quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Fora da disputa presidencial, Serra tem Câmara e Senado como opções


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O anúncio de José Serra de que estaria desistindo de seu projeto de candidatar-se à Presidência pelo PSDB intensificou na legenda o debate sobre seu futuro político. Ontem, dirigentes do partido em São Paulo já defendiam que ele disputasse uma vaga à Câmara dos Deputados e, assim, atuasse como uma espécie de puxador de votos. Em conversas recentes, no entanto, ele demonstrou resistência a essa alternativa.

— Essa decisão ainda não está na cabeça dele, mas ele não tem demonstrado muita intenção de disputar um cargo na Câmara — contou um serrista.

Serra não se pronunciou ontem sobre o caso. Segundo dirigentes tucanos, Serra está atualmente mais propenso a uma disputa ao Senado, hipótese que
já conta com o apoio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que disse ontem que essa opção seria "muito honrosa" e "importante para São Paulo".

Em estratégia conjunta com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Alckmin foi uma das lideranças tucanas que pressionaram Serra a anunciar sua decisão ainda este ano.

— À medida que o Serra não é candidato, o Aécio (Neves) já é o candidato, mas isso formalmente pode ser feito a qualquer momento. O Serra é preparado para disputar qualquer cargo — disse Alckmin.

Caso Serra opte por candidatu ra ao Senado, a questão terá de ser pacificada no partido. Outros tucanos demonstraram interesse pelo posto.

Ontem, no evento em que brilhou como única estrela do PSDB na apresentação de uma prévia da plataforma de governo do partido, o senador mineiro Aécio Neves, provocado, elogiou a decisão de Serra. Mas, em uma demonstração de que a corda ainda está esticada entre os dois, Serra não compareceu ao evento, e Aécio, por sua vez, não citou o colega em sua fala. Somente quando questionado posteriormente, elogiou a postura de Serra, mas sem admitir que já é o candidato do PSDB.

O senador disse que a atitude do ex-governador, afirmando nas redes sociais que o partido confirme, "sem demora" a candidatura de Aécio, foi um um gesto de "desprendimento" "na direção da unidade partidária" O senador também tentou minimizar as especulações de que a decisão teria sido tomada sem aviso prévio,

— Há uma ideia disseminada de que nós não conversamos. Ao contrário, conversamos muito mais do que muitos imaginam. Não deixo de reconhecer que é um gesto importante na direção da unidade partidária, que eu diria, de desprendimento do ex-governador, que não nos surpreende, principalmente nós que temos conversado com ele ultimamente. Só que o PSDB tem uma agenda e vai definir o momento de lançamento a partir da sua direção partidária, ouvindo cada um dos estados brasileiros — afirmou Aécio Neves, em entrevista coletiva.

Aécio apontou, no entanto, que, apesar do sinal verde dado por Serra, o PSDB pode não lançar imediatamente seu nome para a disputa ao Palácio do Planalto, O momento em que isso será feito dependerá de uma decisão mais ampla do partido, afirmou Aécio, negando que sua candidatura esteja desde já definida.

Entre serristas e aecistas, o clima era de alívio pela decisão do ex-governador de São Paulo de sair do cenário da disputa presidencial. Embora Aécio tenha construído maioria no PSDB e sua candidatura já fosse dada como certa, o acerto era que o partido só bateria o martelo em março. A combinação fazia parte do esforço para não melindrar Serra e convencê-lo a se engajar na campanha do tucano.

Em entrevista, Aécio usou o recuo de Serra como trunfo em relação ao adversários, afirmando que a unidade do PSDB existe, ao contrário dos sinais que vinham sendo emitidos nos últimos meses por causa do racha entre os dois tucanos.

— A nossa unidade é real. Para dissabor, desalento de muitos dos nossos adversários, o PSDB vai estar unido nas próximas eleições, vai apresentar projeto claro de alternância de eficiência na gestão pública, ético e ousado e, por isso, vai para o segundo turno e vai vencer as eleições — afirmou Aécio.

Fonte: O Globo