terça-feira, 11 de agosto de 2015

CPI do BNDES: relator promete investigação sem blindagem nem palanque político

Cerca de 70 requerimentos já foram apresentados à CPI; roteiro dos trabalhos será divulgado nesta terça-feira.
Relator da CPI do BNDES promete investigação técnica, sem "blindagem" nem "palanque político". A reputação de um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, segundo ele, também será preservada. Cerca de 70 requerimentos já foram apresentados à CPI. O deputado José Rocha, do PR baiano, vai divulgar, nesta terça-feira, o roteiro dos trabalhos da CPI, instalada na semana passada.
Caberá à comissão investigar empréstimos, considerados suspeitos, que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social concedeu a empresas de fachada e a empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Só em relação às empreiteiras, o total dos empréstimos chegou a quase R$ 2,5 bilhões, entre 2003 e 2014. Outro foco das investigações estará nos empréstimos classificados como secretos, concedidos a países como Angola e Cuba. Em entrevista ao programa "Com a Palavra", da Rádio Câmara, nesta segunda-feira, o relator José Rocha afirmou que
vai conduzir a investigação de forma técnica:
"Será um trabalho técnico que vai procurar investigar, a fundo, todas essas denúncias. Vamos formar um corpo técnico que possa nos assessorar em todos os segmentos da CPI e vamos iniciar os nossos trabalhos ouvindo, primeiramente, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que já se prontificou, por meio de carta enviada à CPI, colocando-se à disposição para ser ouvido."
O comando da CPI é pluripartidário: além da relatoria, que ficou com o PR de José Rocha, a comissão será presidida pelo deputado Marcos Rotta, do PMDB do Amazonas. As três vice-presidências ficaram com PSDB, PT e PRB. Diante do tema polêmico a ser investigado e do acirramento das relações entre governo e oposição, José Rocha explica a estratégia que vai adotar para impedir que a atual crise política contamine a apuração dos fatos:
"Na medida que houver indícios de prejuízos ao erário público, nós vamos investigar. Não tenha dúvida. Ninguém será blindado nessas investigações. Mas certamente a CPI não pode ser transformada em palco de disputa política, em pirotecnia."
Outra preocupação do relator é evitar que a investigação manche a reputação do BNDES, como acontece hoje com a Petrobras, também alvo de CPI e operação anticorrupção conduzida pela Polícia Federal e Ministério Público:
"Nós temos o maior banco de fomento do mundo, um banco público. Nós temos que preservar a instituição. Mas as pessoas que se desviaram daquilo que seria republicano serão investigadas, doa a quem doer. O importante é identificar e recuperar aquilo que, porventura, o banco tenha perdido."
Deputados já apresentaram cerca 70 requerimentos na CPI do BNDES. Eles tratam da realização de audiências públicas, da criação de sub-relatorias, da requisição de contratos de financiamento do banco e da quebra dos sigilos bancário e fiscal de empresas e executivos. Os requerimentos mais polêmicos preveem a convocação de empresários, como Eike Batista, do grupo EBX; ex-ministros e até do ex-presidente Lula.
Reportagem – José Carlos Oliveira


Fonte:  Radio Agencia