Quando
foi eleito em 2010, o governador Agnelo Queiroz começou a montar a sua equipe
de governo. Porém, um levantamento feito pelo Guardian Notícias, com o auxilio
da Casa Civil do Distrito Federal, mostra que, dos 30 administradores nomeados
no início da gestão petista, apenas 15 seguem no comando das RA’s em 2013, ou
seja, 50% do primeiro time escalado. Um dos principais fatores dessas mudanças,
seria a busca da “governabilidade” por parte do GDF.
De acordo com os dados cedidos pela assessoria de comunicação da
Casa Civil, dentre todas as administrações que mais trocaram de comando, a do
Vicente Pires é disparada a que mais mudou de mãos. Somente em 2013, a cidade já teve três
diferentes administradores. Desde a saída de Maria Celeste Rego Liporoni, que esteve
à
frente da RA desde 2011, já comandaram a cidade, Ebenezer da Costa Aquino
(interino), Dirsomar Ferreira Chaves e Glênio José da Silva, que permanece no
cargo momentaneamente.
Já o Gama, iniciou a gestão petista sob o comando de Adauto de
Almeida Rodrigues, após isso, assumiu Fernanda da Penha Corte Almeida em 2012,
que deu lugar a Márcio Palhares de Oliveira.
Outra cidade que mudou de mãos com frequência, foi o Lago Sul.
Desde quando o governador Agnelo Queiroz assumiu, já passaram pela
administração três indicados. O primeiro a comandar a RA foi Abdon Henrique de
Araújo, em 2011. Após sua saída, a administração do Lago ficou sob a
responsabilidade de Haroldo Teixeira, até que Wander de Azevedo assumiu o posto
em março de 2012. O Varjão também é outra região que sofreu com as mudanças. Ao
todo foram três. Atualmente a cidade é comandada por José Ricardo do Nascimento.
Discrepância: No
levantamento, é possível notar a diferença entre algumas administrações muito
cobiçadas pelos políticos. A administração do SIA, por exemplo, já mudou de
“dono” três vezes desde o início do “Novo Caminho”. Por ser o maior polo
econômico do Distrito Federal, a RA é muito disputada. Somente por lá, já
passaram três diferentes nomes; Edson Pereira Júnior em 2011, Adauto de Almeida
Rodrigues em 2012 e atualmente José Tenório da Silva Neto é quem responde pela
cidade.
Já o principal e maior colégio eleitoral do Distrito Federal, a
Ceilândia, segue sendo comandado por Aridelson Sebastião de Almeida, indicado
pelo governador Agnelo Queiroz, desde o início da gestão petista. Outra cidade
que nunca sofreu com poucas alterações em sua administração é Taguatinga. Grande
reduto eleitoral, a região é comandada por Carlos Antônio Jales, indicado pelo
deputado distrital Washington Mesquita (PSD), que tem ligação com o Padre
Moacir e a igreja católica. Antes era Antonio Sabino.
Por outro lado, as cidades que tiveram menos alterações em suas
administrações foram; Sobradinho, Sobradinho I, Brazlândia, Paranoá, Núcleo
Bandeirante, Cruzeiro, Santa Maria, Recanto das Emas, Riacho Fundo I, Lago
Norte, Águas Claras, São Sebastião e Itapoã com uma mudança cada.
Invictas: Outras
cidades também não tiveram alterações no comando das suas administrações desde
o início do mandato de Agnelo Queiroz. As RA’s de Brasília, Ceilândia, Guará,
Samambaia, Candangolândia, Riacho Fundo II, Sudoeste/Octogonal, Park Way, SCIA,
Sobradinho II e Jardim Botânico e a recém-criada Administração da Fercal nunca
mudaram seus administradores.
Participação Popular: O motorista Ricardo Almeida, morador de Sobradinho, diz que seria
muito importante a participação popular na escolha dos administradores.
"Seria bom, pois a maioria dos administradores que assumem,
não sabem dos problemas da cidades. Para mim, deveria ser um morador da
região", argumentou.
Outro que concorda com a participação da sociedade na escolha dos
administradores regionais é o músico Roberto Santos. Para ele, deveriam ser
colocados critérios para uma escolha de tamanha importância. "Algumas
regras deveram ser impostas para a escolha de um administrador. E depois disso,
os moradores das cidades é quem deveriam eleger um nome, de preferencia que
conheça a cidade", pediu.
O líder comunitário do P Sul, Erinaldo Tavares, acha que o GDF
erra ao não deixar a sociedade participar da escolha dos administradores.
"Seria ótimo, pois haveria uma maior interação com a
comunidade. Mas na minha opinião, isso é um erro de gestão e planejamento do
governo", explica.
Análise: Para o cientista político,
Tiago Monteiro, as Administrações Regionais são uma das principais moedas de
troca entre o governo e os partidos.
“Em um primeiro momento, o Buriti conseguiu a “governabilidade” ao
dividir as administrações entre os partidos da base aliada”, explicou.
Para o especialista, apesar da baixa popularidade, o governador
Agnelo Queiroz tem conseguido manter uma estabilidade de governo.
“Não podemos misturar governança com governabilidade. E
inegavelmente, o Agnelo conseguiu manter quase todos os partidos que o
conduziram ao GDF ao seu lado”, finalizou o cientista, que lembrou que poucos
partidos abandonaram o “Novo Caminho”.
MPDFT: Por meio de duas medidas
judiciais, no início do mês, o Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MPDFT) acusou o GDF de omissão (leia aqui).
O órgão cobra a participação popular na escolha dos administradores regionais e
a instalação dos Conselhos de Representantes Comunitários das regiões
administrativas. As duas medidas estão previstas na Lei Orgânica há 20 anos e
por omissão de governantes e deputados distritais ao longo deste período não
saíram do papel.
Por Ricardo Faria
Fonte: Guardian Noticias