quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Nem tudo são flores…

No seminário de ambientação na Câmara Legislativa, quando os novos deputados são informados sobre a vida de parlamentar, o recém-eleito Dr. Michel (PSL) surpreendeu os colegas com a reação ao que considerou uma má notícia: o salário a que todos eles passarão a ter direito a partir de janeiro. Como delegado em final de carreira, Michel recebe algo em torno de R$ 18 mil mensais. E não conseguiu esconder sua decepção ao saber que, como distrital, receberia meros R$ 12 mil. As reclamações ficaram ainda mais enfáticas quando ele ouviu de alguém que teria obrigatoriamente de abrir mão de sua remuneração atual em troca da de parlamentar.
A boa notícia para o delegado é que, por lei, servidores públicos podem optar por manter o salário de origem ou receber o de deputado. Para boa parte, o contra-cheque original é mais vantajoso. O distrital Chico Leite (PT), por exemplo, mantém seu salário de promotor. O mesmo ocorre com outros delegados na Casa, como Alírio Neto (PPS). Logo, dr. Michel pode ficar tranquilo. Virar deputado ainda se mantém um bom negócio.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Saiba detalhes do desempenho de Tiririca nas provas de leitura e QI

Eleito deputado federal com 1,3 milhão de votos, o comediante Francisco Everardo, o Tiririca, teve de provar na Justiça que sabe ler e escrever, exigência da Constituição para se candidatar a cargo eletivo. O “Fanstástico” teve acesso a detalhes das provas de leitura e QI aplicadas ao comediante, que contratou especialistas para se preparar para os testes.
Os resultados mostram que ele errou oito de dez palavras em um ditado, ignorou o “s” das palavras e demorou cerca de três minutos para ler uma manchete e duas linhas de um jornal. No entanto, em um teste aplicado posteriormente, o desempenho melhorou e ele foi considerado apto a tomar posse como deputado. O Ministério Público afirmou que vai recorrer.
Depois das eleições, Tiririca evitou aparições públicas. Ele passou o mês de outubro em São Paulo, onde se reuniu com especialistas que fizeram todo tipo de teste para avaliar se ele sabia ler e escrever. Foram encontros reservados, aos fins de semana e feriados.
A principal missão era avaliar o senhor Francisco Everardo sobre o ponto de vista global. Então, não só se ele era capaz de ler e escrever, mas como ele era capaz"
Fonaudióloga Ana Alvarez
“A principal missão era avaliar o senhor Francisco Everardo sobre o ponto de vista global. Então, não só se ele era capaz de ler e escrever, mas como ele era capaz. Foram aplicados testes de inteligência. De QI mesmo”, explicou a fonaudióloga Ana Alvarez, contratada por Titirica para aperfeiçoar a leitura até os testes que seriam aplicados pela Justiça.
O Quociente de Inteligência, ou QI, mede a capacidade intelectual. Segundo especialistas contratados por Tiririca, o dele está na média. Mas a avaliação revelou uma doença que atrapalha a leitura, a escrita e a habilidade de fazer contas.
Essas deficiências poderiam prejudicar Tiririca, também, diante do juiz, na hora de ele mostrar se sabe ou não ler e escrever. No entanto, o comediante contou com ajuda profissional para melhorar o seu desempenho.
“Ele provavelmente ainda tem certa dificuldade, mas nós orientamos como ele deveria fazer melhor. Nós fizemos recomendações de alguns exercícios que ele poderia fazer para, por exemplo, armazenar com facilidade, para ler com maior eficiência ”, disse a fonoaudióloga.
Desempenho
Na primeira parte da prova aplicada ao comediante pela Justiça, o juiz ditou um trecho de um livro jurídico. Das dez palavras principais do texto, Tiririca errou oito e acertou apenas duas. As palavras que o comediante teve de escrever foram: promulgação, código, eleitoral, fevereiro, trazendo, grandes, novidades, criação, justiça e eleitoral.
“Às vezes um palavra que é com c-cedilha, às vezes, ele escreve com dois esses, ou vice-versa. Mas é perfeitamente legível e compreensível aquilo que ele escreve”, justificou o advogado de Tiririca, Ricardo Vita Porto.
Além dos erros de ortografia, Tiririca demorou oito minutos para escrever a frase completa. Ele teve dificuldades na hora em que o juiz leu “mil novecentos e trinta e dois”. Foi preciso soletrar os números.
Para o promotor Maurício Lopes, o resultado do ditado foi “sofrível”. Nos testes, foi mostrada ainda uma página de jornal. Tiririca demorou três minutos para ler o título e duas linhas. Ele também ignorou o “s” das palavras “lojas”, “produtos”, “vencidos”, “supermercados” e “multas”.
O comediante trocou ainda algumas palavras. “Punidas” virou “unidas”, “reincidentes”, virou “reincidiu”. Em vez de “infração”, ele leu “inflação”. Tiririca não soube explicar o que dizia o texto.
“Imagina a tensão de você estar numa sala com juiz, promotor, sendo questionada a sua alfabetização. Evidentemente que ele teve um desempenho muito pior do que aquele que ele comumente apresenta”, disse o advogado de Tiririca.
O juiz deu mais uma chance ao deputado eleito. Em um novo teste, foi apresentado um texto que falava de um filme sobre Ayrton Senna, corredor brasileiro de Fórmula 1 que morreu em 1994. Tiririca se saiu melhor na leitura e só cometeu uma falha: a rivalidade “com [Alan] Prost” virou, na leitura do comediante, uma rivalidade “composta”. Mas ele se corrigiu.
“Ele entende por volta de 60% de todos os elementos que são os mais importantes da leitura. Mas o que é mais importante do que isso é que, com a retomada da leitura, ele entende 100%”, disse a fonoaudióloga.
Imagina a tensão de você estar numa sala com juiz, promotor, sendo questionada a sua alfabetização. Evidentemente que ele teve um desempenho muito pior 
advogado de Tiririca, Ricardo Vita Porto
Tiritica terminou o teste de leitura escrevendo uma frase por conta própria. “Eles escreveu ‘não sou analfabeto’”, contou o advogado. Por orientação da fonoaudióloga, o comediante usou letra de forma para redigir a frase.
“Porque ele teria maior facilidade e maior rapidez para escrever”, explicou a especialista.
Para o juiz que aplicou os testes, Tiririca sabe ler, apesar da dificuldade da escrita. Ele não é totalmente analfabeto e, por isso, pode ser deputado.
Dificuldades
Para o cientista político Humberto Dantas, o comediante terá dificuldades na atuação como parlamentar. “Ele terá dificuldades no que diz respeito a uma série de atribuições do seu cotidiano e terá naturalmente que contar com a ajuda de sua assessoria”, afirmou.
Francisco Everardo toma posse em fevereiro, de terno e gravata. Mas nada impede que ele use peruca e o chapéu de Tiririca.

