O senador Aécio Neves (PSDB)
se irritou ao ser questionado nesta sexta-feira sobre a nomeação
de uma parente de Carlinhos Cachoeira no governo de Minas Gerais.
Indagado por um repórter se ele acreditava que poderia ser investigado pela CPI
que apura a relação entre o contraventor e políticos, o ex-governador partiu
para o ataque: "Não seja ridículo. Isso é tão ridículo quanto à sua
pergunta."
Aécio participou nesta
sexta-feira de um encontro de líderes sindicais que reuniu a cúpula tucana.
Escutas telefônicas da Polícia Federal revelam que Demóstenes Torres (sem
partido-GO) intercedeu diretamente a Aécio e arrumou um emprego comissionado no
governo mineiro para uma prima de Cachoeira. Mônica Silva Vieira assumiu em 25
de maio de 2011 o cargo de diretora regional da Secretaria de Estado de
Assistência Social em Uberaba.
Carlinhos
Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo da PF em
fevereiro, é acusado de comandar um esquema de exploração de máquinas de
caça-níqueis. Demóstenes Torres, que deixou o partido para evitar ser expulso,
é alvo agora de um processo no Conselho de Ética que decidirá se cassará ou não
o seu mandato. Aécio não caiu no grampo, mas ele é mencionado por Demóstenes e
Cachoeira. As denúncias envolvendo políticos ao nome de Cachoeira avolumaram-se
nas últimas semanas. Um outro nome tucano citado em gravações da PF é o de
Marconi Perillo. O governador de Goiás tinha confirmado sua presença no evento
desta sexta-feira, mas cancelou. Procurada pelo iG,
sua assessoria não foi encontrada para explicar o motivo de sua ausência.
Perillo viu sua situação se agravar quando foram
reveladas gravações em que seu nome é diretamente citado em conversas entre
integrantes do grupo de Cachoeira sobre pagamentos. Na quinta-feira, o governador se colocou à disposição
da Procuradoria-Geral da República para a abertura de uma investigação
contra ele mesmo.
O presidente nacional do
PSDB, Sérgio Guerra, foi à defesa de Perillo e disse que "essa semana, foi
uma metralhadora giratória contra o partido (o PSDB)". Guerra tem dito com
frequência que os vazamentos da Operação Monte Carlo têm sido seletivos contra
a oposição. "O que eles querem é tumultuar o mensalão", completou.
Outro
governador que teve seu nome citado nos grampos da PF é o petista Agnelo
Queiroz, do Distrito Federal. A Delta Construções, empreiteira que está no
centro das investigações relacionadas a Cachoeira, teria abastecido a campanha
do atual governador, além de ter atuado no governo,indicando
nomes para cargos.
Delta em São Paulo
A coluna Poder Online informou nesta sexta-feira que Heraldo Puccini Neto, diretor da Delta
considerado foragido da Justiça, é responsável pelo Consórcio Nova Tietê,
contratado pelo Dersa para a realização das obras da Nova Marginal durante a
gestão de Serra em São Paulo.
Segundo representação do PT
contra Serra, o lote 2, justamente a parte da obra em que a Delta participa,
teve um contrato assinado no valor de R$ 287.224,552,79 com aditamento
posterior de outros R$ 71.622.948,47.
Sobre o caso, Serra afirmou
que acha positivo que a CPI faça seu trabalho de apuração, onde quer que
existam suspeitas. "A gente não sabe para onde vai a CPI. Tudo que for
investigado é bom. Inclusive em São Paulo", disse.
O presidente da Assembleia
Legislativa de São Paulo (Alesp), Barros Munhoz, disse acreditar que,
naturalmente, a CPI vai ser encaminhada para uma investigação em São Paulo e
não descarta uma comissão de inquérito na Alesp. Porém, ele ressaltou que já
existe um número máximo de CPIs instaladas, o que torna as chances de isso
acontecer praticamente nula. "Vamos ver como vai evoluir a CPI nacional.
Eles têm competência para investigar, inclusive São Paulo."