quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Menores infratores voltam para as ruas horas após praticar infrações

A falta de vagas para a internação de meninos e meninas infratores no Entorno faz com que eles voltem para as ruas horas depois de homicídios, sequestros, roubos e estupros. Situação leva à descrença das autoridades

Sentado em uma cadeira da Delegacia de Atos Infracionais (Depae) de Luziânia, Caio*, 17 anos, encarava os policiais de forma irônica. Principal suspeito de roubar, sequestrar e espancar um vigilante, o garoto não parecia se importar em passar algum tempo atrás das grades. E ele tinha razão. Menos de sete horas após ser apreendido, o adolescente deixava a unidade policial pela porta da frente. Ganhou a liberdade antes mesmo de os PMs e a vítima resolverem os problemas burocráticos relacionados ao ato infracional cometido pelo acusado.

O desfecho revoltou o vigilante, a família dele e os policiais envolvidos na captura do adolescente, mas está longe de ser o único caso no Entorno. Desde maio, estima-se que
, de cada 10 jovens em conflito com a lei detidos por praticarem atos infracionais graves, apenas três acabem internados. Isso porque a Justiça de Goiás não encontra vagas. A partir de hoje, o Correio mostra, por meio da série de reportagens “Jovens sem lei”, a situação em uma das regiões mais violentas do país.

Em muitas cidades vizinhas à capital federal, há centenas de meninos e meninas autores de latrocínios, homicídios, roubos e estupros que não foram encaminhados para o cumprimento de medidas socioeducativas porque não há espaço para abrigá-los. No Entorno, existem dois estabelecimentos especializados em receber adolescentes infratores, um em Formosa e outro em Luziânia. O primeiro tem 80 vagas, e o segundo para 60. Em dezembro de 2012, o governo estadual autorizou a reforma de algumas alas do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Luziânia. A obra deveria durar três meses, mas atrasou.

Capacidade
Sem estrutura para manter os acusados em segurança, a juíza à frente da Vara da Infância e da Juventude do município, Flávia Cristina Zuza, reduziu a capacidade do local para 22 vagas. Além disso, a magistrada proibiu o ingresso de jovens de outras cidades. “Não havia condições de manter do jeito que estava. O Estado demorou a entregar a obra”, frisou a magistrada.


Fonte: Correio Braziliense