terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Bolsonaro doente, pedidos médicos negados e o risco de um novo caso como o de Clezão


Por Gleisson Coutinho

Jair Bolsonaro encontra-se doente enquanto permanece nas dependências da Polícia Federal, segundo informações divulgadas por sua defesa. De acordo com os advogados, o ex-presidente apresenta quadro clínico que exige acompanhamento médico especializado, incompatível com a permanência em ambiente policial, razão pela qual foram apresentados sucessivos pedidos ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos que tramitam no Supremo Tribunal Federal, para autorização de remoção hospitalar e realização de tratamento adequado.

A defesa sustenta que os requerimentos foram devidamente fundamentados em laudos e relatos médicos, alertando para riscos concretos à saúde de Bolsonaro caso não haja intervenção hospitalar imediata. Ainda assim, até o momento, os pedidos não teriam sido acolhidos, o que tem gerado forte reação de aliados, juristas e setores da opinião pública que veem na situação uma afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana e ao direito fundamental à saúde, garantido pela Constituição Federal a qualquer cidadão, independentemente de posição política ou acusação que pese contra si.

O que transparece, para críticos da condução do caso, é uma postura de endurecimento extremo por parte do relator, interpretada como indiferença diante do agravamento do estado de saúde do ex-presidente. Essa percepção é reforçada pela memória recente de episódios trágicos ocorridos no sistema prisional do Distrito Federal, como o caso de Clezão, que morreu no Complexo Penitenciário da Papuda após sucessivas negativas de atendimento médico adequado, fato que gerou ampla comoção e questionamentos sobre a responsabilidade do Estado.

Embora os contextos jurídicos sejam distintos, a comparação tem sido feita como alerta. Para esses críticos, a insistência em manter Bolsonaro em condições consideradas inadequadas, mesmo diante de reiterados pedidos da defesa, cria um cenário perigoso, no qual a autoridade judicial aparenta aguardar que o pior aconteça antes de agir. Essa leitura, ainda que contestada por apoiadores das decisões do STF, ganha força à medida que o quadro clínico do ex-presidente é exposto publicamente.

O debate ultrapassa a figura de Jair Bolsonaro e assume contornos institucionais. Trata-se de discutir até que ponto o rigor judicial pode se sobrepor a garantias básicas, e se o Estado brasileiro, por meio de suas autoridades, está disposto a repetir erros recentes que custaram vidas sob sua custódia. Para muitos, a negativa de tratamento hospitalar adequado não é demonstração de força do sistema de Justiça, mas sim um risco desnecessário que pode resultar em consequências irreversíveis.

Diante desse cenário, cresce a pressão para que o Supremo Tribunal Federal reavalie a situação com responsabilidade e humanidade. A garantia de atendimento médico não significa impunidade, privilégio ou absolvição, mas o cumprimento mínimo do dever estatal de preservar a vida. Ignorar esse aspecto, segundo críticos, pode transformar uma decisão judicial em um marco negativo na história recente do país.

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