quinta-feira, 6 de junho de 2013

O futuro do PSDB no Entorno do DF passa por Valparaíso

Prefeita de Valparaíso, Lucimar Nascimento, e a ex-prefeita Lêda Borges: duelo entre as duas define o futuro do PSDB na região. (Foto: Divulgação)
Perder uma disputa eleitoral não significa perder liderança. É com este conceito que a ex-prefeita de Valpa­raí­so Lêda Borges (PSDB) e seu grupo trabalham para reconquistar o terreno político perdido para o PT da também professora e atual prefeita Lucimar Nascimento. Turbinada pelo governador Mar­co­ni Perillo , que a nomeou presidente da Agência Goiana de De­sen­vol­vimento Regio­nal (AGDR), Lêda tem se dedicado com afinco na ta­refa de colocar os programas da agên­cia em execução, mas também dar visibilidade ao seu projeto de se eleger deputada estadual. Por en­quanto, ela não diz isso publicamente, mas nos bastidores é grande a pres­são para que assuma este desafio.

O PSDB na Região Metro­po­litana do Distrito Federal (RemDF) sofreu um grande abalo ao perder municípios importantes como Valparaíso, Novo Gama, Luziânia e Alexânia. Juntos, eles somam quase 250 mil eleitores, capital político importante para qualquer partido, principalmente quando o adversário elege a região como
simbolismo de mudanças. Este é o caso do PT que, animado pela conquista de Valpa­raí­so, montou sua estratégia tendo o município como referência de mu­danças no cenário político da região.

A prefeita Lucimar tem como incumbência, além de realizar uma boa gestão, ser a ponta de lança do partido na sustentação do discurso de mudanças. O PT do DF via governador Agnelo Queiroz tem dado uma boa contribuição nesse projeto, principalmente em saúde e educação, as duas áreas em que Lucimar tem se saído melhor. Ela tem consciência dessa responsabilidade e trabalha focada na gestão e na política. Esse simbolismo fica claro ao perceber a romaria de lideranças do partido na cidade. É raro não ter na semana alguém da estrela vermelha perambulando no gabinete da prefeita. Este apoio explícito tem nome: governo de Goiás em 2014.

O PT sabe que Marconi é muito forte na região embora tenha perdido prefeituras importantes, mas os partidos da base marconista como o PSD e PTB detêm o controle dos principais municípios, como Águas Lindas, Luziânia, Cidade Ocidental, Formosa e Cristalina. Estas cidades, além da importância econômica, reúnem um contingente eleitoral considerável. É com esta força que o PSDB conta, mesmo tendo divergências políticas locais por conta da recente disputa eleitoral, a base tende a manter união com Marconi Perillo. Exemplo é o caso de Luziânia, onde a principal liderança do PSDB, Célio Silveira, foi derrotado por Cristóvão Tormin (PTB), disputa que deixou fissuras na base, já que o vice-prefeito, Didi Viana, é do PT. Esta aliança de Tormin com o principal adversário dos tucanos pode ser um complicador para que o prefeito consiga manter a união em sua base e, com isso, prejudique Marconi no município. É do conhecimento de todos que o PT de Luziânia pretende lançar a vereadora Cassiana Tormin a deputada estadual, e em Valparaíso, Ar­qui­cel­so Bites ou o vereador Antônio Bites. No caso de Cassiana, além do sobrenome Tormin — ela é prima do prefeito —, o marido Didi Viana é uma das grandes lideranças do PT na região e vai “brigar” para eleger a mulher. Este mix de aliados com interesses conflitantes, sem dúvida, é o maior desafio da base marconista. Outro fator importante no caso de Luziânia é a força do ex-deputado federal e atual diretor da Conab, Marcelo Melo (PMDB). Ele é pré-candidato à Câmara Federal e vai dar muito trabalho para Célio Silveira (PSDB).

Todo este esforço do PT é para tentar minimizar a força de Marconi na região, por isso Valparaíso passa a ter um simbolismo político importante na luta do PT-PMDB para, caso a aliança entre os dois perdure ou se concretize, formatar o discurso de mudanças. Lucimar sabe que sua responsabilidade vai muito além de uma boa gestão. A habilidade política em convencer seus aliados a neu­tralizar a força de Lêda é tão im­portante quanto uma boa administração. 

A ex-prefeita tucana não está mor­ta nem parada. Co­mo um animal ferido, ela tem evitado barulho, mas nos bastidores a pressão é grande para que ela aceite o de­sa­fio de disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Goiás. Lê­da é amiga e ajudou a eleger a deputada estadual Sônia Chaves, por isso tem evitado comentar sobre candidatura. De acordo com informações obtidas pelo Jornal Opção, provavelmente as duas serão candidatas, cada qual buscando se viabilizar ao cargo.

A força política de Lêda Borges, mesmo tendo perdido a Prefeitura de Valparaíso, será testada a partir de agora. Se ela conseguir neste curto espaço de tempo em que vai permanecer à frente da AGDR, viabilizar apoios para sair candidata, o principal embate vai ser com a prefeita Lucimar Nascimento. Elas vão medir forças para definir o futuro de seus partidos na região. Elegendo-se, Lêda torna-se uma adversária dura contra Lucimar em 2016. Se perder, o PSDB vê suas chances de continuar influindo no processo político desaparecer. Por isso Valparaíso tornou-se uma cidade símbolo na corrida eleitoral de 2014.



Fonte: Jornal Opção