A falta de vagas para a
internação de meninos e meninas infratores no Entorno faz com que eles voltem
para as ruas horas depois de homicídios, sequestros, roubos e estupros.
Situação leva à descrença das autoridades
Sentado em uma cadeira da Delegacia de Atos
Infracionais (Depae) de Luziânia, Caio*, 17 anos, encarava os policiais de
forma irônica. Principal suspeito de roubar, sequestrar e espancar um
vigilante, o garoto não parecia se importar em passar algum tempo atrás das
grades. E ele tinha razão. Menos de sete horas após ser apreendido, o
adolescente deixava a unidade policial pela porta da frente. Ganhou a liberdade
antes mesmo de os PMs e a vítima resolverem os problemas burocráticos
relacionados ao ato infracional cometido pelo acusado.
O desfecho revoltou o vigilante, a família dele e os policiais envolvidos na captura do adolescente, mas está longe de ser o único caso no Entorno. Desde maio, estima-se que
, de cada 10 jovens em conflito com a lei detidos por praticarem
atos infracionais graves, apenas três acabem internados. Isso porque a Justiça
de Goiás não encontra vagas. A partir de hoje, o Correio mostra, por meio da série de reportagens
“Jovens sem lei”, a situação em uma das regiões mais violentas do país.O desfecho revoltou o vigilante, a família dele e os policiais envolvidos na captura do adolescente, mas está longe de ser o único caso no Entorno. Desde maio, estima-se que
Em muitas cidades vizinhas à capital federal, há centenas de meninos e meninas autores de latrocínios, homicídios, roubos e estupros que não foram encaminhados para o cumprimento de medidas socioeducativas porque não há espaço para abrigá-los. No Entorno, existem dois estabelecimentos especializados em receber adolescentes infratores, um em Formosa e outro em Luziânia. O primeiro tem 80 vagas, e o segundo para 60. Em dezembro de 2012, o governo estadual autorizou a reforma de algumas alas do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Luziânia. A obra deveria durar três meses, mas atrasou.
Capacidade
Sem estrutura para manter os acusados em segurança, a juíza à frente da Vara da Infância e da Juventude do município, Flávia Cristina Zuza, reduziu a capacidade do local para 22 vagas. Além disso, a magistrada proibiu o ingresso de jovens de outras cidades. “Não havia condições de manter do jeito que estava. O Estado demorou a entregar a obra”, frisou a magistrada.
Fonte: Correio Braziliense