quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Alberto Fraga: Governo financia agentes do mal


O governo de Agnelo Queiroz usa o dinheiro público para financiar profissionais do mal que usam o mais ardiloso e antiético dos instrumentos de ataques, que é o anonimato, para agredir, para ferir a moral dos adversários políticos. Quem afirma é Alberto Fraga, ex-secretário de Transportes e hoje presidente regional do DEM. Para Fraga, “isso mostra a incompetência, a inoperância desse governo do PT, que somente rouba e ataca aqueles que os enfrentam, os atacam sem nenhum dó. Inventam, difamam, caluniam”. O presidente do DEM avisa que quer enfrentar o PT e outros partidos nas urnas em 2014.
Apoiar nomes como os ex-governadores Joaquim Roriz e José Roberto Arruda é a prioridade, mas ele se coloca à disposição do que chama de “uma chapa de
centro-direita” para, quem sabe, disputar o cargo de governador. O mais importante, para ele, é colocar um ponto final na gestão de Agnelo Queiroz — que rotula de corrupta e inoperante — à frente do Palácio do Buriti

Como avalia dois anos e meio de governo Agnelo?
Dois anos e meio de fracasso total. É um governo que mentiu para a população, cometeu estelionato eleitoral. Primeiro usou da propaganda para tentar enganar o povo. E o maior estelionato do governo Agnelo foi quando ele, alegando a condição de médico, disse que ia ser o secretário de saúde. A população acabou acreditando. E esse foi o maior desastre. Nós nunca estivemos num patamar de saúde tão caótico como hoje. É lamentável que se passe tanto tempo sem que se tenha nenhuma obra que foi realizada ou idealizada pelo governo Agnelo. As únicas deixadas na cidade foram feitas pelo governo anterior e ele não tinha alternativa a não ser dar-lhes continuidade. É um governo totalmente incompetente, inconsistente e inoperante.

Tem acompanhado a história dos fakes supostamente financiados pelo GDF? O senhor também foi vítima?
Fui uma das vítimas. Fiz até uma relação dos personagens usados para me atacar. Esse escândalo dos fakes em Brasília se assemelha a Watergate lá nos Estados Unidos. É de uma profundidade, de uma gravidade muito grande. Um governo que usa o dinheiro público para financiar profissionais do mal, que usam o mais ardiloso e antiético dos instrumentos de ataques, que é o anonimato, para agredir, para ferir a moral dos adversários políticos. Isso mostra mais uma vez a incompetência desse governo do PT, que somente rouba e ataca aqueles que os enfrentam. Inventam, difamam, caluniam. Eu já dei entrada contra o governador e contra aquele casal de  profissionais do mal que criava e operava os fakes.
Além da minha ação, eu tenho certeza que foram muitas vítimas que vão dar seguimento a essa ação penal. É de uma gravidade nunca vista. Isso mostra que não é só em governos ditadores isso acontece. Aqui, por incrível que pareça, em um governo dito dos trabalhadores, do PT, a gente se depara com uma barbaridade dessas. Todos nós ficamos atônitos. E espero e confio que a Polícia Federal e o Ministério Público vão colocar um fim nessa coisa

O senhor foi secretário de transportes e ficou conhecido por enfrentar o transporte alternativo, as vans. Agora há uma volta da clandestinidade?
Primeiro, nós temos prova de que colocamos 1,2 mil ônibus novos nas ruas. Esses ônibus eram colocados, inclusive, no Eixão para que as pessoas vissem. Então, não tem mistério, não tem maquiagem. Os ônibus eram vistoriados e emplacados, então não há como dizer que inexistiam. E até agora ninguém conseguiu explicar a ausência desses ônibus que o nosso governo deixou. Presume-se que esses ônibus foram retirados do sistema, os empresários retornaram os velhos com os chips dos validadores da bilhetagem automática e o governo consentiu nisso tudo. Agora tenta de uma forma cretina, mentirosa, canalha, mentindo para a população, fazer uma licitação, quando na verdade, deixamos uma idade média da frota de três anos. Quando cheguei à secretaria, era de 14 anos. Deixamos frota com mais de 60% de ônibus novos, dentro daquele patamar de sete anos, que era o limite máximo permitido pela lei. Quando nós viramos as costas, acompanhamos notícias de ônibus de 18 anos rodando nas ruas.

Mas de onde surgiram esses ônibus?
 É o governo que tem de explicar e ele não explica nada. O DFTrans se transformou num foco de corrupção. Nós demos autonomia ao DFTrans e lamentamos profundamente o retorno desse transporte clandestino, pirata, que sempre é responsável por mortes e estupros. Então, não é um governo como o nosso, que enfrentou uma máfia poderosa, a das vans, e acabou com transporte pirata. Não podemos dizer que chegamos a zero, mas a quase zero nós chegamos.

O mesmo vale para o VLT?
Uma outra crítica que eu faço é a questão da W3. Ora, o VLT era exatamente para tirar os 1,2 mil ônibus que percorrem a W3. Por isso, o VLT. O governo Agnelo faz exatamente o oposto do que estava previsto no projeto Brasília Integrada: criou um corredor exclusivo. Ele é vantajoso Mas num lugar em que já estava implantado uma modal moderna de transporte, que é o VLT, o governo retrocede 20 anos trazendo os ônibus para a W3 e deixando o povo, mais uma vez, esperando nas paradas de ônibus por um tempo indeterminado.

