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Depois de ser demitida do gabinete de Celina Leão
(PDT), Miraci Oliveira Marques, uma das seis pessoas presas na Operação Gota
D´água da Polícia Civil foi contratada para assumir cargo no gabinete de
Jaqueline Roriz (PMN). Começa a trabalhar nos próximos dias. Celina exonerou
Miraci no dia em que a operação foi deflagrada, em 29 de janeiro. A deputada
foi rápida para reduzir as possíveis associações entre a funcionária
investigada e seu mandato parlamentar. Aliás, os vínculos trabalhistas de
Miraci demonstram que
a ligação dela com o meio político não se restringe só a
Celina. Miraci já havia trabalhado para Paulo Roriz e para a própria Jaqueline
Roriz...
Por enquanto, a Operação Gota D´água, que investiga
desvio de quase 20 milhões de reais em convênio assinado entre a Secretaria de
Educação e a creche Gotinha de Luz, apura a participação de dirigentes da
instituição e funcionários da secretaria no esquema. Por enquanto. Alguns
personagens centrais para esclarecer como funcionava o desvio já prestaram depoimento
e “foram colaborativos”, segundo autoridades policiais.
As revelações podem levar a dois caminhos. Um deles,
a descoberta de outros convênios fraudulentos envolvendo o mesmo modus
operandi, mas instituições diferentes. O outro, o envolvimento de políticos no
esquema. Nesse caso, a polícia precisaria de uma autorização judicial para
prosseguir com as investigações, o que não foi sequer pedido.
Mas há indicativos de que essa hipótese pode ser
considerada. Entre as pessoas que foram presas no âmbito da Operação Gota
D´água está Miraci Oliveira Marques. Ela era uma das dirigentes mais atuantes
da Gotinha de Luz, em Santa Maria. No dia em que foi detida com mais outras
cinco pessoas, foi exonerada do gabinete da distrital Celina Leão (PDT).
Antes de trabalhar para Celina, Miraci foi lotada nos
gabinetes de Paulo Roriz (PP) e de Jaqueline Roriz (PMN), na época em que ela
era distrital. No gabinete de Paulo, foi admita em 2 de julho de 2007 e
exonerada em 8 de julho de 2008. Entrou no gabinete de Jaqueline no dia 9 de
setembro de 2008 e foi exonerada em 6 de janeiro de 2011. Entre 2008 e 2009,
Miraci trabalhou colada em Celina, que também era funcionária do gabinete de
Jaqueline. Depois, em 14 de fevereiro de 2011, quando Celina já estava eleita
distrital, Miraci foi contratada por ela. Ficou no gabinete até 29 de janeiro
de 2014, quando estourou o escândalo da Gotinha de Luz.
Tanto Jaqueline, quanto Celina, apresentaram emendas
para a instituição alvo de investigação policial. Jaqueline sugeriu 300 mil
reais e Celina, 600 mil. A distrital Liliane Roriz (PRTB) também previu 150 mil
das emendas a que tinha direito para a instituição. Mas, segundo as
parlamentares, os valores não chegaram a ser empenhados.
Miraci conhece muito bem o funcionamento da Gotinha
de Luz. É bem provável que saiba uma enxurrada sobre o assunto que hoje é
objeto de investigação policial. Se revolver falar, certamente aumentará o
diâmetro das investigações atualmente focado em agentes públicos do segundo
escalão da administração pública.
Sobre a contratação de Miraci, Jaqueline Roriz disse
que corrigiu uma injustiça com a servidora. “Ela é uma pessoa muito séria e
trabalhadora”, avalizou a deputada federal. “Achei um despropósito Miraci ter
sido demitida sem a conclusão das investigações”, defendeu Jaqueline. “Acha que
eu contrataria a moça se tivesse algum tipo de ligação com a história, chamaria
o problema para mim? Nunca”, concluiu a parlamentar.
De 2000
a 2011,
a Gotinha de Luz amealhou 21.131.400,86 reais em
recursos oficiais oriundos do Fundo Social e das secretarias de Serviço Social
e de Educação do GDF. Um detalhe bastante curioso. A instituição tinha onze
contas bancárias abertas na agência 64 de Santa Maria, onde funcionava a
instituição. Nada mal para uma instituição sem fins lucrativos…
Fonte: Blog Grande Angular