terça-feira, 1 de maio de 2018

MP vai acompanhar estudo do GDF sobre saúde de ex-catadores do Lixão


O depósito de lixo a céu aberto fechou as portas em 20 de janeiro, após quase 60 anos de funcionamento


O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) vai acompanhar o estudo do Governo do Distrito Federal (GDF) de acompanhamento da saúde dos catadores que trabalhavam no Aterro do Jóquei, mais conhecido como Lixão da Estrutural. Desativado desde de 20 de janeiro, o depósito de lixo a céu aberto funcionou durante quase 60 anos e era a fonte de renda de mais de 2 mil pessoas.  

A decisão partiu da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Prodema), que cobrava do GDF um estudo epidemiológico dos catadores, para traçar o perfil deles e iniciar reparação socioambiental. Em 26 de abril, um termo de
cooperação técnica entre o GDF, a Universidade de Brasília (UnB) e a Escola Superior de Ciência da Saúde (ESCS) foi assinado para dar início ao acompanhamento.  

O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, compareceu à solenidade para assinar o termo de cooperação. De acordo com ele, o projeto permite mudança na qualidade de vida dos trabalhadores e que o monitoramento também faz parte do programa de desativação do lixão.

O levantamento, nomeado de Água ambiente e Saúde: o impacto na condição de vida dos catadores de materiais recicláveis, é inédito na capital. O programa está sendo desenvolvido por professores e estudantes do programa de extensão Pare, Pense, Descarte, do Campus Ceilândia da UnB. Nessa primeira etapa, o projeto entrevistou e submeteu a exames de sangue, pesagem e medição de altura 1.083 catadores. Estudantes estagiários da ESCS na Unidade Básica de Saúde 3 da Estrutural fizeram a coleta dos materiais.  

Segundo o MPDFT, a partir dos exames, será possível acompanhar de forma individual cada participante, e, então, permitir tratamento específico para cada caso. A segunda etapa do projeto terá uma valiação qualitativa do impacto direto do trabalho no lixão no aparecimento de doenças crônicas. 

O promotor à frente da Prodema, Roberto Carlos Batista, frisa que além da questão ambiental, é preciso avaliar a complexidade dos impactos sociais e acompanhar o estado de saúde dos catadores, para garantir condições dignas a eles.

Confira os dados coletados a partir da primeira análise: 

67% dos entrevistados são do sexo feminino e 33% do masculino; 

57,6% têm idade entre 31 e 50 anos; 

87,6% se autodeclararam pretos ou pardos; 

80% têm até ensino fundamental completo; 

61,6% são solteiros; 

63,1% têm dois filhos ou mais; 

75,4% exercem a atividade de catadores há mais de seus anos; 

20% atuam como catadores há mais de 16 anos; 

67% afirmaram ter sofrido acidente no local de trabalho.  

Com informações do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)