Segundo Aécio, pedido foi feito por Demóstenes Torres. Senador diz que 'desconhecia o parentesco e a origem do pedido'.
Escutas telefônicas da Polícia
Federal indicam que o senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO)
recorreu a seu colega no Senado Aécio Neves (PSDB-MG) para conseguir emprego
para uma prima do contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, de acordo com reportagem publicada nesta terça-feira (24) pelo
jornal "O Estado de S.Paulo".
Por meio de sua assessoria,
Aécio confirmou na segunda (23) que, em 2011, indicou Mônica Beatriz Silva
Vieira para um cargo no governo de Minas atendendo a um pedido de Demóstenes,
então líder do DEM no Senado e "sobre o qual, à época, não recaía qualquer
tipo de questionamento".
Aécio afirmou que
"desconhecia o parentesco e a origem do pedido". Segundo sua
assessoria, a solicitação foi encaminhada para avaliação da Secretaria de
Governo de Minas Gerais, a quem cabia a análise.
O governo mineiro informou que
a prima de Carlinhos Cachoeira foi nomeada para um cargo DAD 4, com salário de
R$ 2.310,00. Em um diálogo interceptado pela PF em 26 de maio do ano passado -
um dia após a publicação da nomeação no "Diário Oficial do Estado" -
Cachoeira pergunta a Mônica se "o salário lá é bom". Ela diz não
saber. "Eu tentei pesquisar, mas não sai. Esses cargos comissionados não
sai o salário". Cachoeira responde: "Aqui (em Goiás) no mínimo um
cargo desses aí é uns 10 mil reais". A prima conta que trabalhava na
diretoria de qualificação profissional da Prefeitura de Uberaba. "Até
briguei, falei 'se for menos eu tô perdida'".
Ao jornal "O Estado de S.
Paulo", Mônica alegou que foi indicada para o cargo por sua
"competência". "Pode ter certeza disso. Eu sou funcionária de
carreira há 25 anos, coordenei vários órgãos e o meu convite veio por
competência", disse a diretora.
Para o governo mineiro, o
currículo da servidora preenchia a qualificação para o cargo e ela possui
experiência profissional como coordenadora dos programas federais.
O secretário Danilo de Castro
disse que a nomeação de Mônica foi em "comum acordo" com o deputado
federal Marcos Montes (PSD-MG, ex-DEM). "Agora, pedido eu não lembro de
quem. Todas as nomeações do interior partem daqui, da Secretaria de Governo.
Esses cargos regionais têm indicações políticas. " Montes foi procurado
nesta segunda no seu escritório em Uberaba, mas não respondeu às ligações. O
advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, também não respondeu.
Fonte:
G1