quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Lula chora em ato do PT e diz que se entrega a pé se provarem corrupção

Ex-presidente diz ter consciência tranquila sobre acusações do MPF. Procuradores afirmam que Lula era o 'comandante' da Lava Jato.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chora durante discurso sobre a denúncia do MPF contra ele e sua esposa Marisa Letícia por crimes de corrupção, em SP (Foto: Nelson Antoine/FramePhoto/Estadão Conteúdo)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quinta-feira (15), a denúncia do Ministério Público Federal, que o acusa de ser o "comandante máximo" da Lava Jato, além de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina. "Provem uma corrupção minha que irei a pé para ser preso."
Em evento do diretório do PT em São Paulo, com a presença de várias lideranças políticas e de movimentos sociais, Lula voltou a negar irregularidades e afirmou que ganhou o direito de "andar de cabeça erguida" no país. Ele chegou a chorar em alguns momentos do discurso.
"Todas essas denúncias, tenho a consciência tranquila, e mantenho o bom humor, porque me conheço, sei de onde vim, sei para onde vou, sei quem me ajudou a chegar onde estou, sei quem quer que eu saia, sei quem quer que eu volte."
Lula disse falar como um "cidadão indignado", e não como político. "Nunca pensei em passar por isso." Para o ex-presidente, "construíram uma mentira" e agora é hora de "concluir a novela". "Vão agora dar o desfecho, acabar com a vida política do Lula. Não existe outra explicação para o espetáculo de pirotecnia que fizeram ontem [quarta]."
Para Lula, a lógica de coletivas de imprensa como a do MPF é dar manchete, "mostrar quem vamos demonizar. Isso acontece desde 2005". "O PT é tido como partido que tem que ser extirpado da política brasileira." Ele questionou como se convoca uma entrevista para apresentar a prova de um crime e diz: "Eu não tenho prova, mas tenho convicção". "Eu não posso dizer que convicção eu tenho deles."
O ex-presidente defendeu o fortalecimento do Ministério Público e da Polícia Federal, mas disse que é preciso ter responsabilidade. "Respeito as instituições e respeito as leis. Vou prestar quantos depoimentos quiserem. É só me chamar", afirmou.
"Quando eu transgredir a lei, me punam para servir de exemplo. Mas quando eu não transgredir, procurem outro para criar problema." O ex-presidente declarou ainda que "ninguém está acima da lei, nem um ex-presidente, nem um procurador da República, nem um ministro do Supremo Tribunal Federal".
Lula disse não tem espaço para ficar triste. Com lágrimas nos olhos, o ex-presidente afirmou que "sabe o que é, num domingo de chuva, com cinco irmãos, em São Bernardo do Campo, esperando a hora do almoço sem ter um bocado

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Governadores ameaçam decretar estado de calamidade por falta de recursos

Evitados pelo presidente Michel Temer ontem, governadores das regiões Norte e Nordeste reclamam que não terão recursos sequer para pagar os servidores. Rollemberg afirma que não é momento para reajustar salários do Judiciário

Reunião com a presidente do STF, na manhã de ontem, durou mais de 5 horas.
Cármen Lúcia diz que fará encontros a cada 60 dias
Governadores de pelo menos 14 estados ameaçam decretar estado de calamidade pública por falta de recursos a partir da semana que vem, declarou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), ao deixar reunião com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Os líderes dos estados pedem R$ 7 bilhões do Fundo de Participação dos Estados (FPE) como forma de auxílio emergencial.

Segundo o governador do Piauí, estados das regiões Norte e Nordeste pediram uma reunião com o presidente Michel Temer para informá-lo da situação caótica dos estados, mas não obtiveram retorno. “Corremos o risco de atrasar folha de pagamento e cair no crime de responsabilidade fiscal”, disse Wellington Dias. O piauiense afirmou que, no entanto, o ministro Meirelles não tem proposta para atender as demandas. “Ficará um ambiente ruim para o país”, disse.

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, afirmou que o problema vai além dos atrasos das folhas de pagamento. “Tínhamos dinheiro até agosto,

Depoimento de Léo Pinheiro sobre propina complica situação de Gim Argello

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente da OAS afirma que os R$ 350 mil repassados a uma paróquia de Taguatinga não se tratavam de doação. Segundo o executivo, dinheiro foi dado em troca de uma blindagem contra convocações na CPI da Petrobras

O ex-presidente da OAS José Adelmario Pinheiro, o Léo Pinheiro, prestou um depoimento não previsto inicialmente na ação penal contra o ex-senador Gim Argello (ex-PTB-DF) e complicou a situação do parlamentar. Preso desde 12 de abril, o ex-vice-presidente da CPI mista da Petrobras e ex-vice-líder do governo Dilma, às vésperas do fim do processo criminal, foi acusado de exigir propina em troca de proteção da comissão de inquérito. A partir de 5 de outubro, o juiz da Lava-Jato no Paraná, Sérgio Moro, deve receber as alegações finais da acusação e das defesas dos réus para começar a escrever a sentença do caso.

Durante cerca de duas horas, o ex-presidente da OAS acusou Gim; o ex-presidente da CPI da Petrobras, ex-senador pelo PMDB e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo Filho; e o deputado Marco Maia (PT-RS); de pedirem dinheiro em troca de blindagem no Congresso. Ele afirmou que até o então ministro das Relações Institucionais do governo Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, exigiu que as empreiteiras colaborassem com a comissão de inquérito a fim de não prejudicarem o Poder Executivo (leia mais na página 3). Todos têm negado as acusações, como fizeram ontem depois do depoimento de Léo Pinheiro — já condenado a 16 anos de prisão por corrupção em esquemas na Petrobras, detido no Paraná sob acusação de pagar propina a parlamentares e personagem de uma fracassada tentativa de delação premiada com o Ministério Público.

Segundo a acusação do MP, Gim pediu R$ 35 milhões a sete empreiteiros, e obteve pelo menos R$ 7,2 milhões, a fim de protegê-los na CPI. De acordo com Léo Pinheiro, ele não estava sozinho na empreitada, e sempre era acompanhado por Vital.

Na audiência com Sérgio Moro, Léo Pinheiro afirmou que os pagamentos feitos a Gim — que totalizaram R$ 350 mil — eram propina, e não apenas uma doação a uma paróquia de Taguatinga que ele congregava. “Eu tratei com o senador Gim Argello”, contou o ex-executivo. “Ele me pediu o valor. Eu disse que daria. Ele me disse que era entidade religiosa que ele tinha relacionamento e que

Justiça quebra sigilo da Operação Drácon e manda devolver dinheiro a Cristiano Araújo

Crédito: André Violatti/Esp.CB/D.A Press
O desembargador José Divino, relator da Operação Drácon, autorizou o acesso de todo o conteúdo da investigação sobre suposta cobrança de propina para aprovação de emenda parlamentar na Câmara Legislativa, aos envolvidos no caso e seus advogados.
O pedido foi feito pelo deputado Raimundo Ribeiro, um dos investigados, e pela Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB/DF).

José Divino também autorizou a devolução da quantia de R$ 16 mil apreendida, no dia da deflagração da Operação Drácon, debaixo do banco do carro do deputado Cristiano Araújo (PSD). O distrital afirma que o dinheiro foi sacado de sua conta corrente. Seria o salário que recebe como deputado distrital.

O Ministério Público opinou contra a devolução do dinheiro a Cristiano Araújo por considerar esdrúxulo o fato de o deputado portar R$ 16 mil em dinheiro e debaixo do banco do carro.

O desembargador discordou: “É público e notório que CN (Cristiano Nogueira), além de parlamentar, é empresário bem sucedido, de maneira