No pedido de abertura de inquérito ao
STF, Rodrigo Janot afirma que Michel Temer também deu anuência para a compra de
silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha
![]() |
Segundo a PF, Temer atuou para embaraçar investigações |
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem um prazo de mais cinco dias
para apresentar uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer por
organização criminosa e obstrução de Justiça. Esses dois crimes foram
confirmados pela Polícia Federal, após a conclusão da perícia nos áudios da
conversa entre o empresário Joesley Batista e o presidente, no Palácio do
Jaburu. O relatório da PF foi entregue na noite desta segunda-feira (26/6) ao
ministro Edson Fachin, que o despachou imediatamente para a PGR.
A PF
concluiu que o presidente Michel Temer atuou para embaraçar investigações. O
documento diz ainda que Temer deixou de comunicar as autoridades sobre suposta
corrupção de membros do Judiciário e do Ministério Público. Para os delegados,
a única interpretação possível, a partir dos diálogos do presidente com
Joesley, é de que o presidente incentivou a continuação de pagamentos para
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, para que este ficasse
em
silêncio. O relatório da PF sobre as relações de Temer com a JBS foi enviado ao
tribunal na tarde de hoje.
No
pedido de abertura de inquérito feito ao Supremo, o procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, afirmou que Temer deu anuência para a compra de
silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e seu operador Lucio Funaro, ambos
presos. Entre outros elementos, Janot se baseou em parte de um diálogo do
presidente com o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu para sustentar
que houve obstrução de Justiça.
O
relatório reconhece que os diálogos não são explícitos, o que não afasta a
conclusão de obstrução de justiça. “Os termos do diálogo [no Jaburu], conquanto
não sejam explícitos –como costumam não ser em conversas desse jaez–, têm como única
interpretação possível, a seguinte: o Exmo. Sr. Presidente da República
entendeu que o 'bom relacionamento' aludido por Joesley encerrava a ideia de
apoio financeiro prestado a Eduardo Cunha e, assim, inequivocamente, incentivou
a sua manutenção com as expressões 'tem que manter isso, viu?', seguindo-se a
complementação do empresário: 'todo mês'", afirmou a PF.
Na
semana passada, Fachin já havia notificado Janot quanto ao processo de
corrupção passiva que também envolve o presidente Temer. Por envolver um réu
preso – no caso, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures – o prazo expresso por lei
é de 5 dias que vence amanhã. Desde o início, Janot traçou a estratégia de
desmembrar os inquéritos, como uma tentativa de dificultar a defesa do governo
na Câmara. Para rejeitar a abertura de Inquérito, o Planalto precisa de 172
votos entre os 513 deputados.
Fonte:
Correio Braziliense