No total, 37 pessoas estão detidas e prestam esclarecimentos ao MP.
Entre os suspeitos, estão onze prefeitos e um ex-prefeito do estado.
Continuam presas as 37
pessoas suspeitas de participar de um esquema para compra superfaturada de
medicamentos em Goiás. Entre elas estão onze prefeitos e um ex-prefeito do
estado, capturados na Operação Tarja Preta, do Ministério Público Estadual em
Goiás (MP-GO), deflagrada na terça-feira (15). ...
Além dos prefeitos, também
foram presos seis secretários municipais, representantes de empresas de
remédios e advogados, que estão no Núcleo de Custódia de Goiânia. Eles tiveram
pedidos de prisão temporária (cinco dias) decretados pela Justiça. Na tarde
desta quarta-feira (16), foram levados para a sede do MP para prestar esclarecimentos.
Os prefeitos presos são:
Aurélio Mendes (PSDB) de Aragarças, Delson José Santos (PSDB) de Carmo do Rio
Verde, Zilmar Alcantâra (PTB) de Inaciolândia , Janduhy Diniz (PSDB) de Rialma,
Glimar do Prado (PP) de Uruana, Romário Vieira da Rocha (PR) de Corumbaíba,
Marcos Roger Garcia Reis (PMDB) de Cromínia, Neldes Beraldo Costa (PT) de
Perolândia, Sinomar José do Carmo (PMDB) de Aloândia, Fausto Brito Luciano
(PSDB) de Araguapaz e Otair Teodoro Leite (PSDB) de Piranhas. Já em Pires
do Rio foi efetuada a prisão do ex-prefeito Luiz Eduardo Pitaluga da Cunha
(PSD), que foi cassado em 17 de setembro deste ano.
De acordo com o MP-GO, só
neste ano, a fraude movimentou cerca de R$ 15 milhões em recursos públicos. No
total, seis empresas sediadas na capital são suspeitas de fazer uma espécie de
loteamento de licitações em todo o estado para a venda de produtos superfaturados.
Os advogados do prefeito
de Inaciolândia, Zilmar Alcântara (PTB), disseram que vão se pronunciar assim
que tomarem conhecimento da situação. Já o defensor do administrador de
Cromínia, Marcos Roger Garcia Reis (PMDB), disse que vai entrar com o pedido de
relaxamento de prisão.
O prefeito de Rialma,
Janduhy Diniz (PSDB), alega que o MP-GO agiu com excesso ao pedir a prisão
dele. Em Corumbaíba, a defesa de Romário Vieira da Rocha (PR) disse que ele
colabora com as investigações. Já em Uruana ninguém quis se manifestar sobre a
prisão de Glimar do Prado (PP).
O G1 também tenta contato
com as demais prefeituras envolvidas, mas não obteve sucesso até a publicação
da reportagem.
Licitações fraudulentas
Tudo começava em um
escritório de advocacia, que recrutava as distribuidoras de remédios para
participar do esquema. Os advogados montavam os processos de concorrência para
as empresas, escolhendo aquela que apresentaria o menor preço já superfaturado.
As supostas concorrentes participavam da falsa licitação, sabendo que seriam as
perdedoras. No entanto, faziam uma espécie de rodízio para quem seria a próxima
ganhadora.
Depois de eleitos, esses
prefeitos e demais envolvidos cumpriram tal acordo. “A própria quadrilha
montava o edital e já definia alguns critérios que restringiam as concorrentes
que não eram do grupo. Com isso, vendiam da forma e com o preço que quisessem”,
ressaltou o coordenador do CSI, José Carlos Nere.
As fraudes também
aconteciam nos casos emergenciais, em que é dispensada a necessidade de
licitação. “Esse procedimento era para ser executado somente em casos extremos,
mas virou prática rotineira nesses municípios. Além disso, todo o processo era
conduzido de maneira a favorecer determinadas empresas”, explicou Nere.
Para o MP-GO, os prefeitos
e secretários sabiam do esquema criminoso e recebiam propina para facilitar as
transações e dar um teor de legalidade à licitação. “O esquema começou na
campanha do ano passado, com apoio financeiro para os prefeitos aliciados, já
com o compromisso de exclusividade na aquisição de remédios para os
municípios”, afirmou o procurador-geral de justiça de Goiás, Lauro Machado
Borges.
Empresas envolvidas
De acordo com o MP-GO, as
seis empresas suspeitas de atuar na fraude são a J. Médica Distribuidora de
Materiais Hospitalares Ltda., JR Lacerda Material Médico Hospitalar Ltda.,
Pró-Hospital Produtos Hospitalares Ltda., Maeve Produtos Hospitalares Ltda.,
Ideal Hospitalar Ltda. e Única Dental Vendas de Produtos Odontológicos e
Hospitalares Ltda.
A reportagem entrou em
contato com as distribuidoras suspeitas. A J. Médica informou que não vai se
pronunciar sobre o caso. O mesmo foi dito pelas empresas Maeve Produtos
Hospitalares, Ideal Hospitalar e Única Dental.
Já a JR Lacerda disse que
ainda não foi notificada sobre o caso, portanto não tinha como se posicionar. A
Pró Hospital não foi localizada, pois o telefone disponível na lista telefônica
não é mais da empresa.
Fonte:
Portal G1 GO - 17/10/2013