Segundo consulta feita pelo Correio, a
primeira revisão do equipamento é feita aos mil quilômetros e custa R$ 750
GDF descartou as motos, já com a marca do Detran, e pediu que as novas sigam "princípios de austeridade e de economicidade" |
A
compra das 14 motocicletas da marca alemã BMW — modelo F 800 GS —, que iam para
o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), está suspensa. A
decisão é do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). O
socialista pediu ao órgão justificativas técnicas para aquisição das unidades.
E, na manhã de ontem, após analisar o material e ouvir especialistas sobre a
possibilidade de adquirir outras mais econômicas, terminou com o processo. O
valor de cada uma ficou em R$ 46.324 e o preço total alcançou a cifra de R$
648.536.
A
previsão era de que as motocicletas chegassem ao Detran até a segunda quinzena
de fevereiro. Elas já estavam com o nome e o emblema do órgão. O GDF não soube
detalhar o que vai fazer com as motocicletas. Sobre o trâmite, o Executivo
informou que o dinheiro do órgão fiscalizador brasiliense ainda não havia sido
liquidado para a compra. O processo será encaminhado para análise da Procuradoria-Geral
do Distrito Federal (PGDF). Até a tarde de ontem, a documentação não tinha
chegado ao órgão.
Em
nota, o governo detalhou que o Detran deverá reavaliar as especificações das
motocicletas. “As novas unidades terão de observar os critérios técnicos para
reposição da atual frota, de forma a atender adequadamente às necessidades para
fiscalização de trânsito em todo o Distrito Federal, mas também devem seguir
princípios de austeridade e de economicidade.”
Mas
não é só a venda das motos de luxo que pesa no orçamento público. A revisão do
veículo de luxo duas rodas ultrapassa a média de manutenção de um quatro rodas.
Uma pesquisa feita pelo Correio em concessionárias especializadas na marca
revela que a motocicleta BMW F 800 GS tem dois anos de garantia. No entanto, a
primeira revisão (e mais barata) precisa ser feita com mil quilômetros e custa
R$ 750. Depois, a manutenção é feita a cada 10 mil quilômetros.
Quanto
maior a quilometragem, mais alto é o custo. Na mesma empresa consultada, no Setor
de Indústria e Abastecimento (SIA), a revisão da mesma motocicleta com 40 mil
quilômetros rodados custa entre R$ 1,3 mil e R$ 1,6 mil, com base no plano de
manutenção da marca. Se tiver peças desgastadas, o valor aumenta. Em outra
concessionária especializada, em Goiânia, só a vistoria da moto com 40 mil
quilômetros fica em R$ 923. Segundo uma das funcionárias, o trabalho básico
envolve troca de óleo, filtro de ar e óleo do cardan. O preço dos três serviços
juntos, mais a manutenção, chega a R$ 1,2 mil. Para se ter uma ideia, a revisão
de um HBV 20 Hatch 1.6 automático, de 40 mil quilômetros, custa R$ 577, com
peças, mão de obra e lavagem.
Pistolas
taser
Segundo
o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Atividades de Trânsito,
Policiamento e Fiscalização de Trânsito das Empresas e Autarquias do DF
(Sindetran-DF), Fábio Medeiros, a entidade vai acompanhar os desdobramentos com
a direção do órgão. “Ficamos sabendo pela imprensa. Essa é uma decisão
precipitada porque o governador se baseia em informações da mídia e pressão
popular. Não procurou ver o processo nem as necessidades do órgão”, reclamou.
Não
é a primeira vez que o Detran adquire equipamentos e não os utiliza. Em 2011, o
órgão comprou 220 pistolas tasers, cada uma avaliada na época em,
aproximadamente, R$ 1.416. A discussão de porte de arma de agentes e a reação
da sociedade e de entidades contra o uso do material levaram o governo a
suspender a medida. As pistolas ficaram encaixotadas. O Correio tentou falar
com algum porta-voz do Detran para esclarecer a suspensão, mas a informação foi
de que o governo se pronunciaria apenas por meio de nota. O Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) confirmou que a denúncia do morador
do DF contra a aquisição das unidades para o Detran chegou ao setor de apoio da
Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), será
cadastrada e, depois, distribuída ao promotor.
Fonte:
Correio Braziliense