terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Editorial: A escalada de baderna que desmoraliza o Parlamento


Por Gleisson Coutinho

O episódio envolvendo o deputado Glauber Braga não é um fato isolado nem um gesto espontâneo de indignação política. É apenas mais um capítulo de uma trajetória marcada por tumultos, confrontos e desprezo pelas normas que regem a vida parlamentar. Desde o início do mandato de 2023, o deputado tem se empenhado não em construir soluções, mas em fabricar crises, interromper sessões, ocupar espaços que não lhe competem e transformar o plenário da Câmara em palco de espetáculos grotescos que envergonham o Legislativo.

A ocupação da presidência da Câmara e a tentativa de impor sua presença à força não podem ser tratadas como ato político legítimo. Trata-se de baderna institucionalizada. Não é coragem, não é resistência, não é defesa da democracia. É simplesmente a confirmação de que o deputado age movido pela sede de conflitar, tumultuar e provocar caos onde deveria haver debate sério. Suas atitudes não engrandecem o mandato que ocupa e tampouco representam qualquer avanço para aqueles que, por infelicidade, o elegeram acreditando que teriam voz ativa no Parlamento.

O comportamento reiterado do deputado demonstra que ele não compreendeu que o mandato parlamentar exige responsabilidade, maturidade e respeito às regras democráticas. Em vez disso, optou por atitudes escrotas e completamente incompatíveis com o ambiente institucional. Um representante eleito que prefere rasgar o regimento a apresentar propostas, que prefere gritar a dialogar e que vive de criar confusão não está apto a exercer a função pública que lhe foi confiada. Ao contrário do que alega, não é alvo de perseguição. É protagonista voluntário de sucessivos atos de desordem.

Diante desse histórico, não existe argumento que justifique a permanência de alguém assim em um cargo de tamanha importância. O Parlamento brasileiro precisa de representantes que trabalhem, que proponham, que debatam e que contribuam para o avanço do país. O deputado em questão faz o oposto. Enfraquece o processo legislativo, desrespeita os colegas, afronta as instituições e transforma o Congresso em cenário de seus arroubos pessoais. Quem age desse modo não merece, e nem deveria conservar, o mandato que possui.


O Brasil precisa de firmeza para enfrentar seus verdadeiros desafios. Não precisa de baderneiros travestidos de parlamentares que se dedicam a criar tumulto e alimentar narrativas vazias. A Câmara dos Deputados deve retomar o protagonismo responsável e não pode mais tolerar esse tipo de conduta que mancha a imagem da instituição. A cassação do mandato não seria ato de perseguição. Seria medida de higiene institucional.