Após quatro anos, Palocci volta ao núcleo do poder.

Deputado foi absolvido da acusação de mandar quebrar sigilo
de caseiro. Ele integrou o comando da campanha da presidente
eleita Dilma Rousseff
Quatro anos depois do escândalo que o derrubou do ministério da Fazenda, Antônio Palocci, 50 anos, volta ao primeiro escalão do governo federal como um dos principais nomes do governo da presidente eleita Dilma Rousseff (PT).
No início do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele foi acusado de ordenar a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que havia prestado depoimento na CPI dos Bingos relatando que tinha visto Palocci em reuniões com lobistas em uma mansão em Brasília.
Afastado do governo e com o nome fora da lista de cotados para a sucessão do presidente Lula, Palocci assumiu um mandato na Câmara dos Deputados, onde teve atuação discreta, longe dos holofotes.
No Parlamento, concentrou boa parte de sua atuação na Comissão de Finanças e Tributação, relatando projetos ligados à área econômica importantes para o governo, como a reedição da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CMPF). A proposta seria aprovada na Câmara e derrubada no Senado, resultando numa das maiores derrotas do governo Lula no Congresso.
Durante esse período, lançou um livro de memórias sobre seus dias no poder, apontando ter sido vítima de uma campanha da oposição e fazendo um “mea culpa” sobre sua atuação no ministério.Em agosto do ano passado, foi absolvido da acusação de quebra de sigilo pelo Superior Tribunal Federal (STF). No início deste ano, a Justiça tomaria outra decisão favorável a ele, rejeitando a denúncia do Ministério Público sobre a chamada “máfia do lixo”, escândalo que atingiu sua gestão na prefeitura de Ribeirão Preto.
O escândalo, de 2006, apontava um suposto esquema de pagamentos de propina por parte do Grupo Leão Leão, concessionário da limpeza urbana no município. Absolvido pela Justiça, credenciou-se para voltar à cena política. Chegou a ser cotado para disputar o governo de São Paulo nas eleições deste ano, mas acabou integrando a cúpula de campanha de Dilma.
Manteve o estilo discreto, avesso a entrevistas, e, ao lado do presidente do PT, José Eduardo Dutra, e do deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP), formou o chamado “núcleo duro” da campanha. O trio, que recebeu o apelido de “os três porquinhos”, foi contemplado com a coordenação política da equipe de transição do governo.
Formado em medicina, Palocci é filiado ao PT desde 1980. Antes de assumir a prefeitura de Ribeirão Preto, foi vereador na cidade e deputado estadual.

