segunda-feira, 24 de junho de 2013

Protestos continuam após discurso e Dilma tentará pacto nacional



A semana será decisiva para a presidente Dilma Rousseff, que tenta a partir de hoje um pacto nacional com governadores e prefeitos de capitais para encerrar os protestos que continuam por todo o país, mesmo após seu discurso em cadeira nacional de rádio e televisão na noite de sexta-feira. A reunião desta tarde no Planalto, para a qual estão convidados todos os governadores e a maior parte dos ministros tratará inicialmente de transportes coletivos e mobilidade urbana nas grandes cidades, mas deve avançar para a qualidade dos serviços públicos em geral.

Apesar de a presidente ter apresentado explicações e feito promessas no pronunciamento de 10 minutos, que teve audiência recorde de 44 pontos, não foram sentidos efeitos claros de seu discurso. Um dos esclarecimentos apresentados por Dilma disse respeito à forma de financiamento das obras da Copa. Ela fez questão de destacar que
agentes públicos e privados que exploram os estádios e jogos deverão restituir os financiamentos aos cofres públicos federais. Ressaltou que não foram empregados recursos do orçamento para estas atividades e que as verbas de saúde e educação permanecem preservadas. Os protestos, no entanto, insistem em questionar a destinação excessiva de recursos para a preparação para o Jogos. ...

Dilma busca ações de impacto imediato para dar resposta à crise, no entanto, o cenário econômico não permite gastos, nem deixa margem para nova flexibilização na cobrança de impostos federais. A situação não é muito diferente para o governadores que comparecem à reunião, a maioria com dificuldades de caixa.

Um dos riscos da estratégia de discursar à Nação era justamente não obter resposta satisfatória das ruas, ou ainda, agravarem-se os protestos. Estariam em cheque a autoridade e a credibilidade presidenciais. Pior ainda será encerrar a reunião desta segunda-feira sem um pacote ou plano de ação consistente, e com declarações pouco convincentes ou medidas vagas e de longo prazo - como a própria presidente sinalizou em seu pronunciamento, ao falar em recursos do pré-sal para a educação e em importar médicos para o SUS. A massa que está nas ruas quer mais e quer já.


Fonte: Blog da Christina Lemos - 24/06/2013