Por Renato Riella
Agrava-se a crise da Polícia Militar do Distrito
Federal. Fica mantido o que este BLOG vem afirmando desde dezembro: não há
condições políticas (nem financeiras) de atender às reivindicações salariais
dos soldados. O governador Agnelo Queiroz, num esforço desesperado para tentar
devolver a normalidade à PM, fez tentativas de atendimento parcial dos pleitos,
via gratificações, mas a categoria não aceitou...
Essa tentativa do GDF criou problemas políticos
seríssimos para Agnelo, segundo publicação da coluna Painel da Folha de São
Paulo.
Na verdade, como este BLOG adverte desde a primeira
publicação, o Palácio do Planalto rejeita qualquer possibilidade de ampliação
dos níveis salariais oferecidos aos PMs brasilienses, tendo passado essa
orientação ao governador.
Qualquer mobilização que houver entre policiais de
outros estados, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, será atribuída
ao exemplo dado em
Brasília. Por aqui, a categoria vive há pelo menos três anos
com atividades prejudicadas, sem que o governo local reaja contra isso.
Neste governo, já estamos no quinto comandante da
Polícia Militar, todos triturados pela dificuldade de conter um verdadeiro
motim dentro da tropa. No entanto, sabe-se que os soldados recebem remuneração
gritantemente acima da média nacional.
A gota d’água, de repercussão federal, foi o alerta
dado pelo sargento Sansão, numa reunião com a presença de cerca de 100 policiais,
quando este ameaçou o secretário de Segurança Pública do DF, delegado da
Polícia Federal Sandro Avelar. Este sargento prometeu complicar a segurança na
Copa do Mundo e não foi punido por isso.
O Palácio do Planalto está preparado para desembarcar
a qualquer momento em Brasília com a Força Nacional. Nesse sentido, o risco
corrido no conflito do MST despertou a necessidade de um planejamento especial
para Brasília.
CRISE GERA DEBATES NA
CÂMARA LEGISLATIVA DO DF
A crise pode crescer. A rejeição da proposta de
reajuste salarial oferecida pelo GDF aos policiais militares e bombeiros do
Distrito Federal, ocorrida em assembléia realizada neste terça-feira, já era
esperada, mas desperta grande preocupação. O fato elevou hoje os ânimos no
plenário da Câmara Legislativa.
A deputada Eliana Pedrosa (PPS) fez duras críticas ao
governo e saiu em defesa da categoria. “Esse é um governo sem palavra, que não
cumpriu as 13 promessas feitas à corporação na campanha eleitoral. Hoje toda
gente de bem do DF é vítima da violência por causa de um governo sem caminho.
Os cidadãos precisam reagir. Reagir contra os bandidos é quase a mesma coisa
que reagir contra o governo”, criticou.
Ela, pré-candidata ao Governo do DF, não quer levar
em conta a dependência financeira e política que Brasília tem em relação ao
Governo Federal. Eliana Pedrosa, bem informada que é, sabe que não adianta
prometer, se a presidente Dilma Rousseff se opuser – como está acontecendo
nesse caso.
A líder do governo, deputada Arlete Sampaio (PT), tentou
argumentar hoje, afirmando que “o governo elaborou uma proposta, apresentou à
categoria, e os policiais recusaram”.
Segundo ela, um soldado em início de carreira começa
recebendo salário de R$ 8 mil. Um major chega a receber R$ 19 mil. São dados
que não correspondem ao que tem sido divulgado pelos líderes dos PMs. Se isso
for verdade, a repercussão ruim do movimento, em termos nacionais, será ainda
pior.
Vários deputados anunciaram nesta terça-feira (18),
no plenário, que vão obstruir as votações de matérias do governo até que sejam
atendidas as reivindicações salariais da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros. A iniciativa foi do deputado Aylton Gomes (bombeiro), logo seguido
por Patrício (policial militar) e pelas bancadas do PDT e do PMDB.
Aylton Gomes acha que o GDF pode fazer algo em
relação aos mais de 800 soldados que estão prontos para serem promovidos a
cabos. Segundo ele, o governador só precisa pedir ao comandante-geral da PM que
faça a promoção.
Assim, teremos o resto da semana envolvido nessa
discussão. A manutenção da operação-tartaruga parece fatal. Diante disso,
esperam-se desdobramentos vindos do Governo Federal, que não vai mais ficar
assistindo essa crise de braços cruzados.
Brasília vive um dos momentos mais graves da sua
história.
Fonte:
Blog do Riella - 19/02/2014