Afresco do artista
ítalo-brasileiro no Palácio Itamaraty está com respingos de tinta branca. A
sujeira apareceu após o trabalho de recuperação de cômodos atingidos durante
uma manifestação de junho
Obra em que Volpi coloca Dom Bosco voando sobre um fundo azul e com bandeirinhas em volta não só está tingida, como tem rachaduras |
Sempre que algum turista vem a Brasília pela primeira vez, Ralph Ghere, um dos
mais consagrados artistas plásticos da cidade, faz uma lista de atrações
imperdíveis da capital. Sempre encabeça a relação o afresco pintado em uma das
paredes do Palácio Itamaraty pelo ítalo-brasileiro Alfredo Volpi em 1966. Nele,
Dom Bosco aparece voando sobre um fundo azul brilhante, que enche os olhos do
visitante. O quadro embeleza as paredes do palácio e é uma das inúmeras obras
de arte do acervo do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Agora, quem
seguir o conselho de Ghere e for ao Itamaraty vai encontrar manchas de tinta
branca sobre o azul do céu pintado pelo artista, considerado um dos mais
importantes da segunda geração do modernismo.
O sonho de Dom Bosco foi alvo da depredação do Itamaraty em junho deste ano,
durante uma manifestação na Esplanada dos Ministérios. Para recuperar o
palácio, que foi invadido por vândalos, várias obras tiveram que ser feitas. As
esquadrias danificadas pelos manifestantes foram trocadas e, depois do
trabalho, o teto de vários cômodos precisou ser pintado, inclusive o da sala
onde está a obra de Volpi. Os funcionários da empresa contratada pelo
ministério deixaram manchas de tinta branca respingar na tela, danificando o
afresco, de valor incalculável.
O nome da empresa que fez o reparo não foi divulgado e, por meio de nota, o MRE
informou que “está tomando medidas para a punição dela”. Servidores do
Itamaraty desconfiam que a substância branca seja gesso e que pode haver um
produto que tire as manchas, mas preferiram não tentar limpar a tela para não
danificá-la ainda mais.
Fonte: Correio Braziliense