Cerca de
70 requerimentos já foram apresentados à CPI; roteiro dos trabalhos será
divulgado nesta terça-feira.
Relator da CPI do BNDES promete investigação
técnica, sem "blindagem" nem "palanque político". A
reputação de um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, segundo ele,
também será preservada. Cerca de 70 requerimentos já foram apresentados à CPI.
O deputado José Rocha, do PR baiano, vai divulgar, nesta terça-feira, o roteiro
dos trabalhos da CPI, instalada na semana passada.
Caberá à comissão investigar empréstimos,
considerados suspeitos, que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social concedeu a empresas de fachada e a empreiteiras investigadas pela
Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Só em relação às empreiteiras, o total
dos empréstimos chegou a quase R$ 2,5 bilhões, entre 2003 e 2014. Outro foco
das investigações estará nos empréstimos classificados como secretos,
concedidos a países como Angola e Cuba. Em entrevista ao programa "Com a
Palavra", da Rádio Câmara, nesta segunda-feira, o relator José Rocha
afirmou que
vai conduzir a investigação de forma técnica:
"Será um trabalho técnico que vai procurar
investigar, a fundo, todas essas denúncias. Vamos formar um corpo técnico que
possa nos assessorar em todos os segmentos da CPI e vamos iniciar os nossos
trabalhos ouvindo, primeiramente, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que
já se prontificou, por meio de carta enviada à CPI, colocando-se à disposição
para ser ouvido."
O comando da CPI é pluripartidário: além da
relatoria, que ficou com o PR de José Rocha, a comissão será presidida pelo
deputado Marcos Rotta, do PMDB do Amazonas. As três vice-presidências ficaram
com PSDB, PT e PRB. Diante do tema polêmico a ser investigado e do acirramento
das relações entre governo e oposição, José Rocha explica a estratégia que vai
adotar para impedir que a atual crise política contamine a apuração dos fatos:
"Na medida que houver indícios de prejuízos ao
erário público, nós vamos investigar. Não tenha dúvida. Ninguém será blindado
nessas investigações. Mas certamente a CPI não pode ser transformada em palco
de disputa política, em pirotecnia."
Outra preocupação do relator é evitar que a
investigação manche a reputação do BNDES, como acontece hoje com a Petrobras,
também alvo de CPI e operação anticorrupção conduzida pela Polícia Federal e
Ministério Público:
"Nós temos o maior banco de fomento do mundo,
um banco público. Nós temos que preservar a instituição. Mas as pessoas que se
desviaram daquilo que seria republicano serão investigadas, doa a quem doer. O
importante é identificar e recuperar aquilo que, porventura, o banco tenha
perdido."
Deputados já apresentaram cerca 70 requerimentos na
CPI do BNDES. Eles tratam da realização de audiências públicas, da criação de
sub-relatorias, da requisição de contratos de financiamento do banco e da
quebra dos sigilos bancário e fiscal de empresas e executivos. Os requerimentos
mais polêmicos preveem a convocação de empresários, como Eike Batista, do grupo
EBX; ex-ministros e até do ex-presidente Lula.
Reportagem
– José Carlos Oliveira
Fonte: Radio Agencia