Gim quer propor maior controle de recursos orçamentários

Da Agência Brasil: O senador Gim Argello (PTB-DF), relator-geral da Comissão Mista de Orçamento, disse nesta segunda-feira (6) que pretende propor no seu relatório mecanismos para aprimorar o controle da destinação de recursos orçamentários. O relator-geral reconheceu que há deficiências na fiscalização do uso dessas verbas. “Volta e meia aparecem problemas com liberações de emendas parlamentares e, se mexerem nisso, é capaz de encontrarem mais”, disse Gim.
O jornal O Estado de S. Paulo publicou denúncias de que parlamentares, inclusive o relator-geral, teriam destinado recursos de emendas  para entidades de fachada. De acordo com o jornal, só Gim Argello teria destinado R$ 3 milhões para institutos de eventos culturais inexistentes.
O parlamentar disse que atendeu a pedidos de entidades culturais de oito cidades carentes de Brasília e encaminhou emenda ao Ministério da Cultura no valor de R$ 500 mil para beneficiar um grupo de reggae. “O Ministério da Cultura escolheu as empresas [que receberiam os recursos], todas têm cadastro no ministério, eles realizaram o evento e apresentaram a prestação de contas, como eu vou ficar sabendo disso [que seriam empresas fantasmas]?”, disse o parlamentar.
Ele acrescentou que cabe ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao governo federal, por meio de seus órgãos controladores, investigar a idoneidade dessas empresas beneficiados com recursos orçamentários. Ele lembrou que o Ministério Público também tem essa prerrogativa.
O jornal paulista também aponta o nome de outros parlamentares de São Paulo, da Bahia e de Goiás que destinaram recursos de suas emendas para projetos que apresentaram prestações de contas superfaturadas, endereços falsos e uso de “laranjas” (pessoas que são utilizadas geralmente como gestores de entidades para esconder o nome do verdadeiro dono).
Entre esses parlamentares, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, estão os deputados Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO), Sandro Mabel (PR-GO), Rodovalho (PP-DF) e Laerte Bessa (PSC-DF).
O deputado Rodovalho explicou, por meio de sua assessoria, que não costuma destinar emendas diretamente para institutos ou organizações não governamentais (ONGs). “O deputado tem como praxe colocar as emendas na modalidade 99, que estabelece que o ministério correspondente define para quem irão os recursos. Nesse caso, não há nenhuma ingerência do parlamentar”, disse o assessor Rodrigo Delmasso.
Já o deputado Carlos Alberto Lereia explicou, também por meio de sua assessoria, que destina as emendas diretamente para o município, que envia os recursos para as entidades. A assessoria procura, agora, saber qual município destinou os recursos para as entidades citadas na reportagem, mas afirma que não houve interferência do parlamentar nesse processo.
O deputado Sandro Mabel está fora do país até o fim da semana. A assessoria deve divulgar uma nota com explicações até o fim do dia. O deputado Laerte Bessa não estava na Câmara quando procurado pela Agência Brasil. A assessoria informou que ele dará explicações sobre o assunto ainda hoje.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pedidos distintos para partidos e distritais

As negociações para composição do novo governo terá uma dificuldade a mais para o governador eleito Agnelo Queiroz (PT). Ao longo da campanha, o PT fez acordos e acenos com dois tipos de aliados: com os partidos e com os deputados distritais diretamente. Agora, na hora de esboçar o desenho do governo, as demandas surgem duplicadas. Um exemplo é o PPS. Fala-se em ceder a Secretaria de Justiça para o deputado Alírio Neto. A nomeação, entretanto, não atende às demandas do partido, que não a considera sua cota na partilha. “Isso é um acordo com o Alírio, nada tem a ver com o PPS”, argumenta um correligionário.
O mesmo acontece com o PTB. O partido espera seu quinhão no GDF, mas não inclui, por exemplo, a Secretaria de Trabalho. A pasta é, hoje ocupada por indicações do distrital Cristiano Araújo, que deseja mantê-la sob sua influência. “Houve conversas com distritais e com partidos realmente, mas o governador tem conhecimento da situação e saberá conciliar as demandas dobradas”, acredita o líder do governo de transição, Paulo Tadeu (PT).