quinta-feira, 4 de julho de 2013

Descaso: Sem autorização, Instituto Brasília Ambiental devasta Parque Olhos D’Água




Instituto faz obras sem permissão e destrói parque, gerando revolta de comunidade e de ambientalistas. Diante das manifestações contrárias, trabalhos são suspensos


Ambientalistas que lutam pela preservação do Parque Ecológico Olhos D’Água (Asa Norte), membros do World Wide Fund Brazil (WWF Brasil) e do gabinete do deputado distrital Joe Valle (PSB) foram ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na última terça-feira, 2, para apresentar à 1º Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente uma representação contra o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), por conta das irregularidades das obras pluviais, que estavam sendo feitas em desacordo com o que indica o artigo 7º do Decreto nº 33.588/12 e foram suspensas por ordem da Polícia Militar Ambiental.

O ambientalista Ricardo Montalval, explicou que a placa que informa sobre as obras se refere apenas ao cercamento da área e que há um estudo
prévio feito pela Companhia Urbanizadora de Brasília (Novacap). ”Depois que as obras começaram que os problemas vieram juntos. É preciso manter a natureza, o espaço em si que recebe os moradores do bairro precisa ser valorizado”, ressalta.

O grupo foi recebido pelo procurador Roberto Carlos Batista, que garantiu que o MP está tomando as iniciativas cabíveis contra as obras, que está colocando em risco as nascentes, a mata ciliar e a calha hídrica. O desvio deveria ser para fora do Olhos D’Água, porém a manilha está sendo colocada para fazer o contrário e desviar a água para dentro do parque, num local onde há uma nascente o que, segundo os ambientalistas, pode criar um fluxo extremamente forte e veloz que causará a erosão das margens dos córregos dentro do parque e o assoreamento do Lago Paranoá.

“Já foi feito um mobilização para tentar acabar com esses problemas. Com essas obras, o local será devastador. Além de danificar o parque, o córrego também será afetado de uma maneira muito ruim”, conclui o especialista.

Para piorar a situação, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) se reuniu nesta última segunda-feira, 1, e em nota comunicou que as obras estavam sendo executadas pelo próprio órgão e que foram feitos estudos prévios para que não haja tanto impacto.

Obras suspensas - Procurado pelo Guardian Notícias, o órgão se manifestou e explicou que a complementação das obras de drenagem das águas das chuvas da região Asa Norte, no Parque Olhos D’Água, estão suspensas. De acordo com o instituto, a equipe técnica fará uma reavaliação das intervenções na unidade. Elas estão sendo realizadas com o menor impacto ambiental possível.

História - Assinado pelo governador Agnelo Queiroz em 22 de março do ano passado, o decreto nº 33.588/12 anexou a área entre as quadras 212 e 213 norte até o parque. Com a ampliação, passou a ter 30% em sua área, de 21 para cerca de 30 hectares.

A ampliação da unidade, realizadas por meio de compensação ambiental, foram iniciadas no dia último dia 6 de maio, tendo como principais objetivos a preservação das nascentes olhos d´água, córrego e a lago existente, da mata de galeria e da fauna; proporcionar o desenvolvimento de programas de educação ambiental e assim como lazer cultural à população.

O parque - Criado em 1993, o Parque Ecológico e de Uso Múltiplo Olhos D´água, localizado na Asa Norte, é muito utilizado pela comunidade para a prática de atividades físicas, lazer e contato harmônico com a natureza. A unidade tem como características principais a presença de um córrego talvegue (que atravessa de oeste a leste), e a existência de uma lagoa, abastecida por um olho d´água que deu origem ao nome.  Fazem parte da infraestrutura do parque, barras paralelas, centros de alongamento, parques infantis, quiosques, pista de cooper pavimentada, circuitos inteligentes, pontes, iluminação, placas informativas, posto policial, vigilantes, trilhas pavimentadas e não pavimentadas, bancos, banheiros, bebedouros, bicicletários, lixeiras, telefones públicos e duchas.
 
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Por Nayara Ribeiro
Fonte: Guardian Noticias