quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Campanha eleitoral deste ano promete ser mais curta e barata que as anteriores

Minirreforma Eleitoral aprovada no ano passado reduziu tempo de campanha, proibiu doações eleitorais de empresas e reduziu os custos oficiais das campanhas, que começaram nesta terça.

Começou nesta terça-feira (16) a campanha eleitoral planejada para ser mais curta, barata e fiscalizada que as anteriores.
As regras definidas pela chamada Minirreforma Eleitoral (Lei 13.165/15), aprovada pela Câmara em 2015, reduziram o tempo de campanha de 90 para 45 dias e o período de propaganda no rádio e na TV de 45 para 35 dias.
A lei também proibiu as doações eleitorais por empresas e reduziu os custos oficiais das campanhas, que serão financiadas exclusivamente por pessoas físicas e recursos do Fundo Partidário.
Mas os doadores só poderão gastar 10% dos rendimentos brutos do ano anterior. Os candidatos também terão que gastar menos que o maior valor declarado pelos candidatos na última eleição.
O Tribunal Superior Eleitoral anuncia uma força-tarefa com integrantes da Receita Federal e do Banco Central para fiscalizar as prestações de contas, que dessa vez serão apresentadas pelos próprios candidatos e não mais por
tesoureiros da campanha.
O ministro Admar Gonzaga, do TSE, justificou as restrições ao financiamento privado e o estabelecimento de teto de gastos.
"As campanhas estavam cada vez mais caras, os candidatos se transformando em produtos e se afastando do eleitor com suas propostas. Então isso já não tinha mais sentido. E também empresas que, naturalmente, muito interessadas na vitória deste ou daquele candidato, acabavam fazendo grandes contribuições e muitas delas a gente via que tinham recebido dinheiro de bancos de fomento estatal".
A lei também regulamentou o uso da Internet, permitindo campanha em sites, redes sociais, aplicativos e mensagens. Só não podem divulgar boatos, calúnias e nem usar robôs.
Também é proibido pagar pela divulgação de mensagens.
Especialistas preveem que a redução de custos vai ter impacto nas campanhas.
Para o publicitário Cacá Soares, coordenador de campanhas eleitorais, a redução do período de propaganda na TV vai forçar uma mudança de estratégia dos candidatos, que terão que investir mais na internet.
"Isso vai reduzir o impacto que a TV tenha em relação às estratégias anteriores. Então isso força uma ação de rua mais intensa, uma ação de rede social mais intensa, uma estratégia também focada numa ação de comunicação de curto prazo. Eu diria assim: é como se fosse uma corrida de 100 metros rasos. Os candidatos já tem que sair com velocidade total porque o tempo é muito curto".
Mas os gastos oficiais menores e um maior controle das prestações de contas do TSE podem ter outra consequência, segundo o advogado Carlos Enrique Caputo Bastos, especialista em legislação eleitoral: o risco de aumentar o volume de recursos não declarados.
"Essa é uma questão bastante controversa. O Supremo Tribunal Federal, apesar de ter definido a regra da proibição do financiamento eleitoral por parte das pessoas jurídicas, o que muito se vem discutindo na doutrina é que eventualmente essa proibição poderá levar à formação de caixa dois".
A lei também prevê a impressão do voto eletrônico para eventual recontagem. O dispositivo havia sido vetado pela presidente Dilma Rousseff, veto depois derrubado pelo Congresso.
A campanha no rádio e na televisão começa em 26 de agosto.

Reportagem — Antonio Vital


FONTE: RADIO AGÊNCIA