segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Crise com aedes deixa explícita fragilidade da relação do governador e vice

Nos bastidores, integrantes do Buriti sabiam das dificuldades de relacionamento entre Rollemberg e Renato Santana. Repercussão do episódio da vistoria do Aedes aegypti escancarou o desentendimento, a ponto de o governador cortar poderes de seu substituto
Depois de reunião com administradores, o governador anunciou a criação da Secretaria de Cidades que tira poder de coordenação do vice
O resultado de uma investigação do próprio governo sobre a vistoria a focos de Aedes aegypti em Brazlândia acabou evidenciando um desconforto, que todos conheciam nos bastidores do Palácio do Buriti, do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) em relação a seu vice, Renato Santana (PSD). A apuração apontou que um funcionário da vice-governadoria esteve antes no local onde haveria um mutirão de combate à dengue e conversou com o borracheiro Elder Fernandes Dias, que ganhou um puxão de
orelhas do vice-governador, no dia da visita de várias autoridades, entre as quais o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

Assim que tomou conhecimento da apuração da equipe do governo, na tarde de sábado, Rollemberg reuniu administradores regionais na Residência oficial de Águas Claras e tomou a decisão de criar uma Secretaria de Cidades, para coordenar o trabalho nas regiões administrativas. Tira, assim, a mais importante atribuição do vice-governador. O pedido partiu oficialmente dos administradores, por meio de uma carta entregue a Rollemberg. Mas essa articulação contou com a discreta aprovação do próprio Palácio do Buriti. “Precisamos investir em uma rede de cooperação entre o governo”, justificou o governador.


A dengue já tinha sido motivo de conflito no Buriti. Em janeiro, uma cunhada de Santana, a enfermeira Maria Cristina Natal Santana, 42 anos, morreu de dengue hemorrágica e o vice-governador usou as redes sociais para reclamar da atuação do GDF contra o Aedes. Ele afirmou que “tecnocratas devem sair da bolha do gabinete”. O discurso foi mal recebido pelo governador, que classificou como “desagradável”. Rollemberg afirmou ser necessário “tomar cuidado com as palavras”.

Os movimentos de Rollemberg provocaram reação no meio político. O deputado Rogério Rosso (PSD-DF), padrinho político de Renato Santana, usou as redes sociais para defender o amigo. Nas palavras de Rosso, Santana é “um exemplo de ser humano, profissional, pai de família, cristão e amigo”. Para reafirmar a escolha de indicá-lo para a vice-governadoria na composição da chapa em 2014, Rosso afirma ter orgulho em constatar que o partido acertou em designar Santana para o cargo.



Fonte: Correio Braziliense