No ano de 2012, como
consequência natural do processo social e político vivido desde 2002 em nosso
país, chegamos à histórica quadra onde todas as forças políticas se
apresentaram. As forças reacionárias que sempre conspiraram contra o Brasil,
contra seu povo e os objetivos maiores de desenvolvimento e justiça social, não
puderam mais esconder-se. Hoje, há mais transparência na vida institucional: o
povo sabe quem está contra ele.
Ao
contrário do que muitos possam acreditar, não retrocedemos nas muitas conquistas
alcançadas desde a chegada do companheiro Lula à presidência da República.
Apesar do enorme esforço da direita, de grande parte da mídia, da
judicialização da
vida institucional e da tentativa de criminalização da
atividade política, não se arredou um centímetro sequer do muito que se
avançou, com Lula e com Dilma. ...
Nossos
adversários políticos fracassaram em três eleições presidenciais consecutivas.
E pior: perderam o bonde da história e a confiança popular. Falta-lhes voto,
sobra-lhes ódio.
Como
conseguirão fazer com que 40 milhões de brasileiros que saíram da pobreza mais
aviltante e ingressaram na classe média, retornem às condições miseráveis em
que viviam? O que farão com milhares de jovens pobres, negros e indígenas,
antes discriminados e sem oportunidade, que encontraram abertos os portões das
universidades através do revolucionário Pro-Uni? Os expulsarão?
A
elite mais reacionária e preconceituosa, que em 2012 transbordou em seu ódio
ideológico, em seu preconceito social e na congênita e sabida mesquinhez, não
mais pode conter sua ira quando se viu obrigada a viajar em aviões lotados por
trabalhadores e suas famílias, por exemplo. A autêntica perversão de reinar
sobre um país pauperizado, doente, sem instrução e sem amanhã, foi derrotada
pelo nascimento de uma Nação mais justa e fraterna.
Porém,
há uma parcela importante da classe dominante, representada por articulistas da
grande imprensa, empresários monopolistas e banqueiros ligados aos partidos da
direita, como o PSDB e o DEM, pseudo-intelectuais e oportunistas de toda sorte,
que não aceitam de forma alguma – claramente sofrendo inusitada dor íntima – o
fato de que um operário e uma ex-presa política chegaram à presidência do
Brasil e realizaram (e realizam) governos reconhecidamente exitosos,
competentes e com imenso prestígio nacional e internacional. Dói no íntimo
dessa malta de ressentidos que o seu escolhido, o incensado “príncipe dos
sociólogos”, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um ex-marxista
envergonhado, carregue a marca de ter quebrado o Brasil em três diferentes
oportunidades, de ter vendido o melhor do patrimônio público a preço vil em
processo de privatização verdadeiramente lodoso, de ser escondido a cada
campanha eleitoral pelo seu próprio partido. Sofrem com derrotas expressivas
como a de José Serra, em São Paulo, quando a população optou pela competência,
a sensibilidade social e a seriedade de Fernando Haddad, um ótimo ex-ministro
de Lula e Dilma.
Não
há razão objetiva para a oposição kamikaze que se move contra as administrações
petistas. Há o ódio de classe. Há a revanche política. Há o preconceito
ideológico. Há, sobejamente, o ressentimento pelo fracasso demo-tucano e pelo
cristalino êxito dos três mandatos de Lula e Dilma. Simples assim.
Ainda
agora assistimos, ao apagar das luzes de 2012, o desespero da oposição, seja
partidária seja midiática, buscando desestabilizar o governo Dilma com críticas
sem cabimento à política econômica. Os mesmos que se calaram (e apoiaram, até)
diante dos seguidos fracassos da política entreguista e autoritária de FHC e
Pedro Malan, não buscam esconder a conspiração em andamento contra a
estabilidade econômica alcançada e a condução serena por parte do ministro
Guido Mantega.
Com
enorme resiliência e comprovado espírito democrático, o governo do PT e
partidos da base aliada dá mostras de vitalidade e competência. O comércio e a
indústria no período das festas natalinas venderam a impressionante cifra de
aproximadamente R$ 200 bilhões, ostentando dados robustos: 5,1% de aumento
sobre as vendas no mesmo período em 2011. As vendas nos shoppings aumentaram 6%
em relação ao exercício anterior. O comércio online chegou aos 18% de aumento!
No Rio Grande do Sul o crescimento foi de mais de 9%; em Belo Horizonte, de
significativos 5%; a média nos Estados do Nordeste foi de mais de 6%. O poder
de compra dos trabalhadores, da nova classe média, dos que realmente trabalham
e constroem a grandeza do país está movimentando nossa economia. E isso é fruto
do modo petista de governar.
Nossa
crença no Brasil desenvolvido e forte, no país onde se estabelece a cada dia
uma democracia de oportunidades, na pátria consolidada na justiça social, é
inabalável. Ingênuos seríamos se acreditássemos que se poderia transformar
tanto nosso país, mudar de forma tão evidente a correlação de forças, tirar da
miséria, do analfabetismo, do abandono por parte dos poderes públicos, dezenas
de milhões de irmãos nossos e não pagar o alto preço de tamanha e tão sagrada
ousadia. Mas qualquer sofrimento pessoal, qualquer proscrição política,
qualquer provação familiar, é nada diante da imensa certeza do dever cumprido
para com o Brasil e seu povo.
Há
uma certeza, apenas: a marcha dos brasileiros rumo ao futuro, consolidando
conquistas, vivendo num país mais justo socialmente e mais desenvolvido
economicamente, com menos pobreza e mais igualdade, é definitiva e não poderá
jamais ser impedida ou evitada. Já sabemos quem e quais são os vitoriosos da
grande revolução pacífica que iniciamos com Lula e continuamos com Dilma.
Viver
é lutar. Quando em 1979 fundamos o PT (e eu e outros muito poucos estávamos
lá…) nós o fizemos como a concretização de um sonho generoso. Nós já queríamos
e lutávamos por um país onde os pobres estudassem, comessem, tivessem sua casa
e trabalho decente, pudessem comprar um carro e viajar de avião. Sonhávamos
abrir as universidades para os filhos do povo. Queríamos governar para os
negros, para as mulheres, para os idosos, para as crianças, para os indígenas,
para as minorias. Fomos alvo da galhofa ou da descrença. Aguentamos as
perseguições e as incompreensões. Mas, vencemos. Diante de tamanha realidade,
todo sofrimento é pequeno se consagrado aos ideais que acalentaram (e
acalentarão sempre) nossas vidas.
Como
no lema dos históricos partisans, que resistiram à invasão da França pelo
nazismo – e venceram – não importa o companheiro que cai. Outro sairá da
sombra, assumirá o seu lugar, levará adiante a luta e vencerá. Isso é o que
conta.
(*) Delúbio Soares é professor
Fonte:
Delubio.com.br - 30/12/2012