sábado, 20 de julho de 2013

GDF mudou 50% dos administradores regionais

GDF conta com apenas 50% dos administradores regionais que foram nomeados no início da gestão petista. MPDFT acusou governo de omissão, por não deixar população escolher administradores. (Foto: Divulgação)
Quando foi eleito em 2010, o governador Agnelo Queiroz começou a montar a sua equipe de governo. Porém, um levantamento feito pelo Guardian Notícias, com o auxilio da Casa Civil do Distrito Federal, mostra que, dos 30 administradores nomeados no início da gestão petista, apenas 15 seguem no comando das RA’s em 2013, ou seja, 50% do primeiro time escalado. Um dos principais fatores dessas mudanças, seria a busca da “governabilidade” por parte do GDF.

De acordo com os dados cedidos pela assessoria de comunicação da Casa Civil, dentre todas as administrações que mais trocaram de comando, a do Vicente Pires é disparada a que mais mudou de mãos. Somente em 2013, a cidade já teve três diferentes administradores. Desde a saída de Maria Celeste Rego Liporoni, que esteve à
frente da RA desde 2011, já comandaram a cidade, Ebenezer da Costa Aquino (interino), Dirsomar Ferreira Chaves e Glênio José da Silva, que permanece no cargo momentaneamente.

Já o Gama, iniciou a gestão petista sob o comando de Adauto de Almeida Rodrigues, após isso, assumiu Fernanda da Penha Corte Almeida em 2012, que deu lugar a Márcio Palhares de Oliveira.

Outra cidade que mudou de mãos com frequência, foi o Lago Sul. Desde quando o governador Agnelo Queiroz assumiu, já passaram pela administração três indicados. O primeiro a comandar a RA foi Abdon Henrique de Araújo, em 2011. Após sua saída, a administração do Lago ficou sob a responsabilidade de Haroldo Teixeira, até que Wander de Azevedo assumiu o posto em março de 2012. O Varjão também é outra região que sofreu com as mudanças. Ao todo foram três. Atualmente a cidade é comandada por José Ricardo do Nascimento.

Discrepância: No levantamento, é possível notar a diferença entre algumas administrações muito cobiçadas pelos políticos. A administração do SIA, por exemplo, já mudou de “dono” três vezes desde o início do “Novo Caminho”. Por ser o maior polo econômico do Distrito Federal, a RA é muito disputada. Somente por lá, já passaram três diferentes nomes; Edson Pereira Júnior em 2011, Adauto de Almeida Rodrigues em 2012 e atualmente José Tenório da Silva Neto é quem responde pela cidade.

Já o principal e maior colégio eleitoral do Distrito Federal, a Ceilândia, segue sendo comandado por Aridelson Sebastião de Almeida, indicado pelo governador Agnelo Queiroz, desde o início da gestão petista. Outra cidade que nunca sofreu com poucas alterações em sua administração é Taguatinga. Grande reduto eleitoral, a região é comandada por Carlos Antônio Jales, indicado pelo deputado distrital Washington Mesquita (PSD), que tem ligação com o Padre Moacir e a igreja católica. Antes era Antonio Sabino.

Por outro lado, as cidades que tiveram menos alterações em suas administrações foram; Sobradinho, Sobradinho I, Brazlândia, Paranoá, Núcleo Bandeirante, Cruzeiro, Santa Maria, Recanto das Emas, Riacho Fundo I, Lago Norte, Águas Claras, São Sebastião e Itapoã com uma mudança cada.

Invictas: Outras cidades também não tiveram alterações no comando das suas administrações desde o início do mandato de Agnelo Queiroz. As RA’s de Brasília, Ceilândia, Guará, Samambaia, Candangolândia, Riacho Fundo II, Sudoeste/Octogonal, Park Way, SCIA, Sobradinho II e Jardim Botânico e a recém-criada Administração da Fercal nunca mudaram seus administradores.

Participação Popular: O motorista Ricardo Almeida, morador de Sobradinho, diz que seria muito importante a participação popular na escolha dos administradores.

"Seria bom, pois a maioria dos administradores que assumem, não sabem dos problemas da cidades. Para mim, deveria ser um morador da região", argumentou.

Outro que concorda com a participação da sociedade na escolha dos administradores regionais é o músico Roberto Santos. Para ele, deveriam ser colocados critérios para uma escolha de tamanha importância. "Algumas regras deveram ser impostas para a escolha de um administrador. E depois disso, os moradores das cidades é quem deveriam eleger um nome, de preferencia que conheça a cidade", pediu.

O líder comunitário do P Sul, Erinaldo Tavares, acha que o GDF erra ao não deixar a sociedade participar da escolha dos administradores.

"Seria ótimo, pois haveria uma maior interação com a comunidade. Mas na minha opinião, isso é um erro de gestão e planejamento do governo", explica.

Análise: Para o cientista político, Tiago Monteiro, as Administrações Regionais são uma das principais moedas de troca entre o governo e os partidos.

“Em um primeiro momento, o Buriti conseguiu a “governabilidade” ao dividir as administrações entre os partidos da base aliada”, explicou.

Para o especialista, apesar da baixa popularidade, o governador Agnelo Queiroz tem conseguido manter uma estabilidade de governo.

“Não podemos misturar governança com governabilidade. E inegavelmente, o Agnelo conseguiu manter quase todos os partidos que o conduziram ao GDF ao seu lado”, finalizou o cientista, que lembrou que poucos partidos abandonaram o “Novo Caminho”.

MPDFT: Por meio de duas medidas judiciais, no início do mês, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) acusou o GDF de omissão (leia aqui). O órgão cobra a participação popular na escolha dos administradores regionais e a instalação dos Conselhos de Representantes Comunitários das regiões administrativas. As duas medidas estão previstas na Lei Orgânica há 20 anos e por omissão de governantes e deputados distritais ao longo deste período não saíram do papel.

Por Ricardo Faria

Fonte: Guardian Noticias