risco para o projeto de perpetuação do PT no poder. ...
Incomoda-se Lula porque os jornais desnudam suas
aparentes contradições que, no fundo, são o resultado lógico da praxis
marxista: o fim justifica os meios. O compromisso
com a
verdade é absolutamente desimportante. O que importa é o poder. Em agosto de
2006, quando o escândalo do mensalão estourou, Lula falava: “Quero dizer, com
franqueza, que me sinto traído. Não tenho vergonha de dizer ao povo
brasileiro
que nós temos que pedir desculpas”. Agora, na alucinante entrevista à TV
portuguesa, Lula afirma rigorosamente o contrário: “O mensalão teve
praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. É um
ex-presidente da República, responsável pela nomeação de oito dos 11
integrantes do Supremo Tribunal Federal, acusando a Corte de cumplicidade na
“maior armação já feita contra o governo”.
O ataque à imprensa e o autoritarismo petista têm em
Lula sua maior expressão. Essa “progressiva estratégia
de estrangulamento das liberdades
públicas”, segundo Di Franco, tem profunda ligação
com o jeito
imoral de ser do ex-presidente Lula.

A personalidade de Lula foi também o tema da coluna
deste domingo de Ferreira Gullar na Folha. Para o poeta, é impressionante a
“facilidade com que ignora toda e qualquer norma, seja ética, política,
jurídica ou administrativa”. Para Lula, “tudo é permitido, desde que favoreça
seus propósitos”. Gullar reconhece que Lula não é o único político a agir
assim, mas é insuperável neste quesito.
Ferreira Gullar vai adiante: para Lula não há
distinção entre aliados e adversários. O “chefe da trupe” não se acanha na hora
de mandar seus subalternos pagarem o preço pelo “mensalão”, ou até de dizer que
não tem ninguém ali de sua confiança. Por outro lado, pode abraçar Maluf como
se fossem velhos companheiros, se isso for de seu interesse.
Lula chegou até a tentar fazer chantagem com um
ministro do STF, e depois que o resultado do julgamento lhe foi desfavorável,
partiu para a desmoralização da instituição. Mas, como indaga Gullar, o que
esperar de alguém que já disse abertamente que o político não deve dizer o que
pensa, e sim o que o eleitor quer ouvir, ou seja, deve mentir e enganar o
leitor sem mais nem menos?
O poeta se mostra preocupado com as consequências
dessa postura de Lula no Brasil de hoje e amanhã. E tem toda razão ao se
preocupar. Nunca antes na história deste país houve um líder
político com
tanta influência e, ao mesmo tempo, tão imoral, disposto a tudo pelo poder. É
uma combinação assustadora. E ainda tem empresário que endossa sua volta por
aí…
Fonte: Coluna do RODRIGO
CONSTANTINO - 12/05/2014