O Espetáculo da Investigação Seletiva
A tentativa da oposição na Câmara Legislativa do DF (CLDF) de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a fracassada compra do BRB pelo Banco Central reacende um debate crucial: onde termina a legítima fiscalização e começa o puro palanque político?
O fato central é que a operação não se concretizou porque o Banco Central negou a autorização, encerrando tecnicamente o assunto. Apesar disso, figuras como Chico Vigilante (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) insistem na narrativa de um "grande esquema" a ser desvendado, sem, no entanto, apresentarem novas evidências que justifiquem a abertura de uma CPI.
A prisão do banqueiro Daniel Vorcaro, do Master, serviu de
combustível para reacender a retórica oposicionista. A partir daí, construiuse
um discurso que tenta, sem base em documentos ou decisões formais, atribuir
responsabilidade ao governo Ibaneis por um episódio no qual não teve
protagonismo. A impressão que fica é a de uma disputa política travestida de
zelo institucional.
A Reabilitação
Conveniente de "Paladinos"
O movimento ganhou um contorno peculiar com a tentativa de
reabilitar figuras com passado marcado por escândalos, como Agnelo Queiroz e
José Roberto Arruda, agora apresentados como bastiões da ética. Esta
reavaliação seletiva, que ignora os históricos de ambos, beira a ironia
política e levanta questões sobre a genuína motivação por trás do discurso
moralizador.
Enquanto isso, o governador Ibaneis Rocha e a vice governadora
Celina Leão são alvos sistemáticos de ataques, numa estratégia transparente de
criar um ambiente de suspeição e desgaste, ainda que descolada de fatos
concretos.
Rollemberg: O Fiscal
e Seu Próprio Passado
A participação de Rodrigo Rollemberg como articulador desta
CPI cria um paradoxo inescapável. Durante sua própria gestão no governo do DF, o
BRB foi alvo de operações da Polícia Federal. Na época, a retórica em favor da
transparência foi notavelmente mais tímida. A CPI que se tenta instaurar agora
ignora convenientemente esses episódios.
Isso provoca uma reflexão inevitável: Rollemberg estaria
disposto a ser convocado como testemunha, caso a investigação fosse
verdadeiramente integral e imparcial?
O Teste da Isenção:
Até Onde Iriam os Investigadores?
Reportagens da imprensa, como as da Folha de S.Paulo, indicam que as relações do Banco Master se estendem para além de Brasília, envolvendo nomes de expressão nacional, inclusive ligados ao governo federal. Esta abrangência coloca a pergunta central no colo dos proponentes da CPI:



