Falta de estrutura nas escolas e
formação inicial defasada são alguns dos fatores que prejudicam o desempenho em
sala de aula
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Em setembro do ano passado, a categoria ameaçou deflagrar greve geral para reivindicar o pagamento do reajuste |
A
insatisfação dos professores com questões salariais e melhores condições de
trabalho, que ficou latente em 2016, pode ressurgir com ainda mais força nos
primeiros dias do ano letivo de 2017. A categoria organiza um movimento
grevista para fevereiro, em razão da falta de um posicionamento do governo
sobre a data do pagamento dos reajustes. Na última reportagem da série sobre as
perspectivas da educação para 2017, o Correio mostra os desafios que os
docentes, em especial na rede pública, devem enfrentar este ano.
Segundo
Vilmara Pereira do Carmo, uma das diretoras do Sindicato dos Professores do DF
(Sinpro-DF), mesmo com a greve feita no ano passado, o GDF não cumpriu com a
última etapa do pagamento do plano de carreira da categoria. “Alegaram que não
tinham orçamento”, explica Vilmara. De acordo com a professora, esse plano de
carreira não acompanhava nem a inflação de 2015, e, em 2016, não
houve
reajuste. “Com isso, há uma perda real dos nossos salários de 10% a 12%, o que
compromete muito a receita dos professores. Houve uma queda do padrão de vida e
a tendência é cair ainda mais”, critica.
Em
setembro do ano passado, os professores ameaçaram deflagrar greve geral para
reivindicar o pagamento do reajuste. A categoria ingressa ganhando quase R$ 5
mil para a jornada de 40 horas semanais e a média fica entre R$ 6 mil e R$ 7
mil devido aos benefícios. “Solicitamos uma pesquisa ao Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e, das 33
categorias do governo, estamos no 28º lugar. Comparado ao Brasil, pode parecer
um salário bom, mas, para o DF, está muito aquém do que deveria”, afirma.
Quanto
à estrutura que os docentes encontram nas instituições de ensino, Vilmara
relata que varia muito de uma regional para outra. Naquelas com deficit de
escolas, como a Estrutural, a situação é mais complicada, porque a demanda é
grande e as salas de aula acabam superlotadas. Outro problema elencado por ela
é o pagamento do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira
(PDAF). “O governo encaminha a verba todos os anos para a escola, destinada a
pequenos reparos e a projetos pedagógicos. Esse recurso vem capenga desde 2013
e muitas vezes é usado para pagar dívidas. Isso compromete muito a qualidade da
educação e o papel pedagógico”, afirma.
Por
fim, Vilmara também destaca a falta de cuidado com a saúde dos profissionais da
educação. “O GDF fala que os professores pegam muitos atestados, mas ignora a
nossa realidade. As condições de trabalho, a estrutura, a sociedade que passa
por um processo de violência, as famílias que têm abandonado os filhos na
escola. O adoecimento é grande e não é uma opção”, justifica.
Fonte: Correio Braziliense