Três suspeitos cursam medicina e um, administração; médico está foragido. Segundo a PF, eles faziam prova de vestibular e repassavam respostas.
Dos quatro presos no Distrito Federal pela
Operação Calouro, três são estudantes da Universidade de Brasília (UnB)
e uma mulher é aluna na Universidade Católica de Brasília, segundo a Polícia
Federal. Outra pessoa envolvida com a fraude é um médico e está foragido. Eles
faziam as provas de vestibular e repassavam as respostas ao candidato por ponto
eletrônico, informa a investigação.
Entre os
alunos da UnB, dois estudam medicina e um cursa administração. A aluna da
Católica está matriculada no curso de medicina. As quatro pessoas estão
presas
no presídio da Papuda. A PF informou que as investigações continuam.
A Operação
Calouro prendeu 46 pessoas na tarde desta quarta-feira (12) em todo o país
suspeitas de fraudar vestibulares de faculdades de medicina em vários estados e
no DF. Uma das sete quadrilhas envolvidas nas fraudes lucrava até R$ 2 milhões
na época das provas, de acordo com o delegado-chefe da operação, Leonardo
Damasceno.
As investigações duraram um ano e meio e apontam que pelos menos 60 candidatos do DF tentaram se beneficiar com o esquema em três vestibulares de medicina das Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central (Faciplac), entre outubro de 2011 e novembro deste ano.
As investigações duraram um ano e meio e apontam que pelos menos 60 candidatos do DF tentaram se beneficiar com o esquema em três vestibulares de medicina das Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central (Faciplac), entre outubro de 2011 e novembro deste ano.
Mandados de prisão
A polícia cumpriu 70 mandados de prisão e 73 de busca e apreensão em dez estados e no Distrito Federal. Em cada vestibular, sete quadrilhas atuavam para beneficiar pelo menos 20 candidatos. Cada um teria pagado até R$ 80 mil para que outras pessoas fizessem a prova com documentos falsos ou para ter acesso ao gabarito informal do vestibular por meio de cola eletrônica.
A estimativa da PF é de que sejam pelo menos 30 unidades de ensino superior afetadas em todo o Brasil pelas fraudes. "A carência de vagas na rede pública e a disputa acirrada tanto das federais quando nas particulares alimenta esse tipo de esquema, uma vez que os candidatos se atraem pela facilidade. Essas quadrilhas investigadas não atuavam nas universidades federais devido ao Enem, uma seleção muito maior e com mais restrições no momento das provas", explicou o delegado.
O delegado
Leonardo Damasceno detalhou que o esquema funcionava de duas maneiras. Na mais
simples, uma pessoa envolvida na quadrilha falsificava documentos e fazia a
prova no lugar do verdadeiro candidato. Essa pessoa que realizava a prova quase
sempre era um aluno de medicina com boas notas na faculdade.
Na outra
modalidade, um membro da quadrilha fazia a prova rapidamente e saía da sala.
Esse falso candidato que resolvia a prova era chamado pelos integrantes das
quadrilhas de "piloto", pois deveria ser rápido para resolver as
questões, e também era aluno de medicina.
De posse do
gabarito, ele conferia o resultado e passava as informações por meio de uma
escuta eletrônica ou por celular para o candidato. Antes da prova, os
candidatos que contratavam os serviços das quadrilhas eram treinados para que
soubessem como agir no momento de receber as respostas.
A Polícia
Federal comunicará às faculdades os nomes dos candidatos que foram
identificados durante as investigações. "Esses alunos não possuem um
vínculo permanente com a quadrilha. Nós faremos uma notificação à Justiça para
que seja comunicado oficialmente e, então, sejam excluídos da instituição os
candidatos que conseguiram lograr êxito em passar em uma ou outra
instituição", afirmou o delegado.
Os suspeitos
vão responder pelos crimes de formação de quadrilha, falsificação de documento,
falsidade ideológica e fraude em certame de interesse público. A Polícia
Federal informou que as faculdades afetadas pelas fraudes colaboraram com a
investigação e não agiam de forma conivente com as quadrilhas.
Fonte: G1