quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

CCJ rejeita recurso de deputado-presidiário

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Por unanimidade, com o voto de 46 deputados, a Comissão de Constituição e justiça da Câmara negou ontem o recurso apresentado pelo deputado-pre-sidiário Natan Donadon (sem partido-RO) contra a cassação de seu mandato aprovada pelo Conselho de Ética da Casa, no fim de novembro. Com isso, o processo por quebra de decoro parlamentar, com recomendação do Conselho de que seja cassado o mandato, será submetido novamente ao plenário da Câmara, desta vez com o voto aberto dos deputados.

A votação, no entanto, não acontecerá este ano, já que há prazos regimentais a serem obedecidos e o recesso parlamentar começa na próxima semana.

No fim de agosto, cerca de dois meses depois da prisão de Donadon, a Câmara manteve o mandado porque o quórum de 257 votos a favor da cassação não foi obtido. Na ocasião, o voto era secreto. Com a rejeição do recurso de Donadon na CCJ, o novo
processo de cassação será enviado à Mesa Diretora, que terá que aguardar, após a publicação, duas sessões plenárias para pautá-lo no plenário da Casa.

— Sabemos que não conseguiremos votar ainda este ano, essa Casa continuará sangrando por mais dois meses. Espero que os senhores deputados corrijam o erro que jamais poderíamos ter cometido — afirmou o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), que votou contra o recurso de Donadon.

Relator, o deputado Sérvio Zveiter (PSD-RJ) negou o recurso de Donadon sob o argumento de que tanto a representação do PSB quanto o processo no Conselho de Ética atenderam aos princípios constitucionais e as normas legais.

— Trata-se de processo ético disciplinar por quebra de decoro, é ato administrativo, privativo da Câmara. Não há contrariedade do princípio constitucional — disse Zveiter.

Michel Saliba, advogado de Donadon, voltou a alegar que submeter o processo por quebra de decoro novamente ao plenário da Câmara fere princípios constitucionais. Segundo ele, a Câmara já analisou em agosto a quebra de decoro, e o processo se encerrou.

Todos os partidos, no entanto, encaminharam a favor de negar o recurso. Muitos deputados ponderaram que a Casa não poderá cometer o mesmo erro, referindo-se à manutenção do mandato de Donadon.

— Essa nova votação tem função reparadora. Em agosto, o plenário atentou contra o próprio Parlamento, quando, amparado pelo manto do voto secreto, absolveu Donadon. A prisão é incompatível com o exercício do mandato — disse Chico Alencar (PSOL-RJ).

Donadon está preso no Complexo da Papuda, em Brasília. Foi condenado pelo STF a 13 anos e quatro meses de prisão por peculato e formação de quadrilha, sob acusação de desvio de verbas da Assembleia Legislativa de Rondônia, entre 1995 e 1998.

Fonte: QuidNovi / O Globo