A que atribui o fato de ter sido escanteado o VLT?
Olha, eu acho que era dor de cotovelo, inveja. Quando eles retomarem o VLT — e vão retomar a qualquer momento, porque é o meio mais completo para a W3 —isso ficará nítido. A demanda da W3 Norte é de 140 mil passageiros e da W3 Sul é de 120 mil. Então você precisa ter um veículo de transporte com energia limpa, renovável, que é o VLT. No mundo inteiro se faz isso. Eles ficaram com dor de cotovelo por não ter tido a idéia ou concluirem uma obra que todo mundo só ia lembrar do governo passado. O presidente da França veio até aqui, lançou a ideia e nós colocamos o veículo exposto no Setor Comercial Sul. Por inveja, por dor de cotovelo,eles resolveram desmanchar ou anular o processo. O que eu vou dizer aqui vocês podem escrever: na época eles disseram que era caro, caríssimo, mas quando eles voltarem agora com o VLT, vai custar quatro vezes mais. Pararam as obras. A obra foi iniciada, o viaduto estava a pleno vapor e eles vieram e cancelaram tudo. É tão grande a incompetência que, se não queriam levar adiante o VLT, porque deixam a obra atrapalhando a população por quase três anos?

Qual é o projeto original?
Você vem das cidades satélites, em ônibus, em corredores exclusivos e descarrega o passageiro no terminal da Asa Sul e ali você, com uma passagem única, escolhe “vou
para a W3, por VLT” ou “vou para a Rodoviária, Metrô pesado”. Está tudo conjugado, por isso que foi feito ali. A idéia é você retirar do centro da cidade o fluxo dos ônibus. O incompetente botou justamente o retorno dos ônibus para a W3.

O que acha da ideia de fazer um estacionamento subterrâneo na Esplanada?
Essa ideia foi nossa também. Nós fizemos inclusive um estudo para uma parceria público privada, onde não tem como não fazer estas garagens. Já que Brasília não permite que existam edifícios garagem. Eram sete garagens. Fizemos sete estudos, a Codeplan foi encarregada de fazer essa PPP e um dos primeiros atos do governo do PT foi anular essa comissão que foi feita.

Como avalia a postura do governador Agnelo em relação ao funcionalismo público, dando agora um aumento?
Um oportunismo barato, quando você sabe que existe a lei de responsabilidade fiscal. É um governo rejeitado e reprovado pela população e pelos servidores e agora, num ano pré-eleitoral, resolve abrir a caixa das bondades? Dando para a população e para esses servidores aumentos que os cofres públicos não vão suportar. E nesse caso, o governador age com total irresponsabilidade: quando nós sabemos que já está no limite ou ultrapassando o limite da lei de responsabilidade fiscal, ele anuncia uma caixa de bondade para 65 mil trabalhadores, servidores públicos. É uma manobra, um oportunismo barato.

Isso caracterizaria uma herança maldita?
Agora, sim, nós vamos encarar uma herança maldita. Porque o próximo governo, antes de entrar já vai se sentir totalmente no limite. E olhe lá se já não foi ultrapassado a lei de responsabilidade fiscal. Ao contrário do que eles disseram, quando o nosso governo passou o bastão, era todo superavitário. Dinheiro em caixa, em todas as pastas. Houve um governo tampão, de que o governo do PT não pode reclamar, porque eles fizeram um governador praticamente conjunto, de transição.

Por que, quando aparecem bem nas pesquisas os ex-governadores Arruda e Roriz, volta-se a falar da operação Caixa de Pandora, mesmo sem nenhum fato novo?
Além de curioso, eu acho um cinismo. Para um petista falar da Caixa de Pandora, ele tem que lembrar do Mensalão do PT, onde todos os envolvidos foram condenados, vão para a cadeia. E o dito Mensalão do DEM não tem ninguém preso e, inclusive, é bem diferente do caso deles, porque não existe nenhuma sentença transitada e julgada. Enquanto isso, as denúncias contra o Agnelo aconteceram e continuam acontecendo. Agora, recentemente, mais um processo foi instaurado contra o Agnelo e um deputado federal (Fábio Ramalho, PV-MG), durante a sua gestão atrapalhada na Anvisa. É bom porque já explodiu em última instância. Então, não tem mais aquela coisa de protelação e enrolando. Não, já foi aberto pelo Supremo Tribunal Federal.

O senhor acha que a estratégia do governo Agnelo é ganhar por W.O ?
Total. Vou fazer uma denúncia, de primeira mão. Tem um cidadão que mexe com informações, araponga. Vocês estão esquecendo que no início do governo Agnelo foi descoberta e desmanchada uma casa, lá no Lago Sul, que levantava dossiês, pesquisava e criava informações. O Agnelo montou de novo esse esquema, com pessoas e jornalistas famosos de Brasília, para levantar e fazer dossiês dos seus adversários políticos. Isso é uma estratégia covarde, cretina e que merece o repúdio da sociedade. Pelo visto, são denúncias na Secretaria de Transparência. É. A Secretaria de Transparência, que eu chamo de Intransparência.Afastaram a mulher (secretaria Vânia Lúcia Ribeiro). Antes, a Secretaria de Transparência tinha um bobão lá que era defensor do Agnelo. Botaram uma mulher e eu achavaque ela estava mostrando serviço. Aí a tiraram do cargo e botaram alguém encarregado de fazer uma devassa em minha vida. Me disseram que meu nome está lá. Podem devassar. Vão encontrar coisas que eu gosto de fazer, mas corrupção na minha vida não vai ter.


Fonte: Jornal de Brasília