O ex-governador do Distrito Federal por quatro vezes,
Joaquim Roriz, está disposto a ser candidato em 2014 e “não há nenhum
impedimento legal, formal para ele ser candidato”. A explicação é do jornalista
e porta-voz de Roriz, Paulo Fona, em entrevista ao Portal Guardian
Notícias. A versão de que o ex-governador está inelegível até 2023 é
equivocada.
Fona explica que Joaquim
Roriz nunca teve qualquer condenação em colegiado. E mais: o processo
dele tendo como base a Lei da Ficha Limpa não teve decisão. E arremata:
“Na verdade deu empate. E empate a gente sabe épró-réu”.
Confira os
principais trechos:
Conhecedor da
política do DF e nacional, como o senhor vê a conjectura política atual, já
visando 2014?
Paulo Fona - A legislação mudou, mas não impede que até mesmo
aqueles que têm mandato parlamentar possam eventualmente trocar de partido {até
setembro}. E lideranças locais e nacionais que não
tem qualquer opção
partidária nesse momento, e os que têm e querem mudar, tem até setembro para
fazer isso. Significa que, a partir de agora, as forças políticas começam a se
movimentar para definir um quadro.
Podemos dizer que já
temos pelos dois pólos de disputa?
PF - Aqui já temos alguns partidos de oposição.
Notadamente o PSDB, o DEM. Tem também o PMN, da deputada (federal) Jaqueline
(Roriz). Tem o PSD que fica a se definir e está entre a cruz e a espada. Não
sabe se é governo ou não. Mas não é uma característica do local, como também do
nacional. Então nós temos que esperar setembro para ter um quadro mais claro e as
forças estarão bem mais definidas.
Por falar
em PSD, qual a avaliação que o senhor faz do posicionamento da legenda no DF?
PF - Está faltando para o Rogério {Rosso} e o partido dele
uma linha, como também em nível nacional. O PSD vai participar do governo Dilma
ou não vai? Já escreveram que sim e depois desmentiram. Agora está na conversa.
Na minha visão o partido tem que ter posição. Ou é contra ou a favor. Ficar no
meio de campo não é legal.
GN – Na última
eleição, o PT fez um leque de partidos de apoio. Já existe movimento de
legendas que faziam parte deste apoio que querem lançar candidato próprio.
Podemos ter um cenário diferente?
PF - Tem um quadro nacional novo. Basicamente por duas
figuras novas: um é o Eduardo Campos no PSB e ao longo dos últimos quatro anos
é o partido que mais vem crescendo. E se vemos a história político-partidário
do País, vemos que tem partido que começa na oposição, chega ao poder e depois
sai e vai definhando. O contrário também acontece. Isso aconteceu com o próprio
PSDB, com o PT e está acontecendo com o PSB. Nas eleições municipais foi o
partido que mais cresceu e está ganhando espaço. Daí o surgimento de Eduardo
Campos.
Há outros
nomes em potencial?
PF - Tem outro fator novo que é o Rede, o partido da
Marina que pode agregar não só os ambientalistas como também as pessoas
insatisfeitas com os partidos. No caso, ela teve uma expressiva votação no DF.
GN – No DF, o governo
é mal avaliado, mas em contrapartida, o governador tem 21 deputados em sua
base. Como o senhor vê ambiente?
PF - O que parece é que a Câmara Legislativa não está
sintonizada com a população. Por que se o governo tem 80% dos deputados ou
mais, nas ruas a população, quase 80% está contra o {governo}. Há uma inversão
de sentimento da população e o sentimento da Câmara Legislativa.
Qual a
origem disso?
PF - Uma coisa evidente foi a cooptação que o governador
Agnelo fez dos partidos e deputados distritais. Ele começou com uma bancada de
onze, doze parlamentares e hoje já tem vinte e um. O partido que tinha o PR na
chapa do governador Roriz-Weslian, com seis meses depois já estava na base do
governo {Agnelo}. É muita incoerência partidária e mostra a força que o governo
tem de cooptar as diferentes correntes. Saiu gente do PRTB, do PSC, foram todos
para a base.
Pode-se dizer
que Roriz ainda é uma figura forte na política do DF?
PF - Sem dúvida. Ele tem uma força política que foi
construída ao longo de 14 anos como governador do Distrito Federal, por mais
que digam que não foi uma gestão boa. Imagine: ele fez o metrô. Foi muito
criticado na época. Imagine o DF hoje sem o metrô? Seria inviável. Ele
construiu 17 viadutos. Melhorou o trânsito na época. Imagine se nção tivesse
esses viadutos? Fez nove cidades. Iomagine onde estariam essas pessoas?
Ele tem seu legado
eleitoral…
PF - É bom lembrar que na última eleição, a dona Weslian
teve quase 35% dos votos, sendo que a candidatura dela foi confirmada na
véspera da eleição. E mesmo assim ela foi para o segundo turno. Isso mostra a
força política do governador.
Então ele vai se
candidatar em 2014?
PF - Ele se dispõe a ser governador. Não há nenhum
impedimento legal, formal para ele ser candidato. Por que? Ele nunca teve
condenação, em colegiado nenhum. Fala-se muito que ele fez isso ou aquilo
outro, mas ele não tem nenhuma condenação. Dois: o processo dele sobre a Ficha
Limpa não teve decisão. Na verdade deu empate. E empate a gente sabe é pró-reo.
GN – Qual o provável
cenário de disputa que podemos visualizar para 2014?
PF - Eu vejo basicamente três blocos: o governo – aliança
PT e PMDB -, aí neste caso tem que ver se o PMDB ficará. Tem um novo bloco que
está surgindo, que é o PSB e PDT, leia-se Rodrigo Rollemberg, Cristovam Buarque
e Reguffe. E tem a terceira força que é do governador Roriz e esse núcleo de
oposição – PSDB, DEM e tem as três deputadas que estão no PSD.
Fonte: Estação Noticias