Arruda e Roriz se reaproximaram para enfrentar Agnelo
Queiroz na disputa ao Palácio do Buriti. Entre idas e vindas, os dois
ex-governadores resolveram deixar as mágoas e os desgastes de lado para formar
uma chapa única.
As eleições majoritárias do Distrito Federal terão
personagens que são velhos conhecidos dos eleitores brasilienses. Seja na
disputa ao governo, seja à vice-governadoria, seja ao Senado, seja nos
bastidores, caciques políticos vão enfrentar rivais históricos e, em alguns
casos, antigos aliados. Os principais nomes da corrida eleitoral da capital
federal têm um passado comum, com histórias de brigas, traições, perdão e
reconciliação. ...
Uma dessas idas e vindas é a que a reuniu novamente
José Roberto Arruda (PR) e Joaquim Roriz (PRTB) na disputa eleitoral deste ano.
Os dois ex-governadores deixaram para trás as mágoas e os desgastes decorrentes
dos episódios que levaram ao terremoto político de Brasília, em 2009. E, em
nome do pragmatismo, formaram uma
aliança que terá Arruda como cabeça de chapa
e Liliane Roriz como candidata a vice-governadora. Tudo com a bênção do pai da
distrital, também filiada ao PRTB.
Palácio do Buriti: chapa encabeçada por Arruda tem a
distrital Liliane Roriz como pré-candidata a vice
Rusgas
Os dois se conheceram ainda nos anos 1980, quando
Arruda era funcionário da Companhia Energética de Brasília (CEB) e Roriz já
despontava como personagem influente no cenário da capital federal. Arruda foi
secretário de Obras do então governador e, com apoio dele, se elegeu para o
Senado em 1994. Quatro anos depois, a dupla rompeu e os dois disputaram o
Buriti contra Cristovam Buarque (PDT). Roriz levou a melhor.
Arruda renunciou ao Senado em 2001, por conta do
escândalo do painel, e, no ano seguinte, foi eleito deputado federal. Como
parlamentar, voltou a se aproximar do então governador Joaquim Roriz. Nas
eleições seguintes, Arruda decidiu disputar o governo e esperava contar com o
apoio do chefe do Executivo. Mas Roriz lançou Maria de Lourdes Abadia, sua
vice-governadora. Apesar disso, nos bastidores, o então governador apoiou o
nome de Arruda — o que gerou rusgas com Abadia.
Eleito pelo DEM, Arruda se afastou de Roriz. Em 2009,
quando os vídeos e o dinheiro de Durval Barbosa devastaram o Palácio do Buriti,
o então governador atribuiu ao antigo aliado as articulações para a divulgação
do material, que levou à prisão e à cassação do chefe do Executivo. Em
entrevista concedida em 2009, pouco depois do início do escândalo, Arruda não
mediu palavras para criticar o então adversário. “Tudo o que eu quero é
enfrentar o Roriz nas urnas porque a sensação que eu tenho é que ele, neste
momento, com esta articulação que fez com essas pessoas, tenta me derrubar no
tapetão, antes da eleição, talvez com medo de me enfrentar”, afirmou.
O mal-estar durou até o ano passado, quando voltaram
a conversar e decidiram se unir novamente na disputa contra Agnelo Queiroz.
Arruda comprometeu-se a dar suporte a Roriz, caso ele fosse candidato. Mas
pediu apoio se o cacique decidisse não se lançar na corrida eleitoral. A saída
encontrada pela dupla foi o anúncio da chapa encabeçada por Arruda, ao lado de
Liliane.
Fonte: HELENA MADER e ANA MARIA
CAMPOS Correio Braziliense