Natan Donadon, condenado pelo Supremo,
foi afastado por Henrique Alves. Lando é ex-ministro da Previdência e ele
relatou a CPI do Collor.
Menos de 24 horas após o
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afastar
monocraticamente o deputado Natan Donadon (Sem partido-RO) do Legislativo, o
suplente imediato, Amir Lando (PMDB-RO), assumiu na tarde desta quinta (29) a
vaga aberta na bancada de Rondônia. A solenidade de posse durou menos de cinco
minutos e foi realizada em um plenário quase vazio.
Ex-ministro da Previdência e
ex-senador, Amir Lando disse que foi informado ainda na noite desta quarta (28)
que iria ocupar o assento de Donadon. O secretário-geral da Casa, Mozart Viana,
ligou para Lando minutos depois de Alves anunciar no plenário o afastamento do
parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na noite desta quarta, os
deputados federais rejeitaram, em votação secreta, a cassação do mandato de
Donadon. O parlamentar está preso desde
28 de junho no Complexo Penitenciário
da Papuda, em Brasília, onde cumpre pena de 13 anos devido à condenação por
peculato e formação de quadrilha.
Na sessão, 233 deputados
votaram a favor do parecer aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça,
favorável à cassação. O número foi insuficiente para a perda do mandato, que
exige ao menos 257 votos. Outros 131 deputados votaram pela manutenção do mandato
de Donadon e 41 se abstiveram.
Apesar de a Câmara ter salvo
o cargo eletivo do parlamentar de Rondônia, Alves surpreendeu os colegas de
Legislativo ao determinar o afastamento de Donadon e convocar o suplente
imediato.
Amir Lando relatou ter
acompanhado pela TV Câmara toda a sessão que analisou o requerimento de
cassação. Segundo o novo deputado federal, ele não se surpreendeu com o
resultado favorável a Donadon.
O substituto de Donadon
ressaltou que, ao longo da sessão, se convenceu de que o deputado condenado
pela Suprema Corte ia conseguir manter o mandato. De acordo com Lando, o
discurso de Donadon, com relatos de sua vida na prisão e das dificuldades
financeiras enfrentadas por sua família, “sensibilizou” o plenário.
“Todo mundo sabia que ia
acontecer isso. Eu que estava em casa assistindo pela televisão vi que o
resultado era esse. e ninguém naquele momento levantou a mão e disse ‘vamos
parar com essa cena, com essa farsa’, como veio a posteriori. Mas depois do
fato consumado não adianta chorar o leite derramado”, disse Lando, logo após
entregar à Secretaria-Geral da Câmara a documentação necessária para assumir o
mandato.
A posse
No momento em que o suplente de Donadon tomou posse, a Mesa Diretora estava sendo presidida pela deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Com a mão direita erguida, Lando fez o juramento testemunhado pelos novos colegas de parlamento.
“Prometo manter, defender e
cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo
brasileiro e sustentar a união, a integridade e independência do Brasil”,
disse.
Tendo obtido apenas 8.593 na
eleição de 2010, Lando ficou como suplente na coligação integrada por PDT,
PMDB, DEM, PRTB e PC do B. O novo parlamentar de Rondônia contou nesta quinta
que, após a derrota nas urnas, se dedicou ao seu escritório de advocacia em
Porto Velho (RO). "Eu não roubei. Quem não rouba tem de trabalhar",
ironizou.
Natural de Concórdia (SC), o
advogado Amir Lando ingressou na carreira política em 1982, quando foi eleito
deputado estadual. Quatro anos mais tarde, se elegeu suplente do senador Olavo
Pires. Com a morte do titular, em 1990, ele assumiu a cadeira no Senado.
Em 1992, relatou a CPI que
investigou as denúncias contra o então presidente Fernando Collor de Mello. O
parlamentar de Rondônia também comandou o Ministério da Previdência durante o
primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A passagem de Lando
pelo primeiro escalão lhe rendeu um processo por improbidade administrativa.
Ele e Lula foram acusados
pelo Ministério Público Federal por suposto favorecimento ao banco BMG,
envolvido no esquema do mensalão. No entanto, no ano passado, a Justiça Federal
determinou a extinção com o argumento de que um ex-presidente não poderia ser
acusado de improbidade após o fim de seu mandato.
Fonte: G1