O prefeito do Recife, João
da Costa (PT), pode se despedir da gestão da capital pernambucana e dizer que
entregou mais moradias populares do que seus sucessores e que melhorou os
índices de saúde primária. Esses dados, no entanto, são deixados de lado quando
a discussão é política: João da Costa tomou posse e rompeu com seu padrinho
político, o deputado federal João Paulo, e bateu de frente com os principais
líderes da legenda ao negar apoio ao senador Humberto Costa, candidato a
sucessão. ...
A lição que João da Costa deixa no Recife é que ser o gestor de obras necessárias à cidade pode ser insuficiente para concluir o mandato com índices de
aprovação. O prefeito pode até ter seus méritos nos bastidores da
administração, mas seu trânsito político é limitado, até porque se afastou do
seu antecessor João Paulo - o deputado mais votado do PT no País.A lição que João da Costa deixa no Recife é que ser o gestor de obras necessárias à cidade pode ser insuficiente para concluir o mandato com índices de
O rompimento entre os dois, no início do mandato do prefeito, nunca foi esclarecido, pelos envolvidos. A versão corrente associa o distanciamento ao contrato do lixo do município. Os dois eventos são a marca que ficou de 2008, na Prefeitura do Recife.
João da Costa também protagonizou a fragmentação da Frente Popular do Recife, que o elegeu, antes do fim do terceiro ano como prefeito. Sem base aliada, sem apoio consolidado no seu partido, ainda assim, lutou pela indicação para concorrer ao segundo mandato, o que não conseguiu garantir. Em reação, negou apoio ao candidato petista à sua sucessão e durante a campanha fez gestos de apoio ao vencedor do pleito, Geraldo Júlio (PSB).
Obras
Apesar das polêmicas, qualquer balanço sobre o período de João da Costa na prefeitura do Recife não pode deixar de levar em conta a Via Mangue, a maior obra viária dos últimos 20 anos na capital. A via é um conjunto de elevados, pequeno túnel e urbanização de 40 ruas que tem como objetivo dar fluidez ao trânsito da zona sul. Ao entregar o cargo para o seu sucessor, o petista deixará quase metade de todo o complexo concluído. A obra é tão importante principalmente quando se leva em conta a projeção de que a cidade caminha para ter, em 2014, um carro para cada cinco habitantes.
Entre a crise do lixo e rompimento com João Paulo, 2008, e as obras da Via Mangue a todo vapor e crise com Humberto Costa, o prefeito João da Costa entregou 3,5 mil casas populares, 35 academias da cidade, concluiu o Parque Dona Lindu (que tinha sido inaugurado com pompa, durante sua campanha para prefeito) e fez muitos projetos.
Do ponto de vista pessoal, no final de 2009 e início de 2010, João da Costa viveu um momento delicado da sua saúde. O prefeito do Recife se afastou do cargo para realizar um transplante de rim, em São Paulo. Durante a tensão política que viveu em busca de sua indicação como candidato a sua sucessão pelo PT, mais de uma vez chegou a se comover lembrando essa passagem.
O prefeito deixa uma carteira recheada de projetos para o seu sucessor, incluindo uma das usas prioridades, a construção de moradias. A secretaria de Habitação do futuro prefeito Geraldo Júlio já foi anunciada: Eduardo Granja, que concorreu a vereador e goza da simpatia de João da Costa. Além dos planos de moradia, a prefeitura do Recife possui planos para construção de grandes parques (como Jiquiá e Tamarineira), novas pontes sobre o rio Capibaribe, mais dez escolas em tempo integral e novas obras de mobilidade, como o corredor Norte-Sul.
Fonte:
Terra - 30/12/2012