quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Obra de Volpi é manchada com respingo de tinta durante reforma no Itamaraty

Afresco do artista ítalo-brasileiro no Palácio Itamaraty está com respingos de tinta branca. A sujeira apareceu após o trabalho de recuperação de cômodos atingidos durante uma manifestação de junho

Obra em que Volpi coloca Dom Bosco voando sobre um fundo azul e com bandeirinhas em volta não só está tingida, como tem rachaduras


Sempre que algum turista vem a Brasília pela primeira vez, Ralph Ghere, um dos mais consagrados artistas plásticos da cidade, faz uma lista de atrações imperdíveis da capital. Sempre encabeça a relação o afresco pintado em uma das paredes do Palácio Itamaraty pelo ítalo-brasileiro Alfredo Volpi em 1966. Nele, Dom Bosco aparece voando sobre um fundo azul brilhante, que enche os olhos do visitante. O quadro embeleza as paredes do palácio e é uma das inúmeras obras de arte do acervo do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Agora, quem seguir o conselho de Ghere e for ao Itamaraty vai encontrar manchas de tinta branca sobre o azul do céu pintado pelo artista, considerado um dos mais importantes da segunda geração do modernismo.

O sonho de Dom Bosco foi alvo da depredação do Itamaraty em junho deste ano, durante uma manifestação na Esplanada dos Ministérios. Para recuperar o palácio, que foi invadido por vândalos, várias obras tiveram que ser feitas. As esquadrias danificadas pelos manifestantes foram trocadas e, depois do trabalho, o teto de vários cômodos precisou ser pintado, inclusive o da sala onde está a obra de Volpi. Os funcionários da empresa contratada pelo ministério deixaram manchas de tinta branca respingar na tela, danificando o afresco, de valor incalculável.

O nome da empresa que fez o reparo não foi divulgado e, por meio de nota, o MRE informou que “está tomando medidas para a punição dela”. Servidores do Itamaraty desconfiam que a substância branca seja gesso e que pode haver um produto que tire as manchas, mas preferiram não tentar limpar a tela para não danificá-la ainda mais. 




Fonte: Correio Braziliense