domingo, 22 de fevereiro de 2015

Empreiteiro dono da UTC acusa PT de caixa dois em campanha de Jaques Wagner , diz revista VEJA

Ricardo Pessoa, dono da UTC, em 14 de novembro,
dia em que foi detido pela PF

DEU NO UOL/FOLHA
O empreiteiro Ricardo Ribeiro Pessoa, dono da UTC Engenharia, que negocia acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato, está disposto a fazer revelações sobre o uso de caixa dois em campanhas do atual ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), na Bahia, de acordo com reportagem publicada na edição da revista “Veja” que começou a circular neste fim de semana.
Segundo a revista, que cita interlocutores não identificados de Pessoa e executivos da UTC que falaram sob condição de anonimato, o empreiteiro
estaria disposto a dizer que a UTC ajudou no pagamento de despesas pessoais do ex-ministro José Dirceu, condenado no processo do mensalão, simulando contratos de serviços de consultoria. Dirceu afirma que efetivamente prestou serviços de consultoria para as empreiteiras.
Pessoa teria dito que “financiou clandestinamente” as campanhas de Wagner, que foi governador da Bahia. Os registros da Justiça Eleitoral mostram que a UTC doou a Wagner R$ 2,4 milhões na campanha de 2010, mas nada em 2006, segundo levantamento feito pela Folha.
Wagner desmentiu, por meio de sua assessoria, “as insinuações de uma delação premiada que não aconteceu” de que suas campanhas teriam recebido doações clandestinas. Afirmou que as doações da UTC em 2010 foram registradas e que suas contas eleitorais são “abertas ao público e foram devidamente aprovadas e auditadas”.
O ministro disse não ter recebido doações da UTC em 2006. Wagner afirmou também ter considerado “patética a frase anônima de que ‘Ricardo pode destruir o Wagner’, pois sua vida política está consolidada em três eleições para deputado federal e duas vitórias no primeiro turno ao governo da Bahia”.
Procurada para falar sobre as declarações atribuídas a Pessoa, a UTC disse que não se manifestaria. A assessoria do PT não se manifestou até a conclusão desta edição.
As negociações para um acordo de delação entre Pessoa e a Lava Jato ocorrem pelo menos desde o início de janeiro, mas os investigadores, segundo a Folha apurou, resistem a fechar o acordo porque Pessoa estaria fornecendo informações que já são de conhecimento da PF e do Ministério Público, ou se recusaria a fornecer dados sobre outras áreas da investigação.
Segundo o relato da revista “Veja”, Pessoa também estaria disposto a vincular o pagamento de propina por empreiteiras que tinham negócios com a Petrobras e as doações feitas à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014.
O PT negou reiteradamente nos últimos meses que tenha praticado irregularidades no financiamento da campanha de Dilma, dizendo que as doações são registradas na Justiça e as contas da campanha foram aprovadas no Tribunal Superior Eleitoral.