O ex-governador do
Distrito Federal, José Roberto Arruda, participa de audiência nesta terça-feira
do processo que apura a sua participação no esquema que ficou conhecido como
mensalão do DEM. Arruda deverá depor como réu na 2ª Vara da Fazenda Pública do
DF.
A
audiência, que estava prevista para iniciar às 14h30, foi aberta com quase meia
hora de atraso. Além do ex-governador, estão programadas as oitivas da deputada
federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), do seu marido Manoel da Costa Neto e do
ex-secretário de Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa. Todos como réus
no processo.
A
primeira a falar foi Jaqueline. No depoimento, de cerca de meia hora, ela disse
que o dinheiro recebido de Durval Barbosa foi apoio à sua campanha para a
Câmara Distrital, e que na época, pertencia ao mesmo partido político do irmão
de Durval, Milton Barbosa. Na audiência, a deputada evitou usar o termo
"caixa dois". Disse não saber se o marido, Manoel da Costa Neto,
recebeu rádios Nextel para utilização na campanha de 2006.
Jaqueline
deixou claro que sua vida política sempre foi independente da do pai, o
ex-governador do DF Joaquim Roriz, tanto que eram de partidos diferentes, ela
do PSDB, ele do PMDB. O Ministério Público perguntou porque ela relutou em
apoiar o governo Arruda e ela se contradisse, afirmando que Arruda e seu pai
tinham "rixa" política. Disse que só aceitou apoiar o governo Arruda
porque ele lhe ofereceu a administração de Samambaia, para onde foi indicado
José Naves, por deliberação do grupo político ao qual pertencia.
A
deputada negou ainda ter
qualquer inimizade com Durval Barbosa ou Arruda. Na época
em que se candidatou à Câmara Legislativa, disse que apoiou a então candidata
Maria de Lourdes Abadia, de quem é amiga pessoal. Também falou que só teve
conhecimento da Operação Caixa de Pandora pela mídia, e nessa época já havia
rompido com o governo Arruda.
Depois
de Jaqueline, o seu marido, Manoel da Costa Neto começou a depor na audiência.
Ainda estão previstas as oitivas do ex-governador Arruda e do ex-secretário de
Relações Institucionais do DF, Durval Barbosa.
O mensalão do DEM
O
chamado mensalão do DEM, cujos vídeos foram divulgados no final de 2009, é
resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O
esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o
pagamento de propina a deputados da base aliada.
O
então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) aparece em um dos
vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo
ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de
réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em sua
defesa, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram
"regularmente registrados e contabilizados". Em meio ao escândalo,
ele deixou o Democratas.
As
investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda,
assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de
quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime
eleitoral e crime tributário.
Acusado
de tentar subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha
do caso, Arruda foi preso preventivamente em fevereiro de 2010, por
determinação do Superior Tribunal de Justiça, que ainda o afastou do cargo de
governador. Ele ficou preso por dois meses e, neste período, teve o mandato
cassado por desfiliação partidária.