A semana será decisiva
para a presidente Dilma Rousseff, que tenta a partir de hoje um pacto nacional
com governadores e prefeitos de capitais para encerrar os protestos que
continuam por todo o país, mesmo após seu discurso em cadeira nacional de rádio
e televisão na noite de sexta-feira. A reunião desta tarde no Planalto, para a
qual estão convidados todos os governadores e a maior parte dos ministros
tratará inicialmente de transportes coletivos e mobilidade urbana nas grandes
cidades, mas deve avançar para a qualidade dos serviços públicos em geral.
Apesar de a presidente ter
apresentado explicações e feito promessas no pronunciamento de 10 minutos, que
teve audiência recorde de 44 pontos, não foram sentidos efeitos claros de seu
discurso. Um dos esclarecimentos apresentados por Dilma disse respeito à forma
de financiamento das obras da Copa. Ela fez questão de destacar que
agentes
públicos e privados que exploram os estádios e jogos deverão restituir os
financiamentos aos cofres públicos federais. Ressaltou que não foram empregados
recursos do orçamento para estas atividades e que as verbas de saúde e educação
permanecem preservadas. Os protestos, no entanto, insistem em questionar a
destinação excessiva de recursos para a preparação para o Jogos. ...
Dilma busca ações de
impacto imediato para dar resposta à crise, no entanto, o cenário econômico não
permite gastos, nem deixa margem para nova flexibilização na cobrança de
impostos federais. A situação não é muito diferente para o governadores que
comparecem à reunião, a maioria com dificuldades de caixa.
Um dos riscos da
estratégia de discursar à Nação era justamente não obter resposta satisfatória
das ruas, ou ainda, agravarem-se os protestos. Estariam em cheque a autoridade
e a credibilidade presidenciais. Pior ainda será encerrar a reunião desta
segunda-feira sem um pacote ou plano de ação consistente, e com declarações
pouco convincentes ou medidas vagas e de longo prazo - como a própria
presidente sinalizou em seu pronunciamento, ao falar em recursos do pré-sal
para a educação e em importar médicos para o SUS. A massa que está nas ruas
quer mais e quer já.
Fonte:
Blog da Christina Lemos - 24/06/2013