Por: Regis Machado*
Uma vez mais, a vida imita
a arte. Lembrando famoso programa dominical de auditório, a política brasileira
se reduziu a um descarado “Topa Tudo por Dinheiro”. Em troca de apoio político para
barrar a denúncia contra o presidente Michel Temer, o governo organizou um verdadeiro
balcão de negócios, no qual foram negociadas verbas, cargos e emendas
parlamentares, em plena luz do dia, à vista de todos, sem nenhuma cerimônia e,
menos ainda, rubor nas faces. A compra de votos se estendeu até o plenário,
minutos antes da votação, pouco importando se havia jornalistas presentes [1].
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Contrariando 81% da
população (e 89% dos jovens) [2], os nobres deputados rejeitaram o
prosseguimento da denúncia por corrupção passiva oferecida pelo Procurador-Geral
da República, Rodrigo Janot. Sem entrar aqui no mérito em si da denúncia, o
fato é que os parlamentares brasileiros há muito deixaram de representar o
povo. Representam, hoje, apenas os interesses de quem pagar mais, sejam as
empresas, financiadoras das campanhas políticas por meios ilícitos, seja o
governo de ocasião, comprando com migalhas o futuro de uma nação inteira, que
permanece à míngua, sem educação, saúde e segurança públicas com o mínimo de
qualidade, apesar da maior carga tributária da América Latina e uma das maiores
do mundo.
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Mas o pior de tudo é que
você, cidadão, por mais que não concorde com esse e com outros muitos descalabros,
a exemplo da desfiguração das 10 medidas contra a corrupção, é quem, no fundo,
acaba pagando por todos eles. Pois o dinheiro entregue pelas empresas via caixa
2 é, em essência, dinheiro público, desviado nos mandatos anteriores e atual, e
que seguirá sendo desviado nos futuros mandatos. Igualmente público é o
dinheiro das verbas, emendas e cargos utilizados para comprar votos e apoio
político no Congresso.
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O custo de toda essa última
farra com o dinheiro público, de mais de 17 bilhões (com B mesmo!) de reais
[3], você está pagando neste exato momento, por meio do aumento do PIS/Cofins
sobre os combustíveis. Enquanto