quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Salários serão pagos até o final da próxima semana, diz Rollemberg

Governador do DF disse que pagamento será feito com arrecadação própria. Déficit identificado é de R$ 3,1 bilhões, mas deve chegar a R$ 3,6 bilhões.


O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, afirmou nesta quarta-feira (7) que os salários dos servidores públicos do DF serão pagos até o fim da semana que vem. Nesta terça, a equipe econômica do GDF anunciou que não seria possível garantir o pagamento dos servidores na próxima quinta-feira (8). As contas públicas devem fechar o mês de janeiro com um déficit ainda maior que o identificado até o momento, segundo o governo.
"Os servidores serão pagos. Não temos como garantir amanhã porque o repasse do Fundo Constitucional é insuficiente para o pagamento da área da saúde e educação, mas com a arrecadação própria do GDF que vai entrar nos próximos dias, eu diria que, com convicção, que até o final da semana que vem nós faremos os pagamentos", afirmou Rollemberg durante a cerimônia de posse do novo comandante-geral da PM, Florisvaldo Ferreira César.
Para ajudar no saneamento das contas e garantir o
pagamento dos trabalhadores, o GDF aguarda resposta do governo federal sobre uma antecipação de R$ 412 milhões do Fundo Constitucional. Na segunda (5), membros do governo local se reuniram com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Na terça (6), o encontro foi com o chefe da Previdência, Carlos Gabas.

Vencedora do carnaval do DF será conhecida nesta
quinta-feira (Foto: Reprodução/TV Globo)
Carnaval
Rollemberg também afirmou que o governo não vai destinar verba pública para a realização do carnaval de 2015 por "uma questão de prioridade". O corte inclui o montante que seria repassado às escolas de samba e blocos tradicionais, e também incide sobre a estrutura e os profissionais que seriam mobilizados para dar suporte aos blocos de rua.
"Nesse momento em que estão faltando medicamentos e que alguns serviços básicos estão interrompidos e que milhares de trabalhadores ainda não receberam seus salários, nós consideramos que, por uma questão de prioridade, nós não devemos utilizar recurso público para financiar o carnaval", afirmou o governador do DF.

Nesse momento em que estão faltando medicamentos e que alguns serviços básicos estão interrompidos e que milhares de trabalhadores ainda não receberam seus salários, nós consideramos que, por uma questão de prioridade, nós não devemos utilizar recurso público para financiar o carnaval"
Rodrigo Rollemberg,
governador do DF

Rollemberg afirmou que a decisão foi tomada "com tristeza". "Eu digo isso com muita tristeza, todos sabem que eu gosto de carnaval e que é uma festa importante na cultura da cidade, mas todos também estão vendo a situação que nós herdamos de muita dificuldade financeira."
A decisão foi tomada pelo próprio governador, Rodrigo Rollemberg, após uma conversa com secretários que compõem o grupo "Governança DF", criado para avaliar as contas públicas da capital. Em coletiva durante a tarde, a equipe econômica do GDF divulgou um rombo previsto de R$ 3,6 bilhões para o fim de janeiro, baseado no déficit de R$ 3,1 bilhões que foi entregue pela gestão anterior.
Sem garantia dos recursos, as escolas de samba do Distrito Federal chegaram a propor a mudança do período dos desfiles para abril, mas a proposta não teve consenso entre os organizadores.
Governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg
em reunião com secretariado
(Foto: TV Globo/Reprodução)
Déficit

Segundo dados apresentados nesta terça pelo secretário de Fazenda, Leonardo Colombini, a nova gestão já identificou um rombo de R$ 3,166 bilhões, herdado da gestão anterior, mas prevê chegar ao fim do mês devendo R$ 3,519 bilhões. “O [salário] da segurança será pago porque vem direto do governo federal no Fundo Constitucional. Para saúde e educação, sobram R$ 553 milhões federais para pagar R$ 1,1 bilhão”, disse Colombini.
De acordo com o secretário de Gestão Administrativa e Desburocratização, Antônio Paulo Vogel, o total de servidores da saúde e da educação com algum atraso salarial de 2014 chega a 117 mil. A secretária de Planejamento, Leany Lemos, afirmou que os esforços de governo são para “pagar os salários desta gestão em dia” e que, por isso, os 13º salários e benefícios atrasados não serão a primeira coisa a ser quitada com os novos aportes.
Segundo balanço preliminar do GDF, em janeiro as despesas chegam a R$ 2,44 bilhões, mas a receita prevista é de apenas R$ 2,09 bilhões. A diferença de R$ 330 milhões, segundo o governo, é explicada pelos salários e benefícios que ficaram pendentes do ano anterior.
Como o caixa está “zerado”, a diferença passa a integrar a dívida pública e continua sendo acumulada, em uma espécie de "efeito cascata". Os valores divulgados não incluem as despesas que tiveram liberação de pagamento cancelada, ou seja, que foram engavetadas. Com a adição desse número, o déficit real pode ser ainda maior.


Fonte: G1